Luís, 1) Em grande aprte com dinheiro internacional e parte com dinheiro nacional mobilizado pea ATN; 2) O preço médio tem variado, é evidente que o facto de haver um interessado em comprar terrenos na zona aumenta a pressão para a subida dos preços mas o princípio é o de adquirir mais ou menos pelos preços correntes de mercado e de estabelecer limites claros acima dos quais, por mais estratégico que seja o terreno, não se aceita comprar nada; 3) 215 hectares é o que tem os papéis da aquisição totalmente em ordem (é essa a exigência colocada, a meu ver mal, para a integração em reservas privadas). A ATN gere neste momento cerca de seiscentos hectares e tem em processo de aquisição mais 200; 4)A ATN produz azeite que vende (inclusivamente exporta para a Holanda usando os canais dos seus parceiros holandeses) e tem mais algumas produções neste momento marginais mas que se pretende que venham a ser valorizadas. Tem também em expansão um programa de visitação. Apesar do esforço de valorização do que é possível valorizar (que está longe ainda do seu potencial) ninguém tem ilusões sobre o carácter inerentemente deficitário da conservação da natureza. Razão pela qual os sócios e doadores serão sempre uma fonte de equilíbrio financeiro incontornável. henrique pereira dos santos
obrigado pelas respostas, que me deixaram porém surpreendido.
Eu julgava que a ATN obtivesse os terrenos pelo menos em parte de doações (contabilizadas para efeitos fiscais como se fossem donativos monetários), e que os valorizasse economicamente através da criação de ovelhas (dado o "transumância" no nome da associação).
Se a ATN adquire os terrenos através de dinheiro internacional e depois os usa para produzir azeite, então não há diferença substancial em relação àquilo que a Quercus faz no Tejo Internacional.
Luís, 1) A ATN usa pastoreio com garranos para gestão de combustiveis, coisa que penso que a QUERCUS não faz; 2) O dinheiro internacional não é de projectos CEE mas de doadores privados, o que é também uma diferença; 3) O nome transumância vem da organizaçáo holandesa com a qual existe uma estrita colaboração e embora exista intenção de ter pastoreio dificilmente será num regime transumante; 4) Desconheço qualquer marca de azeite das propriedades da QUERCUS no Tejo Internacional, mas pode ser ignorância minha; 5) A maior diferença porém está no facto das propriedades da QUERCUS no tejo internacional resultarem de um projecto concreto e de uma oportunidade de financiamento sem grande continuidade, do que resulta o seu pequeno valor estratégico para a QUERCUS, enquanto as propriedades da ATN são a sua razão de existir e o foco da sua atenção, de tal forma que hoje a ATN tem mais área sob sua gestão directa que a QUERCUS, sendo, como é, uma pequena associação local. Por exemplo, parte do preço do azeite é usado para comprar terrenos porque aumentar a custódia do território é objectivo central da ATN. henrique pereira dos santos
Porque é que usam pastoreio com garranos e não com ovelhas ou cabras? Os garranos não dão qualquer produção útil (vendável), penso eu, enquanto que as ovelhas e cabras dão leite para queijo (ou carne). É por não conseguirem arranjar pastores para vigiar os animais? E com garranos, como impedem que eles fujam?
Pergunto: dado o grande abandono das terras prevalecente no interior do país, a ATN não encontra proprietários dispostos a entregar as suas terras para gestão pela ATN, ou então dispostos a doá-las à ATN como se fosse um donativo em dinheiro? Isso evitaria a ATN ter que gastar dinheiro a comprar propriedades. Acho surpreendente que não haja proprietários que, desinteressados das suas propriedades, não estejam dispostos a doá-las, ou simplesmente a ceder gratuitamente os direitos de utilização.
Será possivel saber-se a que preço o azeite ATN é vendido?
Suponho haver um custo afectivo incluído no preço do azeite. Só assim será possivel comprar terras com o dinheiro que sobra após os custos de produção serem pagos.
Mas conforme a ATN consegue clientes para comprar azeite de qualidade, já de si caro, com um "custo ambiental" à cabeça, outros produtos de qualidade saídos dos "meios pobres" rurais poderiam ser comercializados nesta perspectiva. Os autarcas poderiam empenhar-se nesta estratégia, caso efectivamente se preocupassem com as pessoas que suportam muito trabalho e pouco conforto.
Penso que por cá, nas grandes cidades, muita gente não se importaria de pagar generosamente o bom e o útil. Creio que não serás apenas na Holanda que existirão pessoas solidárias com o mundo rural desprezado pelos políticos.
