quarta-feira, setembro 16, 2009

água de coco


Descobri há alguns dias atrás, uma deliciosa água de coco, embalada em latas de meio litro, especialmente refrescante nestes dias de calor e de humidade tropical, quer para mim, quer, pelos vistos, para alguns pardais e lagartixas aos quais cedia, de boa vontade parte do precioso líquido.

O baixo custo e a noção de que, à posteriori, reviveria estas agradáveis férias, levaram-me a comprar uma meia dúzia de latas a juntar ao par de badejos que salguei em S. Vicente, umas mangas de Santo Antão e uns queijinhos de cabra da ribeira do Calhau. Já à noite, quando ouvia um pouco de música, interroguei-me de que cocos correra tão precioso líquido. Ao que sei a produção de cocos em Cabo Verde é praticamente residual. Revisitei as ditas latinhas, já cuidadosamente arrumadas na minha mala e descobri que os cocos eram oriundos do Sudeste Asiático, mais concretamente da Tailândia, tudo tinha sido enlatado no Brasil e, só depois, desaguado no porto do Mindelo, na ilha de São Vicente. Tudo isto ao simpático preço de 39 cêntimos cada latinha de meio litro. Qual melhor cereja em cima do bolo do disparate que uma viagem final até Lisboa? Enfim, uma odisseia de meia volta ao mundo num “7” deitado e invertido. Tudo isto para a troco de um lucro de uns cêntimos para aqui, outros para ali. Não fiz contas nenhumas, mas há qualquer coisa em tudo isto que não me parece fazer grande sentido e que, por isso mesmo, deveria ser repensado.

Embaraçado - as latas estavam compradas e incentivo ao(s) importador(es) concedido – não faria sentido espetar tudo no lixo… do mal o menos, aproveitei para as consumir no apartamento, na noite e no dia seguinte, para gáudio de pardais e lagartagem que, por estas bandas, parece ter fartura de comida e bebida.

Gonçalo Rosa

1 comentário:

Susana Nunes disse...

Realmente o lucro não pode ser muito... Já não é a primeira vez que me deparo com situações deste género e não deixo de ficr surpreendida.