Os elevados preços dos combustíveis fósseis têm estimulado a procura de alternativas, designadamente no domínio dos combustíveis para os transportes. Uma alternativa que está cada vez mais em voga é o uso de combustíveis biológicos (biofueis).
No entanto, a viabilidade destes combustíveis é contingente da ponderação de quatro aspectos:
1. Os ganhos energéticos líquidos (energia produzida por comparação com a energia consumida na produção) devem ser importantes.
2. Os impactes ambientais devem ser reduzidos, designadamente no que diz respeito as emissões de CO2.
3. O custo de produção da energia deve ser competitivo face aos valores de mercado.
4. A utilização do solo agrícola deve ser parcimonioso em relação às necessidades de utilização de solo para produção de alimentos.
O Brasil há muito que utiliza o etanol como alternativa aos combustíveis fósseis. No entanto, existe uma tendência generalizada para a utilização de biodiesel, produzido com grãos de soja.
Qual destas opções é preferível?
Um grupo de investigadores da Universidade de Minnesota resolveu abordar esta questão, num estudo publicado em julho deste ano na revista PNAS. As conclusões sugerem que:
1. O etanol produz um excedente de 25% de energia em relação à energia investida na sua produção. Este valor é de 93% para o biodiesel.
2. A produção de biodiesel requer, respectivamente, 1.0%, 8.3%, e 13% do azoto, fósforo, e pesticidas utilizados para a produção de etanol. O biodiesel reduz em 41% as emissões de gases de estufa associadas aos combustíveis fósseis enquanto que o etanol reduz as emissões em apenas 12%.
Estes dados fornecem duas indicações importantes. Primeiro que a produção de combustíveis biológicos pode dar ganhos energéticos líquidos. Segundo que a produção de biodiesel se pode configurar interessante por comparação com o etanol.
De acordo com os autores deste estudo as vantagens ambientais do biodiesel estão associados ao facto de (i) a produção de soja ser menos exigente do ponto de vista energético do que a produção de milho; e (ii) a produção de energia proveniente da soja ser mais eficiente que a produção de energia com base no etanol. Obviamente que as conclusões em (i) poderão não ser generalizáveis pois a produtividade agrícola depende de condições de solo e clima que variam geograficamente (o estudo utilizou dados de produção agrícola nos EUA).
No entanto os investigadores reconhecem que um dos problemas dos biofueis é o facto de competirem pela utilização do solo agrícola com a agricultura destinada à produção de alimento. Por exemplo, se os EUA utilizassem toda a sua produção de soja e milho para produzir biofueis resolveriam apenas 12% de exigência de gasolina e 6% de exigência de diesel.
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5 comentários:
pois tudo isso é mto interessante...só que, a não ser que tenha havido uma alteração radical, a meu conhecimento o etanol no Brasil é produzido sobretudo a partir da cana de açucar. Posso (já lá vão 12 anos...) estar enganado...senão há que refazer as contas.
abs
AE
Escrevo mais depressa do que penso, o que não quer dizer que não pense o que escrevo (eh,eh)
Se tivesse ido ao google tinha retirado a interrogação. O etanol é da cana, por ex:
http://www.orplana.com.br/arquivos/artigo_orplana_1.pdf#search=%22etanol%20%2B%20cana%20açucar%22
Teremos outra relação energética?
Pois mas como a cana de acucar nao se da' bem na maior parte dos EUA, nem na maior parte do hemisferio norte, a alternativa e' o grao de milho. Seria interessante ver se as conclusoes deste estudo realizados nos EUA se manteriam qualitativamente semelhantes em zonas de clima tropical ou sub tropical.
Pois mas fala-se é no Brasil na relação do etanol...e qualquer coisa não bate certo....e lendo dois ou três sitios fica-se com a impressão que a cana tem futuro....
AE
Mas se pensarmos no biodiesel através da utlização dos óleos usados, teremos um vencedor?
Penso que é aí que reside a grande mais valia dos biocombustíveis, neste caso o biodiesel.
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