O Miguel neste post explicita a sua perplexidade perante o facto de se cortarem ordenados e prestações sociais em vez de pagamentos de submarinos.
A discussão subsequente derivou depois para o mrcado financeiro global, com Lowlander a falar na clássica falácia de distinguir economia real e economia financeira (pressupondo-se que as finanças e o crédito são uma coisa que parasita a economia) e o José M. Sousa a achar que a destruição de valor no mercado financeiro não é bem um problema para os acionistas das empresas financeiras porque "elas resultaram dessa magnifica capacidade de gerar riqueza, que consistiu em fazer dinheiro com dinheiro e que depois deu no estouro, que só podia dar".
Ora olhando para este gráfico (já com mais de um ano, que é uma correcção de outro semelhante indicado pelo José M. Sousa) tem-se a percepção da dimensão da redução do valor de mercado dos activos financeiros.
É evidente que isto representou uma perda brutal para os seus acionistas e é também evidente que isto representa uma retirada de dinheiro a toda a economia, o que tem efeitos recessivos importantes. O que demonstra que a finança não é um parasita da economia real, é economia tão real como a outra.
Não há dinheiro, não há palhaços.
Adenda, correcção do Miguel: A bem do rigor convém corrigir a tua interpretação sobre o meu post. Eu não explicitei perplexidade perante o facto de se cortarem ordenados e prestações sociais em vez de pagamentos de submarinos. Eu manifesto perplexidade por se deprimir a economia cortando salários, congelando pensões, aumentando impostos, etc, mantendo investimentos, desnecessários, em submarinos, que representam uma fatia importante da poupança que se obtém com os apertos acima referidos.
henrique pereira dos santos
11 comentários:
Estás pois a partir do princípio que foi feito com estes bancos aquilo que foi feito na Suécia (e que foi precisamente preconizado por todos esses perigosos radicais que o lowlander, o José M. Sousa e eu andamos aparentemente a ler), ao invés daquilo que foi feito no Japão (e que resultou na chamada "lost decade"). Ou seja, tu estás convencido que foram os accionistas que ficaram a arder com o dinheiro.
Ora isto vai dar algum trabalho porque tenho de verificar um a um, mas podes ajudar se quiseres: é googlar "haircut" "shareholders" (já agora, "bondholders" também para ver o que aconteceu aos credores)e o banco da tua escolha, e ver o que aparece. Tanto quanto sei, não foi feito, pelo menos nos EUA, nada daquilo que foi feito na Suécia. Assim à papo seco, uma das coisas que me apareceu:
http://www.businessinsider.com/bill-gross-says-we-cant-nationalize-citi-or-bank-of-america-2009-2
Que houve um retirada brutal de dinheiro da economia (e/ou de crédito), com efeitos recessivos importantes, estamos de acordo. A questão é saber de que bolso é que ele saiu. Ou antes, para que bolso entrou em tempo de vacas gordas e de que bolso saiu em tempo de vacas magras.
IsabelPS
Henrique,
A bem do rigor convém corrigir a tua interpretação sobre o meu post. Eu não explicitei perplexidade perante o facto de se cortarem ordenados e prestações sociais em vez de pagamentos de submarinos.
Eu manifesto perplexidade por se deprimir a economia cortando salários, congelando pensões, aumentando impostos, etc, mantendo investimentos, desnecessários, em submarinos, que representam uma fatia importante da poupança que se obtém com os apertos acima referidos.
Lamento, mas desisto de discutir com o Henrique. As alusões a camarada e a querer substituir o capitalismo, etc., enfim, é escusado.
Os bancos dão elevado lucro porque quem lá trabalha o faz com grande intensidade, durante muitas horas, e a generalidade dos trabalhadores ganham pouco, apesar da sua elevada preparação técnica.
O Estado é um sorvedouro de dinheiro porque os seus funcionários trabalham devagar, devagarinho e parados, ganham muito mais do que seria justo e querem promoções automáticas na carreira, ao invés de serem avaliados anualmente, como os bancários o são há mais de 20 anos.
Se os funcionários públicos que aqui vociferam contra os bancos copiassem a produtividade de quem trabalha na banca, envolvendo no copianço os colegas, poderia-se dispensar 50/100 dos "servidores do Estado". Com metade dos funcionários, a dívida externa seria de tal forma irrelevante que toda a banca internacional se engalfinhava para nos emprestar dinheiro a baixos juros.
Acrescentem pois ao rol dos especuladores da alta finança, urbanizadores e submarinos os funcionários públicos que se acham mal pagos, e que nas horas de serviço em lugar de trabalharem enviam mensagens para a Ambio.
José M. Sousa,
Se procurasse noutras coisas escritas por mim veria que uso camarada com alguma frequência (como uso santinha, por exemplo). Não tem nenhum significado de especial. Percebo a sua interpretação neste contexto, não vou tentar convencê-lo que não é a interpretação certa mas dou-lhe esta informação.
Quanto à alusão à substituição do capitalismo parece-me razável na medida em que o que tenho lido sobre o que escrevem alguns comentaristas não tem outra consequência lógica. Percebo o argumento de que não é isso, é uma mera crítica às deficiências do sistema mas ainda não percebi como se põe o ónus de todos os problemas na finança e na especulação (omitindo sistematicamente quer a responsabilidade dos consumidores, quer dos Estados) sem que a solução não seja uma alteração do sistema.
Mas estou pronto a ouvir argumentos sobre o que e como se pretende resolver as deficiências do sistema.
