quarta-feira, abril 08, 2009

E se urbanizássemos Monsanto?


Monsanto tem boas aptidões urbanas. Pelo contrário, os vales de Benfica e de Alcântara ou a várzea de Loures não têm.
Não teria sido melhor urbanizar Monsanto e poupar os vales e várzeas à volta de Lisboa?
henrique pereira dos santos

5 comentários:

Carlos Aguiar disse...

Sem dúvida. As "avenidas novas" deveriam dissecar Monsanto, e Benfica e Alcântara verdejar de hortas. Viana do Castelo deveria subir pelo monte de Sta Luzia, e Braga competir com as escadarias do Bom Jesus e rodear o adro do Sameiro.
O que é eticamente mais defensável? Conservar o solo agrícola que nos sustenta ou perpetuar um modelo de urbanismo, um gosto?

João disse...

O grande problema actual é a infindável ganância, assim, nunca os especuladores ficaram satisfeitos. Em breve nem Monsanto nem vales adjacentes.

Henrique Pereira dos Santos disse...

João,
A ganância é findável: basta deixar de haver clientes.
A que é infindável não é de agora, é da natureza humana.
Portanto diria que essa não é a questão. Lisboa e Monsanto são só uma metáfora do país que ocupa e destroi as duas áreas produtivas em nome de sonhos cuja utilidade prática (como no caso de Monsanto) é mais que discutível.
henrique pereira dos santos

Jaime Pinto disse...

Utilidade prática do Monsanto discutível?!! Caro Henrique, isso nem parece seu! Centenas de milhar de lisboetas usufruem ou usufruíram das milhentas valências da "Serra de Monsanto". Desde o ocasional desportista de fim-de-semana ao olímpicos Carlos Lopes. Desde a família em pic-nic à gaiatada que se iniciou nas lides cinegéticas com fisga e pressão de ar. Desde os espeleólogos das minas de água, à escalada na Pedreira. Desde o actual Parque dos Índios às futeboladas da minha juventude no campo d' Álagoa. Os girinos, as pinhas verdes assadas em fogueiras envoltas em pedras, o visco nos regatos e a fuga da guarda florestal... o Monsanto tem uma história rica, faz falta, e sempre fez. Bem-dita a hora em que o eng. de Salazar se lembrou do Monsanto!

Admiro-me que o Henrique, sem dúvida ambientalista de campo nas horas vagas (tal como eu), despreze assim o único sítio em Lisboa onde rapinas, gaios, tordos, torcazes, perdizes, coelhos, patos-reais, cobras, lagartos, morcegos e os recentes esquilos, entre muita outra bicharada, comem e dormem descansados. E onde uma interessantíssima colonização vegetal, já estudada com surpresa por botânicos, teve lugar.

Todo o Lisboeta que gosta do campo e natureza, e tem uns anitos de idade, conhece, ama e defende a Serra de Monsanto!

Para a generalidade dos Lisboetas o Monsanto sempre foi um dos raros motivos de orgulho dos alfacinhas. As dúvidas sobre a utilidade de Monsanto vindas de um urbano-depressivo merecem umas bengaladas. Vindas de si...pena de morte não será mão pesada, apenas justiça correcta para o crime :-).
Jaime

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Jaime,
Noutra altura explicarei com mais detalhe as minhas razões. A intensidade de utilização de Monsanto é incomparavelmente menor do que poderia ser a intensidade de utilização de um sistema linear de parques que acompanhasse e salvaguardasse as áreas mais produtivas de Lisboa.
henrique pereira dos santos