domingo, janeiro 03, 2010

Se quiseres cultivar a paz, preserva a criação


"Como ficar indiferente perante as problemáticas que derivam de fenómenos como as alterações climáticas, a desertificação, a deterioração e a perda de produtividade de vastas áreas agrícolas, a poluição dos rios e dos lençóis de água, a perda da biodiversidade, o aumento de calamidades naturais, o desflorestamento das áreas equatoriais e tropicais? Como descurar o fenómeno crescente dos chamados «refugiados ambientais», ou seja, pessoas que, por causa da degradação do ambiente onde vivem, se vêem obrigadas a abandoná-lo – deixando lá muitas vezes também os seus bens – tendo de enfrentar os perigos e as incógnitas de uma deslocação forçada? Com não reagir perante os conflitos, já em acto ou potenciais, relacionados com o acesso aos recursos naturais? Trata-se de um conjunto de questões que têm um impacto profundo no exercício dos direitos humanos, como, por exemplo, o direito à vida, à alimentação, à saúde, ao desenvolvimento."
Do perigoso terrorista ambiental, neo-marxista, integrante do gang do climagate, Bento XVI.
Apesar de noticiada pelos jornais há já vários dias, o texto integral merece uma visita e leitura atenta, quer pelos mais firmes católicos, quer pelos mais fiéis crentes doutras religiões, quer pelos mais empedernidos ateus, quer ainda pelos mais perdidos agnósticos, como eu.
henrique pereira dos santos

10 comentários:

joserui disse...

O Papa Bento XVI é um intelectual como há poucos na Europa e no Mundo. Já há uns tempos que considero que merece uma leitura atenta. -- JRF

Anónimo disse...

Era só o que faltava travestir os textos do Papa, reinterpretando o conteúdo da sua mensagem de ano novo de 2009 e da encíclica "Caritas in Veritate", de forma a torná-lo o porta-voz concorrencial de AlGore e do IPCC, para veicular o apocalipse climático de origem humana.

O texto que aqui foi colocado é uma mera interpretação feita pela agência de notícias da Igreja Católica (Eclésia) portuguesa, que por sinal nem está assinada.

O texto original na mensagem de fim de ano versa sobre as profundas preocupações do Papa em Combater a Pobreza, Construir a Paz.

Em nenhuma linha dos 15 parágrafos da mensagem papal se consegue identificar a interpretação dada na notícia da agência Eclésia.

Porque também eu acredito que este Papa não se deixa enredar em interesses obscuros, aqui fica o link da sua mensagem sem as interpretações distorcidas de intermediários:

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A CELEBRAÇÃO DO DIA MUNDIAL DA PAZ, 1 DE JANEIRO DE 2009

Quanto à referência sobre o ambiente que faz na Encíclica "Caritas in Veritate", aqui fica um excerto do parágrafo 50:

.. a protecção do ambiente, dos recursos e do clima requer que todos os responsáveis internacionais actuem conjuntamente e se demonstrem prontos a agir de boa fé, no respeito da lei e da solidariedade para com as regiões mais débeis da terra[121]. Uma das maiores tarefas da economia é precisamente um uso mais eficiente dos recursos, não o abuso, tendo sempre presente que a noção de eficiência não é axiologicamente neutra.

[Os realces são meus]

Usar estas tácticas para insinuar que o Papa dá crédito àqueles que deturpam dados científicos para forçarem as pessoas amedrontadas a processarem a fé no apocalipse climático de origem humana, era só o que faltava Sr. HPS

Anónimo disse...

Aqui o nosso pensamento dirige-se ao modo como os resultados das descobertas da pesquisa científica e tecnológica por vezes foram aplicados. Não obstante os enormes benefícios que a humanidade pode receber deles, alguns aspectos de tal aplicação representam uma clara violação da ordem da criação, até ao ponto em que não só é contrastado o carácter sagrado da vida, mas a própria pessoa humana e a família são privadas da sua identidade natural. De igual modo, a acção internacional destinada a preservar o ambiente e a proteger as várias formas de vida sobre a terra não deve garantir apenas um uso racional da tecnologia e da ciência, mas deve também redescobrir a imagem autêntica da criação. Isto nunca exige uma opção a ser feita entre ciência e ética: antes, trata-se de adoptar um método científico que seja verdadeiramente respeitador dos imperativos éticos.

in: ENCONTRO COM OS MEMBROS DA ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. DISCURSO DO PAPA BENTO XVI - Nova Iorque, Sexta-feira, 18 de Abril de 2008

joserui disse...

Mau demais caro Henrique Pereira dos Santos. Mau demais.
Na minha opinião necessariamente modesta, os autores do blogue Ambio deviam fazer uma reavaliação do valor acrescentado destes anónimos que por aqui vegetam a tentar enlamear tudo e todos, inclusivamente tentando inverter esse papel constantemente.

Como também pode observar, a interpretação do último texto é exactamente ao contrário do que o Papa pretende.
Anda a pregar para fundamentalistas radicais e nada é sagrado.