Luís, A opção entre ter os garranos ou ovelhas teria de ser explicada pela ATN. No entanto convém notar que existem acordos para o uso de algumas áreas por pastores e que, ao contrário do que diz, os cavalos são vendáveis. Penso que existem ainda razões de recomposição das cadeias tróficas com a introdução de herbívoros que pastoreiam livremente num cercado de 100 hectares. Por fim, os garranos são um bom instrumento de comunicação e divulgação, existindo um programa de adopção e tendo sido objecto de algumas reportagens que tornam visível o projecto. E sim, é verdade que gerir um rebanho com objectivos de produção exige mais da organização que manter uma manada num cercado de cem hectares. Volto a dizer, a produção com ovelhas está no horizonte da ATN, é preciso estabilizar mais a organização. Os terrenos não facilmente rentáveis e cada novo metro quadrado, sobretudo quando gerido tendo a biodiversidade em primeiro plano, é um novo encargo e não necessariamente uma nova fonte de receita. E mesmo não dando nada ninguém cede terrenos (existem acordos de gestão com alguns proprietários, incluindo a EDP, existem terrenos cujo dono se desconhece e que são na práctica geridos pela ATN, mas isso pressupõe uma base de propriedade sólida nos terrenos envolventes). Jaime, A questão da comercialização volta a ser um problema de maturidade organizacional. O azeite está ao preço dos azeites do mesmo tipo (extravirgem, biológico, de produção tradicional e fortemente diferenciado) no caso concreto 8 euros por garrafa de meio litro. Encontrar canais estáveis de comercialização (para produções pequenas) está também no horizonte da ATN. Penso um dia destes fazer um post sobre o valor acrescentado que a biodiversidade pode trazer a alguns tipos de produção marginais. henrique pereira dos santos
Espaço de informação e reflexão sobre ambiente e sociedade. Este blogue tem uma gestão partilhada com a lista portuguesa de ambiente (também chamada ambio), no entanto, as contribuições para cada um dos espaços são autónomas pelo que podem divergir na importância e destaque dados aos temas ambientais abordados. Os únicos lemas a seguir serão reflexão, originalidade e (deseja-se) qualidade. Com este espaço espera-se potenciar a escrita de ensaio e aprofundamento de temas ambientais em língua Portuguesa.
9 comentários:
Gostaria de saber:
1) Como foram adquiridos estes 215 hectares, isto é, de onde veio o dinheiro para o efeito.
2) Qual o preço médio de aquisição dessa terra.
3) Se a ATN tenciona adquirir mais terras para juntar a esta reserva, dado que 215 hectares não me parece ser muito.
4) de que forma a ATN aproveita economicamente (se é que o faz) esta terra, isto é, se extrai algum lucro dela, e como.
Luís Lavoura
Parabéns
Luís,
1) Em grande aprte com dinheiro internacional e parte com dinheiro nacional mobilizado pea ATN;
2) O preço médio tem variado, é evidente que o facto de haver um interessado em comprar terrenos na zona aumenta a pressão para a subida dos preços mas o princípio é o de adquirir mais ou menos pelos preços correntes de mercado e de estabelecer limites claros acima dos quais, por mais estratégico que seja o terreno, não se aceita comprar nada;
3) 215 hectares é o que tem os papéis da aquisição totalmente em ordem (é essa a exigência colocada, a meu ver mal, para a integração em reservas privadas). A ATN gere neste momento cerca de seiscentos hectares e tem em processo de aquisição mais 200;
4)A ATN produz azeite que vende (inclusivamente exporta para a Holanda usando os canais dos seus parceiros holandeses) e tem mais algumas produções neste momento marginais mas que se pretende que venham a ser valorizadas. Tem também em expansão um programa de visitação. Apesar do esforço de valorização do que é possível valorizar (que está longe ainda do seu potencial) ninguém tem ilusões sobre o carácter inerentemente deficitário da conservação da natureza. Razão pela qual os sócios e doadores serão sempre uma fonte de equilíbrio financeiro incontornável.
henrique pereira dos santos
HPS,
obrigado pelas respostas, que me deixaram porém surpreendido.
Eu julgava que a ATN obtivesse os terrenos pelo menos em parte de doações (contabilizadas para efeitos fiscais como se fossem donativos monetários), e que os valorizasse economicamente através da criação de ovelhas (dado o "transumância" no nome da associação).
Se a ATN adquire os terrenos através de dinheiro internacional e depois os usa para produzir azeite, então não há diferença substancial em relação àquilo que a Quercus faz no Tejo Internacional.
