A Rádio Renascença tem vindo a passar excertos de uma conversa comigo que parece que transmitirá mais alargadamente hoje à noite.
Penso que na sequência, são também transmitidos comentários de Francisco Ferreira (declaração de interesses: que conheço há muitos anos e com quem tenho divergências e convergências há outros tantos) um dos quais me parece excessivo.
O Francisco diz que em alguns processos o processo de AIA é uma farsa.
Acho que os muitos posts que já fiz sobre as fragilidades dos processos de decisão na administração pública me tornam insuspeito de defender a perfeição do processo de AIA. Sobretudo da sua prática concreta e corrente.
Mas daí a dizer que há processos que são uma farsa vai distância que a minha perna não alcança. Uma distância que trata todos os protagonistas desses processos como farsantes. O que não é justo e, sobretudo, não me lembro nunca de ter visto isso demonstrado em nenhum processo. Diga-se aliás que muitas das posições do movimento ambientalista sobre processos de AIA são tomadas sem a consulta total do processo, o que sendo compreensível e razoável em quase todos os casos, não o é nos casos que se classificam como farsas.
A falta de rigor do movimento ambientalista, e este parece-me um caso evidente, é um boomerang que atinge a sua credibilidade, o principal activo que tem.
O reforço dos mecanismos de integração das preocupações ambientais na decisão pública, como é o caso da AIA, através da sua crítica, forte se necessário, mas construtiva, parece-me útil, a descredibilização desses mecanismos a partir de generalizações e sound bites, parece-me incompreensível.
henrique pereira dos santos
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