segunda-feira, fevereiro 02, 2009

O movimento ambientalista e a crise


Já em posts anteriores lamentei o que me parece ser a falta de comparência do movimento ambientalista na discussão do combate à crise (admito que esteja a ser injusto porque nem sempre falta de presença no espaço público quer dizer falta de actividade, pode ser apenas falta de visibilidade).

Mas há matérias que deveriam merecer uma marcação cerrada por parte do movimento ambientalista, como é o caso da política energética.

Ora neste fim de semana, António Borges, ao exemplificar as medidas alternativas de combate à crise que defende, referiu a baixa do preço da energia para as empresas.

Eu percebo pouco de economia e mesmo os que percebem muito sabem pouco de como lidar com esta crise e os seus efeitos.

Não garanto por isso que baixar o preço da energia não seja boa ideia especificamente para atenuar os efeitos negativos da crise. Mas suspeito que se o for é como quando se amputa um pé para limitar a gangrena ou se faz quimioterapia para controlar um cancro: admite-se um mal para evitar um mal maior, mas tem-se consciência de que é seguramente um mal.

Parece-me que é preciso escrutinar ambientalmente esta ideia que tem dois efeitos negativos de longo prazo: transmitir aos operadores económicos o estímulo errado no que diz respeito à necessidade de gerir o uso da energia; pôr sobre pressão o sistema de estímulo à produção de energias renováveis, que evidentemente se paga na factura da electricidade.

À partida e até que me expliquem, parece-me muito mau sinal a forma como o assunto aparece na entrevista se ele demonstrar o grau de integração ambiental das propostas da oposição.

henrique pereira dos santos

2 comentários:

José M. Sousa disse...

Já nem se trata de ser mau apenas de um ponto de vista ambiental, é-o também de um ponto de vista económico, porque dá um péssimo sinal, sobretudo tenso em conta isto.
Além disso, há economistas - embora arredados da ribalta - que põe em causa esta perspectiva de economistas convencionais como António Borges, que tendem a acreditar que a economia pode crescer sempre à custa da degradação do ambiente

Miguel Carvalho disse...

Bom,
eu não sou um economista famoso como o AB, mas concordo com ambos.
É um disparate autêntico, e acrescento mais duas razões. Beneficia mais as empresas energeticamente ineficientes do que as eficientes ou que fizeram um esforço para melhorar, e aumenta o défice tarifário que há na energia.