Luís Lavoura
Luís,
1) A ATN usa pastoreio com garranos para gestão de combustiveis, coisa que penso que a QUERCUS não faz;
2) O dinheiro internacional não é de projectos CEE mas de doadores privados, o que é também uma diferença;
3) O nome transumância vem da organizaçáo holandesa com a qual existe uma estrita colaboração e embora exista intenção de ter pastoreio dificilmente será num regime transumante;
4) Desconheço qualquer marca de azeite das propriedades da QUERCUS no Tejo Internacional, mas pode ser ignorância minha;
5) A maior diferença porém está no facto das propriedades da QUERCUS no tejo internacional resultarem de um projecto concreto e de uma oportunidade de financiamento sem grande continuidade, do que resulta o seu pequeno valor estratégico para a QUERCUS, enquanto as propriedades da ATN são a sua razão de existir e o foco da sua atenção, de tal forma que hoje a ATN tem mais área sob sua gestão directa que a QUERCUS, sendo, como é, uma pequena associação local. Por exemplo, parte do preço do azeite é usado para comprar terrenos porque aumentar a custódia do território é objectivo central da ATN.
henrique pereira dos santos
HPS,
mais uma vez obrigado pelas informações.
Porque é que usam pastoreio com garranos e não com ovelhas ou cabras? Os garranos não dão qualquer produção útil (vendável), penso eu, enquanto que as ovelhas e cabras dão leite para queijo (ou carne). É por não conseguirem arranjar pastores para vigiar os animais? E com garranos, como impedem que eles fujam?
Pergunto: dado o grande abandono das terras prevalecente no interior do país, a ATN não encontra proprietários dispostos a entregar as suas terras para gestão pela ATN, ou então dispostos a doá-las à ATN como se fosse um donativo em dinheiro? Isso evitaria a ATN ter que gastar dinheiro a comprar propriedades. Acho surpreendente que não haja proprietários que, desinteressados das suas propriedades, não estejam dispostos a doá-las, ou simplesmente a ceder gratuitamente os direitos de utilização.
Luís Lavoura
Será possivel saber-se a que preço o azeite ATN é vendido?
Suponho haver um custo afectivo incluído no preço do azeite. Só assim será possivel comprar terras com o dinheiro que sobra após os custos de produção serem pagos.
Mas conforme a ATN consegue clientes para comprar azeite de qualidade, já de si caro, com um "custo ambiental" à cabeça, outros produtos de qualidade saídos dos "meios pobres" rurais poderiam ser comercializados nesta perspectiva. Os autarcas poderiam empenhar-se nesta estratégia, caso efectivamente se preocupassem com as pessoas que suportam muito trabalho e pouco conforto.
Penso que por cá, nas grandes cidades, muita gente não se importaria de pagar generosamente o bom e o útil. Creio que não serás apenas na Holanda que existirão pessoas solidárias com o mundo rural desprezado pelos políticos.
Luís,
A opção entre ter os garranos ou ovelhas teria de ser explicada pela ATN. No entanto convém notar que existem acordos para o uso de algumas áreas por pastores e que, ao contrário do que diz, os cavalos são vendáveis. Penso que existem ainda razões de recomposição das cadeias tróficas com a introdução de herbívoros que pastoreiam livremente num cercado de 100 hectares. Por fim, os garranos são um bom instrumento de comunicação e divulgação, existindo um programa de adopção e tendo sido objecto de algumas reportagens que tornam visível o projecto.
E sim, é verdade que gerir um rebanho com objectivos de produção exige mais da organização que manter uma manada num cercado de cem hectares.
Volto a dizer, a produção com ovelhas está no horizonte da ATN, é preciso estabilizar mais a organização.
Os terrenos não facilmente rentáveis e cada novo metro quadrado, sobretudo quando gerido tendo a biodiversidade em primeiro plano, é um novo encargo e não necessariamente uma nova fonte de receita.
E mesmo não dando nada ninguém cede terrenos (existem acordos de gestão com alguns proprietários, incluindo a EDP, existem terrenos cujo dono se desconhece e que são na práctica geridos pela ATN, mas isso pressupõe uma base de propriedade sólida nos terrenos envolventes).
Jaime,
A questão da comercialização volta a ser um problema de maturidade organizacional. O azeite está ao preço dos azeites do mesmo tipo (extravirgem, biológico, de produção tradicional e fortemente diferenciado) no caso concreto 8 euros por garrafa de meio litro.
Encontrar canais estáveis de comercialização (para produções pequenas) está também no horizonte da ATN.
Penso um dia destes fazer um post sobre o valor acrescentado que a biodiversidade pode trazer a alguns tipos de produção marginais.
henrique pereira dos santos
o preço de uma garrafa é de 3.50, mudou
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