domingo, agosto 23, 2009

Emissões Zero, dizem eles

O carro da fotografia é o carro eléctrico de Thomas Edison (ele próprio o apresenta), que pode ser encontrado aqui
A propaganda acerca da decisão de fazer um acordo com a Nissan/ Renault que passe para o Estado parte do risco empresarial do investimento em carros elétricos tem sido justificada com razões ambientais (ver transcrição de um comunicado da Renault sobre o dito carro no fim do post).
Confesso que ao ler a parte superior da minha factura de electricidade fiquei confuso:
"a electricidade facturada foi produzida a partir das seguintes fontes de energia:
Hídrica 10,8%; Carvão 23,3%; Gas Natural 34,9%; Fuel 1,2%; Nuclear 9,1%; Hidrica em regime especial 0,6%; Eólica 8,5%; Cogeração e micro-produção em regime especial 9,7%; Outras 1,9%".
Fiquei esclarecido quanto à mais valia ambiental de ir estoirar o dinheiro dos meus impostos a subsidiar carros eléctricos para as classes com mais dinheiro em detrimento de o usar para melhorar os transportes públicos.
henrique pereira dos santos
PS:
"05.2007
Portugal e Aliança Renault Nissan Implementam Mobilidade de Emissões Zero em 2010
Veículos Eléctricos, rede de carregamento e incentivos irão proporcionar uma solução de mobilidade de emissões zero em Portugal
LISBOA (22 de Novembro de 2008) - O Governo Português e a Aliança Renault Nissan anunciaram hoje uma parceria abrangente com o intuito de proporcionar uma mobilidade de emissão zero em Portugal a partir de 2010. O acordo estabelece a utilização de veículos eléctricos fornecidos pela Aliança e a criação de uma extensa rede de carregamento que será construída por todo o país nos próximos três anos.
Em Julho, Portugal tornou-se no primeiro país europeu a estabelecer uma parceria directa com a Aliança Renault Nissan para estudar a possível implementação da mobilidade de emissões zero. O objectivo era responder a questões como o aquecimento global, a dependência do petróleo e as necessidades de mobilidade sustentável. Após quatro meses de estudos intensivos por parte das duas entidades, Portugal torna-se hoje o primeiro país europeu a assinar o acordo final com a Aliança para a implementação efectiva do seu programa de mobilidade de emissões zero.
"Apercebemo-nos, há muito tempo, que a mobilidade de emissões zero vai muito além do veículo em si", afirmou Carlos Tavares, vice-presidente executivo da Nissan Motor Co, Ltd. “Requer uma colaboração intensiva com o governo e outros parceiros para assegurar o sucesso”.
O plano de implementação estabelece que estejam operacionais 320 pontos de carregamento de veículos eléctricos por todo o país em 2010, crescendo para 1.300 pontos até ao final de 2011.
Portugal oferecerá também incentivos para os compradores de veículos eléctricos, incluindo uma dedução no imposto sobre o rendimento para particulares e reduções de impostos para empresas que adquiram frotas de veículos eléctricos. Os incentivos de impostos, a iniciar no final de 2010, terão um período de aplicação mínimo de cinco anos.
O Governo português estabelece também que 20% dos veículos a adquirir anualmente para a frota pública sejam de emissões zero, a partir de 2011.
Além disso, estão ainda a ser estudadas medidas adicionais, tais como reduções nos preços de estacionamento, acesso preferencial ao centro de algumas cidades e subsídios em financiamento. As actividades educacionais e de consciencialização do público, incluindo apresentações de veículos eléctricos, terão inicio em 2010.
As medidas foram anunciadas no Portugal Tecnológico 2008 em Lisboa, uma das exposições sobre tecnologia mais importantes do país, patrocinada pelo Ministério da Economia e da Inovação. O Denki (termo japonês para "eléctrico") Cube da Nissan está em exibição nesta exposição de seis dias. Este concept car utiliza a mesma tecnologia de bateria de iões de lítio que irá alimentar os novos veículos eléctricos da Nissan.
“Portugal é um líder global em energias renováveis. O próximo passo é tornar Portugal num país pioneiro em mobilidade de emissões zero. Os veículos eléctricos podem ter um forte impacto na nossa sociedade reduzindo a importação de combustível, aumentando a segurança energética, reduzindo as emissões de CO2 e oferecendo alternativas fiáveis e seguras a caminho da mobilidade sustentável”, afirmou o Primeiro-ministro Português, José Sócrates.
“Elogiamo-lo por estas iniciativas”, declarou Tavares. "O Sr. Primeiro-ministro está a fortalecer a posição de Portugal como um modelo ambiental para a Europa e para o mundo."
A Aliança Renault Nissan, que pretende ser o líder global na mobilidade de emissões zero, irá trazer veículos eléctricos para Portugal no início de 2011, tornando Portugal no primeiro país europeu com veículos eléctricos fornecidos pela Aliança. Em 2012, a Nissan e a Renault irão comercializar veículos eléctricos em massa, a nível global.
A Aliança já anunciou parcerias directas semelhantes na mobilidade de emissão zero, com o Município de Kanagawa e a cidade de Yokohama no Japão, com o Estado do Tennessee, com o Estado de Oregon, o Mónaco e com o gigante francês da electricidade, EDF."

5 comentários:

José M. Sousa disse...

Um interessante artigo sobre carros eléctricos e a pressão sobre a rede eléctrica...

Henrique Pereira dos Santos disse...

Obrigado pelo link, que é interessante, mas tanto quanto sei o modelo em que se está a trabalhar no caso Nissan/ Renault é um modelo de reabastecimento por troca de baterias, o que parece ter um potencial interessante de carregamento das baterias em horas de vazio e com velocidades relativamente baixas de carregamento, visto que autonomiza o uso da bateria do uso do carro.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

Se bem me lembro esse aspecto de troca de baterias também é referido no artigo. Aliás, o ponto importante do artigo tem a ver precisamente em considerar que as horas de vazio não chegam para tanto automóvel, no caso de se pretender converter uma fracção significativa do parque para eléctricos.

José M. Sousa disse...

Se bem me lembro esse aspecto de troca de baterias também é referido no artigo. Aliás, o ponto importante do artigo tem a ver precisamente em considerar que as horas de vazio não chegam para tanto automóvel, no caso de se pretender converter uma fracção significativa do parque para eléctricos.

Anónimo disse...

Já há algum tempo venho alertando para o carimbo emissões zero nos carros eléctricos, na realidade eles não vão emitir gases para a atmosfera durante as suas deslocações e o ambiente das cidades poderá melhorar. Porém os gases irão ser emitidos nas centrais eléctricas onde ainda é produzida a maior parte da energia e com combustíveis fósseis. Com tanto carro a depender da rede eléctrica vamos precisar de aumentar em muito essa produção! Já para não falar na quantidade de linhas de transporte e distribuição de energia que irão com certeza proliferar em todo o território para fazer chegar a energia aos nossos carros eléctricos.