(Deixei o início ambíguo propositadamente. Não é necessário ser nenhum Sherlock Holmes, mas notem que o biltrezito acredita em alguma coisa: "Porque também eu acredito que este Papa não se deixa enredar em interesses obscuros". É um espectáculo.)

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro primeiro anónimo,
Se seguir o seu link, para a mensagem de Bento XVI para 1 de Janeiro de 2009, verá que em cima, ao centro, há uma seta virada para cima com um ponto por baixo.
Carregue nesse ícone e estará numa lista de textos do Bento XVI.
Seleccione a mensagem de 1 de Janeiro de 2010 (que é a primeira), que é aquela a que me refiro no post, e verá que é exactamente a que está transcrita pela ecclesia, que foi o endereço de mail que primeiro encontrei que repoduzia o PDF assinado que me chegou ao mail e do qual retirei o excerto de que fiz o post.
Caro Jose Rui,
Pretende-se que este seja um espaço de liberdade e partimos do princípio de que cabe aos leitores avaliar o valor acrescentado que cada um tem para oferecer.
Não fazemos censura de ideias.
henrique pereira dos santos

joserui disse...

Caro HPS, esta miséria franciscana agora chama-se "ideias"? Não concordo.
Na minha opinião, não cabe aos leitores, cabe ao editor pelo menos identificar se há ideias ou se há disto. Se o editor não "edita", a maior parte dos leitores que discutem ideias vão discutir para outro lado.
Nem concordo que deixe de ser um espaço de liberdade se editar e se deixar de aceitar comentários anónimos. Só deixa de ser um espaço de liberdade se for como o Insurgente (Blasfémias e outros), com as suas regras, digamos, flexíveis.
Eu entendo que um idiota completamente desajeitado como neste caso até lhe dê jeito. Mas não é isso que acontece na maior parte dos casos.
E sugiro ligarem o "trackback" para respostas e citações de outros blogues aparecerem quando citam o ambio ou respondem. "Por acaso" comentei este caso. -- JRF

Anónimo disse...

Blasfémia do Papa?

The Pope condemns the climate change prophets of doom

Pope Benedict XVI has launched a surprise attack on climate change prophets of doom, warning them that any solutions to global warming must be based on firm evidence and not on dubious ideology.

The leader of more than a billion Roman Catholics suggested that fears over man-made emissions melting the ice caps and causing a wave of unprecedented disasters were nothing more than scare-mongering.

The German-born Pontiff said that while some concerns may be valid it was vital that the international community based its policies on science rather than the dogma of the environmentalist movement.

His remarks will be made in his annual message for World Peace Day on January 1, but they were released as delegates from all over the world convened on the Indonesian holiday island of Bali for UN climate change talks.
The 80-year-old Pope said the world needed to care for the environment but not to the point where the welfare of animals and plants was given a greater priority than that of mankind.

Usar o Papa para branquear a falta de ética dos cientistas do climate gate é muito feio.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro último anónimo,
O comentário que cita é a interpretação de não sei quem, feita em 13 de Dezembro, sobre a mensagem que o Papa ia dizer no dia 1 de Janeiro. Eu limitei-me a transcrever a mensagem, que todos podem ler e confrontar com a interpretação que nos dá a conhecer.
E cada um tire as suas conclusões.
José Rui,
É muito difícil estabelecer a linha que separa uma ideia diferente da nossa de uma ideia que achamos que não existe.
Nós temos defendido, e eu tenho praticado, que o direito à asneira é sagrado.
Quando nível desce para o insulto e para o ataque pessoal de maneira geral desligamos o acesso dos anónimos por um tempo (nunca excluímos pessoas concretas, penso eu) e voltamos a abrir mais tarde.
Da mesma forma que às vezes há comentários infelizes e pouco razoáveis, também acontece haver posts que mais tarde quem os escreveu acha que não deveria ter publicado.
É a vida.
henrique pereira dos santos

joserui disse...

Da mesma forma que às vezes há comentários infelizes e pouco razoáveis, também acontece haver posts que mais tarde quem os escreveu acha que não deveria ter publicado.
Não é bem a mesma coisa. A maior parte dos comentários de quem não dá o nome rapidamente envereda pela guerrilha. Quando começou a sua série de posts até me esforcei para conversar, mas não é possível. Embarquei no ambiente... Para quê factos quando se pode mandar mais uma boca?

Escrever posts que não se deviam ter publicado por acaso é um assunto que me interessa. Mas mais do ponto de vista dos mecanismos da memória e da nossa própria evolução. Anda a ser estudado o efeito nas pessoas desta era digital em que se guarda tudo. Porque a nossa memória é bastante generosa e poupa-nos a muitas chateações. No meu blogue já me deparei com várias coisas com que hoje já não me identifico e oscilo entre apagar, modificar (se for o caso) ou manter. Ainda não cheguei a conclusões.

E agora acho que vou fazer um intervalo. -- JRF

José M. Sousa disse...

Uma excelente mensagem de ano novo do Papa; muito apropriada a relação estabelecida entre a defesa da "Criação" e a paz. Embora não simpatize muito com Bento XVI, reconheço que esta mensagem e a encíclica "CARITAS IN VERITATE" são bons documentos para uma reflexão sobre o mundo.