Hoje é um dia de alegria para mim.
Cansado e derrotado pela absurda psicose anti-ambiental do meu Governo venho aqui escrever um post batendo palmas por finalmente haver uma decisão inquestionavelmente racional do ponto de vista ambiental.
Confrontado com o aumento sucessivo dos combustíveis (ver esta curta notícia, por exemplo) o Governo foi sujeito a uma enorme pressão para baixar os impostos sobre combustíveis.
Entalado entre uma crise económica mais funda do que se pensaria (ou pelo menos se desejaria) e a ausência de margem orçamental para prescindir de receitas e com receio de perder a maioria absoluta nas próximas eleições pela subida dos votos à sua esquerda, o Primeiro Ministro tirou da cartola a manutenção dos passes sociais como reacção do Governo à situação.
Pelo que li, nenhuma razão ambiental foi invocada para esta opção.
E no entanto a medida é do mais perfeito do ponto de vista da racionalidade ambiental: evita descer o preço dos combustiveis enviando ao mercado sinais errados sobre o futuro e a necessidade de eficiência energética e aumenta o diferencial de preço entre o uso de carros individuais e os transportes públicos aumentando a sua (dos transportes públicos) competitividade.
Pela primeira vez com este governo a economia derrotou o ministro da economia e reforçou o ministro do ambiente.
Que tenha sido uma medida involuntariamente ambiental é uma pequena pena face à alegria de poder dizer: aleluia, aleluia, temos um governo que melhorou a racionalidade ambiental das suas políticas.
henrique pereira dos santos
quinta-feira, maio 22, 2008
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4 comentários:
Penso que estás a trocar a nuvem por Juno.
1- Claro que acho ridicula a posição das oposições de querer baixar os impostos sobre a gasolina.
2- Penso que o não abaixamento desses vai pagar o diferencial dos passes sociais para as empressas de transportes ( e devia pagar também diferencial para os bilhetes avulsos que vão aumentar e não deviam fazê-lo!)
3- Claro que isso é positivo em termos do trafego urbano
4- Não penso, aliás estou certo, que não houve nenhuma derrota da economia e tal não se deveu a nenhuma maior sensibilidade ambiental do governo.
5- Houve sim, como vem sendo hábito, a costumeira demagogia e política completamente avulsa e sem qualquer preparação para mais uma decisão errática e meramente com carcter e objectivos para os actos de 2009.
6- Talvez afinal não tenhas trocado a nuvem por Juno, o teu 5º paragrafo , entalado antes do fim diz tudo. Nada de ambiental, pois,portanto.
António Eloy
Caro António,
O meu post é sobre uma medida em concreto do governo.
E sobre a análise positiva que faço dessa medida do ponto de vista ambiental.
Tudo o resto eu não comentei muito.
Na verdade nem sei bem de que medida se trata como é costume nestes coelhos tirados da cartola.
O que quiz vincar são duas coisas:
faz sentido, quer do ponto de vista ambiental, quer do ponto de vista social quer ainda do ponto de vista económico que a resposta à alta dos combustíveis se faça pelo lado das prestações sociais e a melhoria da eficiência energética e não pelo lado da redução do preço (se vires a primeira página do 24 horas de hoje rapidamente perceberás a pressão que é feita nesse sentido);
segunda, que reforça a primeira, será a economia a impor racionalidade ambiental à economia por via do aumento do preço da energia. O Governo rendeu-se às razões económicas que o levaram a tomar uma decisão inatacável do ponto de vista ambiental, não mudou de política em relação ao ambiente.
Mas a verdade é que tomou uma decisão certa e isso deve ser aplaudido.
henrique pereira dos santos
Motivo de satisfação para quem defende o ambiente diria que sim, motivo de aplausos já tenho mais dúvidas! De qualquer das formas concordo que é uma boa noticia.
Mas pego na deixa do António e sublinho o facto de os bilhetes avulso irem aumentar. Tendo em conta que existe muita gente que se desloca esporádicamente de e para Lisboa (por exemplo), o aumento dos bilhetes avulso afasta muita gente dos transportes publicos.
Ou seja, esta medida do governo, avulsa, pode ver os seus impactos na mobilidade muito reduzidos devido à questão dos bilhetes de uma só viagem.
Caro Tiago,
Há em Portugal ume tendência para executar o possível, esperar o impossível e exigir a perfeição.
De modo que quando alguém faz o possível a tendência é para discutirmos o que fica por fazer.
Ora neste caso pode discutir-se a questão dos bilhetes avulso mas o facto é que a opção foi por não aumentar o peso sobre os que se deslocam todos os dias de transportes públicos, deixando aumentar o peso sobre os que se deslocam em meios individuais.
Por mais que as medidas possam ser melhoradas, uma coisa é certa: esta decisão está certa e aponta no sentido correcto: deixar o mercado da energia funcionar e amortecer os choques sociais com prestações sociais.
E a isso eu bato palmas. Mesmo que muitas outras coisas pudessem ser feitas.
henrique pereira dos santos
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