domingo, junho 13, 2010

Mais um Campo de Trabalho Científico

Myotis bechsteinii, capturado durante o CTC.

No passado fim-de-semana, eu e um grupo de amigos, organizamos conjuntamente com a Reserva Natural da Serra da Malcata, um Campo de Trabalho Cientifico (CTC) voluntário, embora tenha sido muito curto, os resultados foram bastante profícuos, no que diz respeito ao grupo da minha responsabilidade, através deste CTC voluntário foi possível confirmara a presença de mais 6 espécies de morcegos (Myotis bechsteinii, Myotis nattereri, Myotis daubentonii, Hypsugo savii, Barbastella barbastellus e Plecotus austriacus), duplicado assim a lista de Quirópteros presentes para a RNSMalcata.

Este é o quinto CTC que organizo e participo em Portugal, e cada vez mais, tenho a prefeita noção que este tipo de actividade é uma óptima via de aquisição de conhecimento e de produção de informação.

Em Portugal os Campos de Trabalhos estão muito dirigidos para acções não científicas, como a recuperação ou construção de infra-estruturas, instalação ou controlo de espécie. Seria bastante interessante existir uma ONGA (ONGA – Associação que se declaram com finalidades públicas e sem fins lucrativos, que desenvolvem acções em diferentes áreas e que, geralmente, mobilizam a opinião pública e o apoio da população para modificar determinados aspectos da sociedade) que tivesse como principal objectivo (se não único) a organização de Campos de Trabalhos Científicos dedicados à aquisição de conhecimento, onde os seus sócios pudessem participar.

Por mim falo, pois não participo em mais CTC’s porque preciso de tempo em organiza-los, o qual não tenho.


3 comentários:

Henk Feith disse...

Caro Paulo,

Gostava de conhecer um pouco melhor a tua visão sobre o facto (muito positivo e que nos deve deixar esperançado em relação à consolidação das espécies deste grupo) de se ter acrescentado 6 espécies novas para a AP de Serra da Malcata. Isto deve-se a alterações nos habitats para os morcegos na área de estudo, a um maior esforço na prospeção destas espécies, a um outro fator ou simplesmente desconhece-se as razões?

Também gostava de saber se estes registos vão ser inscritos na BD da Biodiversity4All?

Um grande abraço,

Henk Feith

Luis Jordão Lemos disse...

Adicionalmente, gostaria de saber como equacionarias a realização desses campos por voluntários sem "curriculo" biológico.
Falo disto com conhecimento de causa pois já estive anteriormente envolvido na sua organização - no contexto de um projecto LIFE natureza que coordenei em Montemor--Novo e os trâmites e exigências eram de tal forma absurdas (nomeadamente, tendo em conta a tua área, para a captura de morcegos), que fariam facilmente desistir qualquer um mais bem intencionado. Claro que, no caso de uma actividade organizada em parceria com o ICNB (aliás como as que nós organizámos), todos esses aspectos são mais facilmente ultrapassáveis, o que me parece é que, quando essa ligação não exista e simultaneamente não se seja detentor do dito "curriculo" certamente que as dificuldades serão muitas, deixando de lado um conjunto muito substancial de interessados/voluntários em conservar a biodiversidade (vejam-se os excelentes resultados da Biodiversity4All).

Paulo Barros disse...

Caro Henk,
Penso que o principal factor é a metodologia utilizada (neste caso particular foram realizadas sessões de captura com redes), em Portugal tem-se trabalhado muitíssimo com Quirópteros, em especial com espécie cavernicolas e com identificações acústicas, por isso muitas espécies têm passado ao lado, pois ou não são cavernicolas ou são difíceis/impossíveis de identificar acusticamente. Não conheci a Malcata à uns anos atrás, mas os povoamento florestais existentes actualmente beneficiam muito algumas espécies de morcegos florestais como o Myotis bechsteinii, Barbastella barbastellus e Plecotus auritus, incluindo os eucaliptos, abrigos importante de criação para o Barbastella barbastellus e Plecotus auritus.
Relativamente ao Biodiversity4All, a ultima vez que enviei informação foi uma base de dados com 674 observações minhas e mais outra com quase 2000 de dois CTC em que participei (Alvão-2003 e Serra da Estrela-2009), fará todo sentido este dados serem também enviados para esta plataforma.

Caro Luís,
Tem razão relativamente à dificuldade de obtenção de licenças de capturas (morcegos, aves, micromamíferos, etc…), mas eu não diria que é um problema de ter ou não “currículo” biológico, até por experiência própria, pois embora eu trabalhe profissionalmente na área da biologia/ecologia, a minha formação académica não passou por aí, é mais uma questão de experiência e capacidade, até porque a lei para obtenção de licenças de captura não dizes que as pessoas têm que ser biólogos.
A experiência apenas é adquirida no campo e para isso é preciso que as pessoas (independentemente da sua formação) participem, por isso vejo com todo o interesse a integração de pessoas sem “curriculo” em este tipo de actividades, é claro com a supervisão de pessoas com a experiência devida. Caso contrário cairíamos num ciclo vicioso, como é que se pode ganhar experiência se não é dada a possibilidade de esta ser adquirida?
Não sei se reposndi…