Garganta de Todra, Alto Atlas marroquino
Julho de 2006
(foto sacada daqui)
Esta é a fabulosa garganta de Todra, já perto de Tinerhir, na vertente sul do Alto Atlas marroquino, há cerca de quatro anos atrás. Por este canhão, com paredes verticais de mais de 160 metros de altura separadas por escassas dezenas de metros, corre um rio. Nestes tempos, ora montados nos seus burros e dromedários, ora acompanhando ovelhas e cabras, locais percorriam um discreto caminho desenhado no fundo da garganta enfeitada por palmeiras e pequenos cactos. Esta longa picada com muitas dezenas de quilómetros permitia o acesso às pequenas aldeias na montanha, a Norte, à cidade de Tinerhir.
Garganta de Todra, Alto Atlas marroquino
Agosto de 2010
Apenas quatro anos depois, o cenário mudou drasticamente. Vieram máquinas que rasgaram uma estrada no fundo do vale. Prolongou-se o alcatrão até Imilchil, mais de uma centena de quilómetros a Norte. Ainda que a maioria continue a utilizar asnos e dromedários para se deslocarem, os mais abastados compraram carros. Uma ou outra aldeia ganhou vida com um pouco de turismo, outras, por enquanto, nem por isso. Ainda assim, o melhor acesso a automóveis e camiões, facilitou a vida destas gentes, possibilitando um mais fácil, rápido e seguro trânsito de gentes e bens.
A Sul, muitos são os turistas que agora visitam o canhão. Nasceram dezenas de pequenos albergues e restaurantes nas proximidades. Alguns ergueram-se encostados às arribas mais inclinadas e entalados pelo ribeiro que, em invernos rigorosos ou depois do degelo ganhará caudal surpreendente. É assustadoramente óbvia a iminência de desastre. A incúria do humanos não parece ter limites.
Gonçalo Rosa
1 comentário:
Pois é, depois culpem o aquecimento global de origem humana.
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