No comentário do Paulo Fernandes a este post há, para mim, duas coisas mesmo muito relevantes para a discussão sobre fogos e conservação.
Uma é esta referência. É de 2008 e apesar disso uma boa parte das pessoas que falam sobre fogos em Portugal (incluindo eu, até ontem) não me parece que a tenha lido. Para mim ler esta referência altera pouco porque no essencial coincide com o que tenho dito. O que me espanta, apesar de artigos como o que estou a linkar, é que se continuem a ouvir e dar tempo de antena a uma data de gente que fala, fala, mas não fundamenta, em dados empíricos, nada do que diz nesta matéria dos fogos.
A segunda coisa verdadeiramente relevante é a informação, de que terá havido afectação dos pinheiros silvestres da Matança (de que falo, por exemplo, aqui, de raspão) nos fogos deste ano.
Isso sim, é um problema de conservação.
E é um problema de conservação que aparentemente fica completamente submergido na psicótica discussão sobre áreas ardidas ou em frases gongóricas como "uma área protegida deveria arder muitissimo menos, por isso mesmo é que se chama "Protegida"!".
A mania de avaliar os efeitos do fogo com base na área ardida (um péssimo indicador que faz uma amálgama de situações completamente diferentes, não servindo como indicador de afectação, nem como indicador de eficiência do dispositivo) em vez da avaliação concreta dos valores prejudicados pelo fogo (porque é bom lembrar que há muitos valores afectados mas que rapidamente recuperam, portanto não são especialmente prejudicados pelo fogo) dá nisto.
Quase se poderia dizer que em matéria de fogos, como de certa maneira diz o Henk no comentário que faz ao mesmo post, toda a racionalidade será castigada.
henrique pereira dos santos
1 comentário:
Belo artigo!
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