Sempre houve este comércio da terra, talvez menos visível porque a relativamente recente entrada das imobiliárias lhes dá mais visibilidade.
Mas não me lembro de tanta coisa à venda ao mesmo tempo.
Os mais velhos, quer tivessem ficado na terra ou não, descobrem que já lhes falta força e vontade para manter propriedades que os herdeiros desconhecem, seja nas extremas, seja na forma de gerir.
O primo, o amigo, o caseiro que ainda dava conselhos sobre a venda da madeira ou sobre a melhor altura da vindima entretanto também já não está à mão de semear.
E quando chegarem as partilhas, é mais fácil dividir dinheiro que terras.
E o que se vê de placas de venda é nas melhores propriedades, que os montes, as bouças, os tapados são, muitas vezes, pura e simplesmente abandonados, tanto mais que já muitos donos não lhes conhecem as extremas e nem sabem onde procurar os marcos ou as cruzes nas pedras, mesmo que seja possível lá chegar no meio do mato.
henrique pereira dos santos
quarta-feira, dezembro 31, 2008
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2 comentários:
Aqui do chamado "Portugal profundo", permita que lhe proponha outra versão da história. Após anos e anos de luta a "empobrecer alegremente", vendo as gerações mais novas a virarem as costas à terra, a especulação imobiliária trouxe uma derradeira esperança: o seu valor enquanto mercadoria. Nalguns casos a coisa resultou e a história dos PDM traçou um novo mapa de Portugal quanto a zonas urbanizáveis. Noutros, ficou apenas a esperança e o abandono. Agora que a crise bate forte, há quem regresse e há quem espere. Já dizia o barão de Rothschild: "quando vires o sangue a escorrer pelas ruas, compra terra".
Caro Zé Bonito,
A sua história não é diferente da minha. Lá chegarei às principais fontes de financiamento deste mundo, em que claramente o sector da construção (incluindo a venda das propriedades acumuladas ao longo dos anos pela família) e a segurança social desempenham um papel central.
henrique pereira dos santos
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