Neste post do blog de apoio ao PS nesta campanha eleitoral, Palmira Silva pretende contradizer o ensaio de Joanaz de Melo sobre a insustentabilidade do investimento público em Portugal. Insustentabilidade na definição clássica de Bruntland, não sustentabilidade financeira que é que tem sido posta em causa por Manuela Ferreira Leite.
O que Palmira Silva faz é a enésima variação de um panegírico ao sucesso deste governo em relação às energias renováveis, que tenho vindo a comentar no referido blog com a pertinácia de querer uma resposta a uma pergunta simples: se a prioridade às energias renováveis tem fundamento em razões ambientais, por que razão não foi dada prioridade ao que é realmente prioritário do ponto de vista ambiental, a eficiência energética e a água quente solar?
Só que neste caso Palmira Silva vai mais longe e resolve contestar os argumentos de Joanaz de Melo, e que o Público traduziu num artigo que Palmira Silva leu, com base num engraçadismo qualquer sobre a substituição da queima de carvão pela queima de rosas na Londres do século XVII e a impossibilidade de ter políticas de eficiência energética na Índia e China como base para contestar a necessidade de políticas de eficiência energética em Portugal.
A simples frase com que Palmira Silva começa um dos seus parágrafos "Mas se não esperava que o factor económico fosse apelativo para os nossos ambientalistas" evidencia a distância que vai do interior da sua cabeça à realidade.
Mas não se pense que estou a falar de uma obscura comentadora de um obscuro blog, não, trata-se de uma investigadora universitária com créditos firmados e suficientemente influente politicamente para estar a escrever no blog não oficial de apoio ao PS nestas eleições.
Ou seja, o que isto quer dizer é que ao silêncio sobre política energética, sustentabilidade e ambiente do Jamais (o blog de apoio ao PSD e que tem José Eduardo Martins como um dos colaboradores, embora até hoje não tenha escrito nada) se junta uma pueril argumentação do SIMPLEX a favor das energias renováveis que não faz mais que repetir ad nauseum a propaganda do Governo em relação às renováveis.
Ou seja, mesmo com o esforço do Gonçalo Rosa ir avaliando neste blog e criticando os programas de governo dos candidatos às próximas eleições em matéria de conservação da natureza, parece que estamos no grau zero da discussão política sobre sustentabilidade.
É mau.
henrique pereira dos santos
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3 comentários:
Henrique,
Li hoje no Público, mas não sei se é verdade :)))... que o Papa Bento XVI lançou um album de cânticos...
Cá como lá, parecemos ter mais jeito (e gosto) por ditar missas que discutir ideias.
Gonçalo Rosa
Estás enganado, Gonçalo.
Bento XVI pode ter muitos defeitos mas o de evitar debates de ideias é um de que nunca ninguém o poderá acusar seriamente.
henrique pereira dos santos
Isso levar-nos-ia a uma longa discussão. Uma coisa é mostrar-mo-nos disponíveis para dialogar, outra é verdadeiramente estarmos disponíveis. A diferença entre teimosia e perseverança. Na primeira, procuramos exclusivamente impor as nossas ideias (ainda que através de um aparente diálogo), na segunda, entramos na discussão de mente mais aberta, não tomando as nossas convicções como verdades puras.
Gonçalo Rosa
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