sábado, abril 25, 2009

Abandono agrícola (uma breve história)

Um freixo podado com ninho ocupado (ao centro) e dois não podados com ninhos vazios
Malpartida, Almeida
Abril de 2007


Rendo, Sabugal
Março de 2004

O antigo pequeno agricultor que agora apenas mantém a sua pequena horta às portas de casa, lamentava que o "seu" casal de cegonhas tivesse deixando de criar no lameiro da família. "Dantes, podávamos os ramos ao freixo, mas agora estou velho e tenho medo de dar um tombo" e acrescentava, "os novos foram para a cidade e já não querem saber disto para nada". "Há uma mão cheia de anos, até lá pus uma placa para que a catraiada, muito dada à asneira, não mandasse o ninho abaixo". Entretanto, as cegonhas já por ali não são vistas há alguns anos. Pacientemente, retorqui que pese embora a poda dos freixos seja uma boa ajuda para as cegonhas (especialmente se quisermos que elas não passem para o lameiro do vizinho :), o problema é mesmo o do abandono dos campos. Sem agricultura nem uso de lameiros, não é no mato que as cegonhas encontram bicheza para se alimentarem.

Um pouco por toda a Beira Alta, onde a maioria dos casais de cegonha-branca nidifica em freixos, a poda das ramas que tendem crescer à volta do ninho e que, a partir de determinado momento, impede o acesso das aves, era prática comum, bem demonstrativa do respeito e carinho que as populações beirãs teem pelas cegonhas. Aqui como noutras regiões, o abandono da agricultura é um péssimo contributo para a conservação de muitas espécies que dela dependem.

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