quarta-feira, julho 14, 2010

Curiosidades VI

Clicar para ver melhor. Do tempo em que a produção de milho era mais importante que a construção.
henrique pereira dos santos

9 comentários:

G.E. disse...

É curioso assinalar que apenas são mencionados 17 distritos em Portugal Continental em lugar dos 18 que hoje existem.

O distrito que falta (o de Setúbal) é de criação mais recente que os restantes (só foi criado em 1926, ou seja já depois do último recenseamento que é referido no gráfico); este distrito resultou de uma cisão do distrito de Lisboa, cujo território ia então até Sines. Este facto ajuda a explicar a posição relativamente modesta com que o distrito de Lisboa aparece no gráfico, pois abrangia uma parte do que é hoje Alentejo litoral, onde a densidade populacional é, ainda hoje, relativamente baixa.

Gonçalo Elias

Henrique Pereira dos Santos disse...

É verdade, sendo que as densidades mais baixas no distrito de Lisboa são nos concelhos de Sines (criado recentemente na altura), Grândola e por aí fora, com densidades baixíssimas (menos de 9 habitantes do quilómetro quadrado peo menos num dos casos).
Mas outra curiosidade, um pouco em sentido contrário é a de que o aumento de população de 1911 para 1920 no distrito de Lisboa se dá sobretudo nos concelhos envolventes de Lisboa (Barreiro, sobretudo, mas também cascais, oeiras e almada) em detrimento de Lisboa cidade que tem um crescimento médio.
A queda de grande parte dos concelhos do Norte é em grande parte devida à gripe espanhola de 1918.
henrique pereira dos santos

Unknown disse...

A gripe "espanhola" atacou os concelhos do norte de um modo mais acentuado que os do sul?

Pedro Cardia

Henrique Pereira dos Santos disse...

Aparentemente sim, mas não sou especialista no assunto. Limitei-me a olhar para os números.
Em qualquer caso faz sentido que às maiores densidades de povoamento correspondam afectações maiores neste tipo de epidemias, mas como digo não percebo muito do assunto.
henrique pereira dos santos

Henk Feith disse...

Só por curiosidade: a escala horizontal corresponde a o quê? São números absolutos de habitantes? Se assim for, o título não é rigoroso porque densidade deve ser expressa por unidade de escala (por exemplo, habitantes por km2). Este gráfico não permite concluir sobre densidades assim.

Henk Feith

Henrique Pereira dos Santos disse...

É habitantes por quilómetro quadrado. São densidades mesmo,calculadas como deve ser. Bem sei que para quem vem de países que já nesta altura tinham uma densidade média acima dos 250 habitantes pod quilómetro quadrado (quando Portugal andava pelos setenta e tal) pode parecer confuso densidades médias de distritos inteiros abaixo de trinta habitantes por metro quadrado, como Beja, Évora e Portalegre (quase um terço de Portugal), mas é mesmo assim (e note-se que a população rural dos concelhos do litoral Sul aumentou neste período por volta dos setenta por cento, e outros concelhos do Alentejo também tiveram aumentos importantes de densidade, não falando já da população urbana).
henrique pereira dos santos

Jaime Pinto disse...

Li algures um artigo sobre a variação do preço do milho nos últimos 40 anos. Não decorei os números, mas não andarei longe se afirmar que actualmente o milho é dado. Tenho comprado sacas de 40 quilos por 12 euros.
Nos dias de hoje seria impensável um regresso aos campos para viver da terra, pelo menos das terras que conheço nas serras do centro do país. Se há 40 anos, com o preço dos alimentos básicos muito elevado, a vida no campo era uma miséria, hoje seria completamente impossível. Os subsídios inventados pela CEE têm equilibrado a coisa. Com o fim dos subsídios, conforme tem estado a acontecer, será a ruína total dos poucos heróis que trabalham dia e noite para sobreviver da terra e do gado. Os que conheço já estão a fazer as malas.
Maldita crise, que corta as ajudas aos pobres que trabalham as terras e pastam o gado nas serras, mas não corta a opulência e mordomias da clientela político-partidária instalada no poder.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Jaime,
A solução é produzir a melhor broa da região e vendê-la ao preço que se quiser. Ninguém consegue aumentar o preço do milho através da diferenciação de forma muito marcada, mas pode fazê-lo incorporando valor, seja na broa, seja nas em outras utilizações finais da farinha de milho que as pessoas estejam dispostas a pagar.
É difícil, obriga a repensar a unidade económica, mas é o caminho possível.
henrique pereira dos santos

Jaime Pinto disse...

Henrique,
Gostaria de poder concordar consigo quando diz que as excelentes broas de milho, artesanais, poderiam ser vendidas a um preço elevado, para pagarem os respectivos custos. Infelizmente a prática ensina a ter cautelas com a teoria. Conheço uma senhora, na serra, que fazia e vendia excelente broa artesanal a um preço mais ou menos justo. Determinada pessoa encomendou-lhe uma dúzia de broas para trazer para Lisboa. Quando as foi buscar, achou que eram pequenas e não as trouxe. Não sei se as broas acabaram ou não como alimento para as galinhas. Mas sei que as broas acabaram, a tal Tia que as fazia mandou as broas à fava e prá p#ta que pariu o mesquinho que lhe moeu o juízo com as minudencias da broa. Actualmente ganha o dobro, e esforça-se menos, a limpar a dias as escadas e retretes da Câmara.

Já agora passamos para os bons queijos de cabra artesanais que o nosso amigo Thomas está prestes a deixar de fazer. Ele diz que, para a exploração ser rentável, teria de os conseguir vender por 30 euros o quilo, preço esse que os colegas dele em Espanha ou França conseguem sem favor. A muito custo vende-os por 15 euros. Se pedir 16 ninguém lhos compra, terá de oferecê-los aos cães.

Não fico triste por saber que uma percentagem dos meus impostos vá parar ao bolso dos heróis que trabalham arduamente na serra para o bem comum, mitigando os matos dos incêndios e dando uma mãozinha na biodiversidade. Aliás, fico até muito satisfeito. Não é para isso que servem os impostos?