Num comentário a este post, levantaram-se questões sobre o índice de risco de incêndio. Parecem-me questões razoáveis e sérias.
Mas independentemente disso a questão é que o padrão de fogo é o que eu tinha previsto e não o que decorre do mapa de risco de incêndio do Instituto de Meteorologia (como digo, não por acaso, já fiz a experiência dezenas de vezes).
Ora se um idiota qualquer (neste caso, eu) diz uma idiotice qualquer (do tipo "ó mãe, mas porque é que o rei vai nu") e se verifica que a realidade é próxima da idiotice (isto é, a coisa funciona na prática) seria razoável levantar a dúvida que uma anedota diz que um francês levanta sempre que vê uma coisa funcionar ("sim, na prática funciona, agora é preciso ver se funciona na teoria").
É ao olhar para mapas como este (e tem sido sempre assim ao longo do dia) que me pergunto por que razão não é possível destrinçar o risco diferenciado que na realidade existia e que previ em devido tempo, mesmo quando estamos a usar o melhor índice do mundo (e acredito, sem qualquer ironia, que seja).
De qualquer maneira a situação parece-me melhor do que antecipei.
Adenda de Sábado, 7, de manhã: o início do dia está a ser muito pior que o de ontem, com mais fogos e humidade atmosférica muito baixa logo às primeiras horas da manhã. O que se perspectiva para hoje é mesmo muito complicado, mesmo se para o fim do dia as condições podem vir a melhorar. Veremos se os fogos descem um pouco para Sul ou não. Amanhã as coisas começam a acalmar. Volto a repetir que estes dois dias (como 26 e 27 de Julho) são pequenos avisos, porque o vento tem estado fraco e porque foram só dois dias com estas condições. Em 2003 o vento estava forte e foram quinze dias seguidos (com um dia em que o vento rodou retomando depois o rumo de Leste, o que só complicou em vez de acalmar). O sistema, como estes quatro dias demonstram (três passados e o que vai acontecer hoje) rebenta e não dá conta do recado. Não gerir combustíveis apostando na eficiência do combate cria condições para o desastre. A opção de apostar tudo nos fogos nascentes e na chegada aos fogos o mais cedo possível é uma opção errada, não porque seja errado apagar os fogos o mais cedo possível, mas simplesmente porque é uma opção irrealista, como se vê nestes quatro dias. Os pequenos ruminantes, mesmo que fossem totalmente subsidiados pelo Estado como são os sapadores florestais e os gabinetes técnicos florestais (qual é o seu efeito real, santo Deus?) seriam incomparavelmente mais eficientes na gestão da única coisa que pode tornar estas situações geríveis: o material combustível. Tudo o resto são floreados.
henrique pereira dos santos
Sem comentários:
Enviar um comentário