segunda-feira, abril 13, 2009
O que a vista não vê (uma breve história)
No fim-de-semana passado, em passeio pela Beira Alta, uma pequena "coisa" felpuda que rastejava pela estrada fez-me travar o carro de forma (confesso) pouco ortodoxa. À nossa aproximação, a dita "coisa", acelerou o passo, manifestamente preparado para outras andanças que não no alcatrão. Desorientada, deixou-se apanhar, não sem antes soltar um pequeno silvado que provocou a fuga imediata da cadela ou, pelo menos, na sua quase infindável curiosidade. O susto de estar agora nas mãos de um ser gigante, era o preço a pagar por uma viagem de alguns segundos rumo ao seu mundo. Colocada na terra, logo ali, a uma dúzia de metros da berma da estrada, as pequenas grandes patas terminadas por longas unhas, do nada cavaram, de imediato, um pequeno buraco onde, em poucos segundos, a pequena toupeira viria a submergir.
Em anos de campo e muitos, mesmo muitos pequenos montículos de terra depois, foi a primeira toupeira que vi. O episódio fez-me recordar a enorme quantidade de seres vivos, muitos deles bem comuns que, estando perto na distância, fogem sistematicamente da nossa vista como a toupeira. Para além dos mamíferos em geral, restam muitos repteis e anfíbios, gastrópodes, insectos e um sem fim de bicharada de pequena dimensão que, ora entocada, ora mimetizada, nos passa diariamente despercebida.
Gonçalo Rosa
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2 comentários:
Por acaso falei hoje com um agricultor sobre toupeiras. Ele disse-me que tinha estado a "tratar" delas...eu ainda lhe disse que as toupeiras eram mais úteis que nocivas, arejavam o solo...ele respondeu-me "Ai sim? então porque é que se vende veneno próprio para as toupeiras?". Veneno que ele tinha, pelos vistos, acabado de comprar.
O mundo é cruel...
Jaime
Jaime,
bem-vindo ao país real! Aos ouriços queimam-nos vivos para petisco...
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