Escrevo regularmente para a revista Mais Ambiente. O artigo da próxima edição poderei disponibilizá-lo depois de publicado, mas para já deixo aqui um extracto:
"Do ponto de vista de Henrique Monteiro fazer passagens superiores para lobos é ridículo. Admito eu que fazer quaisquer passagens para a fauna em estradas totalmente vedadas também.
Concluo pois que Henrique Monteiro considera uma de duas coisas: que a fragmentação de habitats é um problema menor de conservação e nesse caso é um ignorante mal informado; ou que sendo a fragmentação de habitats um problema de conservação de primeira grandeza há outras soluções para diminuir o efeito de barreira provocado por estradas totalmente vedadas e nesse caso é um génio mundial porque em todo o mundo civilizado são usadas diferentes tipos de passagem para a fauna que implicam passagens superiores e inferiores.
Existem outros países que preferem não vedar as suas estradas mas em Portugal (como em todos os países de elevada densidade de ocupação humana) essa solução é considerada inaceitável do ponto de vista da segurança rodoviária.
Como o Expresso é um jornal informado com um director necessariamente informado a hipótese de ser um rematado ignorante que fala do que não sabe é absurda e portanto cá estarei à espera das suas geniais soluções diferentes das que existem nas dezenas de estudos de caso em todo o mundo.
Ou então, o que afinal é o mais provável, Henrique Monteiro acha simplesmente que a perda de património natural não é um problema importante. No que aliás está muito bem acompanhado por muito boa gente com bastante responsabilidade."
henrique pereira dos santos
domingo, fevereiro 03, 2008
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4 comentários:
"Existem outros países que preferem não vedar as suas estradas mas em Portugal (como em todos os países de elevada densidade de ocupação humana) essa solução é considerada inaceitável do ponto de vista da segurança rodoviária."
Um pouco off-tópic.
Penso q na Holanda (por sinal um dos países mais densos do mundo) não veda as suas estradas. Alguém pode confirmar?
Cara Joana,
Nada off topic.
Numa verificação rápida não tive a possibilidade de garantir que as auto-estradas holandesas são vedadas, mas posso citar:
"CHAPTER 2: EUROPEAN CONTEXT
countries visited took many years with numerous efforts to consider social needs. The team met with NGOs that are active in the transportation planning process in all of the countries. Such social interactions with transportation agencies clearly influence transportation planning in these countries.
TRAFFIC SAFETY CONTEXT
In each of the countries visited, the motorist-safety aspect of collisions with wildlife was an issue. The recordkeeping in the countries does not permit quantitative definition of the problem, but motorist injuries and fatalities with substantial financial costs were noted. Fencing of motorways to reduce collisions with wildlife is a common practice. One case mentioned to the team involved a motorist who is suing the government after a collision with a wild boar, despite the fact that boars were not a problem prior to fences being erected."
O artigo é uma boa introdução ao tema e seria muito útil ao director do expresso lê-lo antes de dizer disparates:
http://international.fhwa.dot.gov/wildlife_web.htm
henrique pereira dos santos
Não tenho idade para que venha a sofrer directamente e acentuadamente com o abismo que se caminha. Mas hhá uma coisa que nunca vejo referida como uma das causas (eu penso que é a principal) da destruição da biodiversidade, dos habitats etc etc enfim, da natureza (ecosistema global) que nos moldou! Ela é a meu , talvez ingénuo, ver a explosão demográfica (não, não tem nada a ver com o envelhecimento deste ou daquele país) global. Não vai haver, dentro de pouco tempo, Seringuetis, Massai, Gorongosas, Pandas, Tigres ... mesmo Amazónia. Tudo, tudo será ocupado explorado por aquela explosão demográfica combinada com "natural" acção predadora da espécie humana. Li há pouco que para encher um depósito de bio-combustível dum "todo-terreno" à base de cereais, é necessária a quantidade de cereais que, em média ,um humano consome num ano! Se é assim, mais ou menos, está tudo dito!
Caro Anónimo,
Tem razão parcial. E se digo apenas parcial é porque o consumo de cada pessoa depende muito do sociedade em que vive e das suas opções.
Para vivermos todos com um nível de consumo semelhante aos das sociedades mais ricas o mundo não chega. Para vivermos todos com o nível de vida das sociedades mais pobres vai dando o mundo que temos.
A verdade é que a natalidade diminui muito nas sociedades mais ricas e mantém-se nas sociedades mais pobres (onde a elevado mortalidade infantil, que todos consideramos inaceitável, retarda os efeitos da explosão demográfica).
Mas é muito difícil fazer projecções sobre o consumo de recursos daqui a uns anos. Basta imaginar o preço da energia a triplicar e o preço do trabalho a diminuir para percebermos como isso alterará os nossos padrões de consumo.
Ora o que se pretende em muitos dos posts deste blog é simplesmente que tentemos ser nós a conduzir a aterragem nesse admirável mundo novo em vez de esperarmos que nos obriguem a aterrar em circunstâncias provavelmente mais traumáticas.
henrique pereira dos santos
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