quarta-feira, janeiro 13, 2010

granito



Há uns dias atrás fui dar uma volta pela Serra da Estrela. Aproveitei para visitar a vertente sul do serra, área que desconhecia totalmente. A paisagem, da serrania nevada, é fantástica. Respira-se ar puro e agradáveis aromas silvestres. Um pouco por todo o lado nascentes e fios de água formados pela neve que o sol de inverno tranquilamente derrete, interrompe o silêncio da montanha. A espaços, um pastor pastava as suas cabras com a ajuda dos cães. Mais frequentes são as velhas casas e currais de granito que foram sendo abandonadas. Mais ou menos degradadas, quase todas vandalizadas.

Recordo-me de uma particularmente bela, que deverá ter sido casa de férias de alguma família mais abastada, lá para as bandas da Loriga. É casario de dois pisos, todo em granito, com janelas de madeira pintadas de azul, e que vive em perfeita harmonia na encosta de um grande vale, junto a um pequeno ribeiro que corre abundantemente, ensombrado por alguns carvalhos e outras árvores. Como todas as outras casas, abandonado e vandalizado.



Nos povoados abundam casas e até prédios que parecem ter brotado em terra sem lei, feita ao gosto dos seus donos, engenheiros e arquitectos, sem ponta de respeito pela traça local. Cores chocantes do amarelo-canário ao azul, fachadas em azulejo ordinário, telhados com inclinações e de materiais diversos. Gradeamentos, sebes e muros que contornam vivendas para todos os gostos. Na verdade, de tão abundantes, fazem com que nos perguntemos qual seria a traça local ou se haveria alguma.

Entre outras, haverão seguramente razões económicas, urbanísticas, de ocupação do território e sócio-culturais que expliquem a lógica disto tudo. Na verdade, não percebo nada de casas, de materiais de construção, muito menos de arquitectura. Não percebo nada de um mundo de coisas. Mas não gosto do que vejo.  

Gonçalo Rosa

2 comentários:

Anónimo disse...

Gonçalo;
não escrevas em brasileiro. "Inverno" é com letra maiúscula.

Anónimo disse...

Gonçalo, a boa notícia é que daqui a 100 anos todas as casas que hoje são feias, vão no mínimo parecer pitorescas...

Alexandre Vaz