quinta-feira, maio 21, 2009

Quinta feira da espiga


Há anos que tenho esta cisma com a quinta feira da espiga: metade do país rural sai para o campo para celebrar a renovação permanente da vida e o movimento conservacionista assobia para o ar.
A quantidade de países onde hoje é feriado (como já foi em Portugal, depois trocado por outro feriado religioso mais próximo de uma lógica nacionalista, quando foi feita a concordata, se não me engano), a quantidade de municípios em Portugal onde hoje é feriado e nós, conservacionistas urbanos, a olhar para o dia de amanhã, dia internacional da Biodiversidade, que não diz nada a ninguém.
Eu acho isto uma demonstração de como o movimento conservacionista em Portugal é um movimento urbano, mais de computador e jornal que de pó nos sapatos.
henrique pereira dos santos

8 comentários:

Solidário disse...

Peço desculpa pela intromissão, mas é importante a vossa ajuda. O cartão solidário custa 10€ e dá descontos numa série de sítios, descontos reais em lojas a que as pessoas realmente vão, em troca, pela sua utilização ajuda várias associações como a Sol, a Associação do Gil, a Raríssimas e outras.
É uma maneira de poupar e de ajudar. Colaborem!
Aqui: http://www.cartaosolidario.pt/adira_ja.php

Ascenso Simões disse...

Quem exerce funções públicas deve estar atento a todos os movimentos, concorde ou não, com as ideias que defendem. O AMBIO é de leitura quase diária. Nem sempre concordamos... é assim a democracia. Com este post, Henrique Pereira dos Santos toca em muitas feridas. Olhemos bem para os universos que refere...

Ascenso Simões

foresteronhighheels disse...

curto mas excelente post.

Anónimo disse...

Caros:

Agradecemos divulgação desta petição:

http://www.peticao.com.pt/sitio-sico-alvaiazere

Cumps.
Os Peticionários

Anónimo disse...

Caro, só é feriado em algumas localidades e há quem trabalhe e não possa tirar dias para celebrar o dia da espiga. A maioria das associações vive do voluntariado, por isso não meta todas no mesmo saco. Ponha nomes..

L.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro L.
Ponho nomes em quê? Não percebi. Voluntárias ou não, todas as associações assinalam, de uma for ou de outra, efemérides.
Muitas vezes essa sinalização faz-se sem presença física de pessoas em actividades.
O que digo é que o facto dessas efemérides estarem mais ligadas a coisas como o dia da terra, o dia mundial do ambiente e etc., cuja importância eu não nego, que a dias como a quinta feira de ascenção, que é uma clara celebração da vida, é uma consequência do desfasamento entre a cultura do movimento conservacionista (e sim, com certeza que o movimento conservacionista não é monolítico) e a cultura dos principais gestores do território.
Se quiser mais exemplos desse desfasamento, veja a forma diversa como é vista a tourada, a caça, o trabalho e a criação de animais.
Ou veja a forma como conhecem a soja e desconhecem o chícharo (que confundem com o chiccharro).
Fiz um comentário genérico e o caro anónimo pede-me ponhas nomes?
Que importância têm para si os nomes, se nem o seu usa numa conversa normal e civilizada?
henrique pereira dos santos

João Soares disse...

Há o contrário, Henrique. Pessoas que com os PC (e um dia destes, com netbooks solares) estarão tranquilamente a usufruir dos dois mundos.Até têm blogues e tentam promover localmente actividades como permacultura, acções de esclarecimento nas escolas locai e as ecoescolas? etc. Muitas associações de DRL também fazem o que podem. Portugal há muito que deixou de ser o Portugal Profundo. A atestar os muitos ecomuseus por algumas vilas menos "urbanas": Paredes de Coura, Belmonte, etc.
Agora, os conservacionistas muitos são técnicos, bons, mas quando são políticos, algo virulento os ataca... deve estar no pós dos gabinetes quer de empresas ligadas ao estado/ empresas autárquicas e respecitvas mordomias, que pelos vistos fazem-lhes virar de casaca e de causas.Os agricultores e os "urbanos" pagam caro essa partidarização constante de "gestão" de bens públicos.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro João Soares,
Com certeza haverá mais diversidade no mundo que a simplificação que fiz no post, mas o facto é que não existe nenhum trabalho (que eu saiba) sobre a quinta da feira de ascenção e a conservação.
Para mim isso relaciona-se com um desfasamento entre ideias urbanas (e não são más por isso) e o mundo rural.
Quanto às pequenas vilas do mundo rural, a verdade é que hoje os seus decisores, com raríssimas excepções, têm uma concepção totalmente urbana do mundo que governam (nenhum presidente de câmara se esquece da desproporção do peso eleitoral das vilas face às freguesias verdadeiramente rurais).
Por isso fazem ecomuseus e não acreditam que a produção primária do seu concelho tenha futuro e também não acreditam que a vocação dessas vilas esteja na prestação de serviços ao território que as rodeia e às pessoas que o moldam.
henrique pereira dos santos