terça-feira, agosto 10, 2010

New York Times e a política energética Portuguesa

Vale a pena ler o que diz o New York Times sobre a política energética em Portugal. O truque é conseguir liderar a mudança mais do que sobreviver a ela. O tempo dirá se a política actual deu os seus frutos mas é fundamental que a aposta nas energias renováveis seja de continuidade. Nada pior do que uma política de fundo ser interrompida para novas aventuras de sentido oposto. Infelizmente, em Portugal, somos pródigos em começar tudo de novo cada vez que mudam os responsáveis.

10 comentários:

Nuno disse...

A monumental lacuna nesta liderança e algo que está também omisso no artigo é a ignorância a que foi votado por completo o Plano Nacional para a Eficiência Energética, a fundação de qualquer estratégia para a energia.

A haver alguma grande alteração futura na política actual seria no sentido de deixar ignorar no dinheiro "ganho" na poupança e combate ao desperdício face à geração convencional e renovável.

Os carros eléctricos, única medida de eventual "poupança" descrita no artigo são uma falácia óbvia quando comparados com a aposta fundamental nos transportes públicos.

Cumprimentos

Nuno Oliveira

Miguel B. Araujo disse...

Nuno, Ninguém discorda da importância da poupança. Sobre isso estamos todos de acordo. Mas neste mundo em mudança lidera quem conseguir criar alternativas energéticas e/ou demonstrar que é possível fazer uma reconversão energética rapidamente. A liga da poupança é uma liga ambiental, a liga das novas energias é, além de ambiental, uma liga fundamentalmente económica.

aeloy disse...

A poupança e a eficiência são essencialmente economicas, assim com a aposta em novas energias e alteração dos paradigmas economicos e energéticos, não percebo a distinção em referir um como ambiental e outra económica.
Agora o artigo, que julgo genericamente bom não aprofunda as críticas ambientais a uma lógica demasiado barragista, que deveria ser melhor equacionada também pela economia e tem aquela linha disparatadissima e desconhecedora sobre os carros electricos que são um pesadelo ambiental, não faz sentido nem económicamente nem em termos de gestão de transportes urbanos.
António Eloy

José M. Sousa disse...

Sem dúvida que é importante a aposta nas energias renováveis, mas se isso se traduzir apenas em produzir mais electricidade, sem conter a procura então significa muito pouco. Aqui, como se vê, na intensidade eléctrica e energética em geral do PIB português é que há muito a fazer.

A poupança é de uma importância económica tremenda, não dá é porventura lucros chorudos e exige um esforço maior!

Anónimo disse...

A política energética em portugal está eivada de dois erros de princípio:
1 - Põe a eficiência energética depois das energias renováveis;
2 - Não considera a energia renovável térmica para valorizaç
ao económica.
A consequência é que os acrescentos na produção de electricidade por via renovável é esbanjado em aquecimento ambiente, climatização por frio, etc.
No caso da biomassa a situaç
ao é gritante, porque enquanto uma central de biomassa tem uma eficiência de 20% (energia final vs. energia química da biomassa), mas se for utilizada como calor o rendimento pode ultrapassar 4 vezes mais. Não há incentivo nenhum bem pelo contrário, para utilizar biomassa-calor como fonte renovável. O IVA é de 21%, enquanto que a electricidade e o gás têm o IVA a 6%. sobre o automóvel eléctrico, posso dizer que recebe mais dinheiro via OE que todo o ICNB. Cada euro dado ao VE é um euro a menos disponível para os transportes públicos.
Manuel Ferreira dos Santos

Uriel Oliveira disse...

Um bom trabalho de comunicação que resultou num artigo de grande relevo.
Como não acredito em notícias destas sem trabalho de fundo de RP, é de salientar a inteligência de quem a promoveu, sobretudo se considerarmos a má favorabilidade que os media nacionais têm envolvido todos os assuntos que envolvem o governo e o primeiro ministro José Sócrates. Em comunicação política, por vezes, a inspiração necessária para contrariar tendências negativas tem que vir de fora. Se vier dos USA, tanto melhor.
Apenas um reparo, a imagem dos portugueses na América continua longe de ser a desejável. Reparem aqui na foto de José Cristino, o agricultor que ilustra a notícia...
mais aqui: http://outofthebox.blogs.sapo.pt/26532.html

Manuela Araújo disse...

Caro Miguel Araújo

Fiquei um pouco céptica quando li o artigo (na diagonal) pela primeira vez. Depois vi que se tratava de energia "produzida" em Portugal.

É uma boa notícia, pois Portugal ultrapassou as metas em produção de energia renovável.

O problema é que se fala de energia produzida em Portugal, mas não consumida, que é muito maior.

É que isso já são outros números, pois em 2006, a dependência energética de Portugal era de 83.1% (e julgo que não terá diminuído, mas não afirmo).

Portanto, estamos a falar de 45% de 16,9% em relação à energia consumida, ou seja próximo de 7,6%.

Isto são conjecturas de alguém que está por fora destas questões de energia, mas que está preocupada com a dependência de Portugal da energia importada, que é sobretudo não renovável.

Se eu disse asneira ou algo incorrecto, peço que me desculpe.

Seja como for, é uma boa notícia.

Um abraço

Nuno disse...

Não consegui também encontrar ligações oficiais a este número de 45% em nenhum lado excepto em press releases da era do Ministro Pinho.

As próprias APREN e a DGEG põem o número mais próximo dos 34%.

Alguém tem uma referência para este 45% ou o NYT publica propaganda?

José M. Sousa disse...

Estes números da ERSE para 2009 remetem para os 34% que o Nuno refere. Mas a Manuela tem razão na medida em que o consumo de energia não é apenas de electricidade. Se tivermos em conta os transportes, a nossa dependência externa em relação à energia é maior.

Nuno disse...

Obrigado José M. Sousa, considero a notícia positiva no fundamental mas importa ser rigoroso porque acho que por vezes existe alguma indução em erro nestes valores que tem resultados políticos.