quarta-feira, outubro 11, 2006

Biodiesel e etanol – Qual a melhor opção?

Os elevados preços dos combustíveis fósseis têm estimulado a procura de alternativas, designadamente no domínio dos combustíveis para os transportes. Uma alternativa que está cada vez mais em voga é o uso de combustíveis biológicos (biofueis).

No entanto, a viabilidade destes combustíveis é contingente da ponderação de quatro aspectos:

1. Os ganhos energéticos líquidos (energia produzida por comparação com a energia consumida na produção) devem ser importantes.

2. Os impactes ambientais devem ser reduzidos, designadamente no que diz respeito as emissões de CO2.

3. O custo de produção da energia deve ser competitivo face aos valores de mercado.

4. A utilização do solo agrícola deve ser parcimonioso em relação às necessidades de utilização de solo para produção de alimentos.

O Brasil há muito que utiliza o etanol como alternativa aos combustíveis fósseis. No entanto, existe uma tendência generalizada para a utilização de biodiesel, produzido com grãos de soja.

Qual destas opções é preferível?

Um grupo de investigadores da Universidade de Minnesota resolveu abordar esta questão, num estudo publicado em julho deste ano na revista PNAS. As conclusões sugerem que:

1. O etanol produz um excedente de 25% de energia em relação à energia investida na sua produção. Este valor é de 93% para o biodiesel.

2. A produção de biodiesel requer, respectivamente, 1.0%, 8.3%, e 13% do azoto, fósforo, e pesticidas utilizados para a produção de etanol. O biodiesel reduz em 41% as emissões de gases de estufa associadas aos combustíveis fósseis enquanto que o etanol reduz as emissões em apenas 12%.

Estes dados fornecem duas indicações importantes. Primeiro que a produção de combustíveis biológicos pode dar ganhos energéticos líquidos. Segundo que a produção de biodiesel se pode configurar interessante por comparação com o etanol.

De acordo com os autores deste estudo as vantagens ambientais do biodiesel estão associados ao facto de (i) a produção de soja ser menos exigente do ponto de vista energético do que a produção de milho; e (ii) a produção de energia proveniente da soja ser mais eficiente que a produção de energia com base no etanol. Obviamente que as conclusões em (i) poderão não ser generalizáveis pois a produtividade agrícola depende de condições de solo e clima que variam geograficamente (o estudo utilizou dados de produção agrícola nos EUA).

No entanto os investigadores reconhecem que um dos problemas dos biofueis é o facto de competirem pela utilização do solo agrícola com a agricultura destinada à produção de alimento. Por exemplo, se os EUA utilizassem toda a sua produção de soja e milho para produzir biofueis resolveriam apenas 12% de exigência de gasolina e 6% de exigência de diesel.

5 comentários:

Anónimo disse...

pois tudo isso é mto interessante...só que, a não ser que tenha havido uma alteração radical, a meu conhecimento o etanol no Brasil é produzido sobretudo a partir da cana de açucar. Posso (já lá vão 12 anos...) estar enganado...senão há que refazer as contas.
abs
AE

Anónimo disse...

Escrevo mais depressa do que penso, o que não quer dizer que não pense o que escrevo (eh,eh)
Se tivesse ido ao google tinha retirado a interrogação. O etanol é da cana, por ex:
http://www.orplana.com.br/arquivos/artigo_orplana_1.pdf#search=%22etanol%20%2B%20cana%20açucar%22
Teremos outra relação energética?

Miguel B. Araujo disse...

Pois mas como a cana de acucar nao se da' bem na maior parte dos EUA, nem na maior parte do hemisferio norte, a alternativa e' o grao de milho. Seria interessante ver se as conclusoes deste estudo realizados nos EUA se manteriam qualitativamente semelhantes em zonas de clima tropical ou sub tropical.

Anónimo disse...

Pois mas fala-se é no Brasil na relação do etanol...e qualquer coisa não bate certo....e lendo dois ou três sitios fica-se com a impressão que a cana tem futuro....
AE

Anónimo disse...

Mas se pensarmos no biodiesel através da utlização dos óleos usados, teremos um vencedor?

Penso que é aí que reside a grande mais valia dos biocombustíveis, neste caso o biodiesel.