Camarada bancário, aconselho-o a ir conhecer melhor a administração e a sua gestão. rapidamente perceberia que no meio de algumas coisas sensatas disse alguns disparates grandes, como por exemplo, que se poderiam dispensar 50/ 100 dos funcionários, sabendo que os grande sministérios empregadores são os da Saúde e da Educação.
Se quiser comparar pagamentos e regalias dos bancários e dos técnicos superiores da função pública podemos começar já.
henrique pereira dos santos
Os mercados financeiros são obviamente algo à parte: a Lei da procura e da oferta é um mecanismo auto-regulador do mercado de bens correntes e que ainda hoje se pensa que regula do mesmo modo os mercados financeiros. O que se passa na realidade é que quanto mais um produto é procurado num mercado financeiro, mais ele vale para quem o detém, logo mais o querem, até ocorrer uma bolha especulativa. O resultado no "mundo real" é sempre o mesmo- distorções de preços.
É algo que tem maior paralelismo com um jogo de azar e daí as perdas dos gráficos- menos pessoas querem jogar depois de estourar a bolha. Se sobrevivem preferem guardar-se para outro dia, pedir mais "fichas" ao "dealer" estatal ou entrar noutros jogos mais "inocentes", como sucede no mercado de commodities hoje em dia.
Um dos objectivos fundamentais dos mercados financeiros, que era ser uma alternativa ao financiamento bancário, está hoje completamente distorcido- quase todas as empresas servem para financiar accionistas e não o contrário (isto é mesmo activamente incorporado no modelo de gestão) ou seja, estes não vêm o retorno do seu investimento comandado pela actividade de uma empresa em cuja gestão autónoma depositaram a sua confiança mas esta passa a servir os interesses dos accionistas directamente, com resultados de gestões desastrosas, como nalgumas quedas de gigantes nos EUA, erosão das condições de trabalho, falta de transparência, etc.
Por fim, algo mais óbvio- as perdas recentes no mercado financeiro foram enormes e houveram falências, como diz o gráfico. O que este não diz mas que está relacionado é que a recente explosão de dívida pública europeia deve-se directamente aos planos de salvamento do sector financeiro que envolveram a aquisição das mesmas perdas, não foi a ciganos e aos RSI, não foi por causa de "funcionários públicos mandriões" e não inteiramente devido à despesa pública, que apesar de tudo volta a entrar na economia de outras formas, ao contrário das bolhas especulativas.
Acho espantoso que neste preciso momento se esteja a falar na televisão da "irresponsável despesa do Estado" quando a suposta poupança cumulativa dos PECs não chega nem para cobrir parte da nacionalização dos prejuízos do mercado financeiro!
Pode-se assim relativizar a compra dos submarinos?
Se calhar, mas não deixa de ser uma (pequena) cereja de disparate no cimo de um bolo inteiro de ignomínias que não devem estar à frente da sobrevivência dos cidadãos.
Já nem falo na qualidade de vida e no Ambiente, que neste clima político serão cada vez mais vistos como acessórios. E aí perdemos todos.
Nuno Oliveira
Exmo. Sr. Henrique Pereira dos Santos,
No meu tempo de estudante liceal, as turmas tinham 40 alunos. Nesse tempo, quem acabasse o secundário tinha mil vezes mais conhecimentos que os jovens de hoje, que passam sem nada saber e sem serem obrigados a saber coisa alguma. Os professores do Estado não querem turmas com mais de 20 alunos. Os outros, os do ensino privado, trabalham mais horas, têm turmas com 30 ou mais alunos, ganham menores salários, não refilam, não fazem manifestações e muito menos greves. Logo...
A maioria das doenças em Portugal têm origem psicossomática, li algures isso. A medicina ocidental, em termos de saúde mental, trata a químicos o maluquinho e a jovem stressada, a viúva que enterrou recentemente o marido e o desempregado crónico. Porventura 80/100 da população adulta portuguesa toma, ou tomou (e muito provavelmente vai voltar a tomar) ansiolíticos e/ou anti-depressivos, medicamentos com formidavel efeito de dependência e montanhas de efeitos secundários. Quando as pessoas se consciencializarem destas e outras realidades, irão pensar duas vezes antes de irem aos hospitais ou centros de saúde por terem febre, diarreia, insónias, dores reumáticas, entorses ou maus-fígados. Os médicos e enfermeiros foram treinados para não matar a carraça, mas apenas para tratar da febre da dita. Esta é a 1ª lição que lhes é ministrada na faculdade. "Ir ao médico" seria porventura evitável (e até aconselhável, pois mesmo sem doença alguma não há médico que não receite, químicos que poderão transformar o "doente" em doente) em mais de 2/3 dos casos. Logo...
Referi 50/100 de funcionários a mais porque não quero exagerar.
Banks set to demand fresh bail-out in 2011, warns think-tank
Where did our money go? Building a banking system fit for purpose
"os do ensino privado, trabalham mais horas, têm turmas com 30 ou mais alunos, "
LOL. Uma escola privada com turmas de 30 alunos havia de ter uma saída tremenda, era só gente a querer meter lá os filhos.
"quem acabasse o secundário tinha mil vezes mais conhecimentos que os jovens de hoje, "
Provas disso.
"Porventura 80/100 da população adulta portuguesa toma, "
Provas disso.
"A maioria das doenças em Portugal têm origem psicossomática, li algures isso."
Provas disso.
". Os médicos e enfermeiros foram treinados para não matar a carraça, mas apenas para tratar da febre da dita. "
Provas disso.
Etc., etc., etc.
Tudo o que disse precisava de fontes. Assim não passam devaneios paranóicos.
"os do ensino privado, trabalham mais horas, têm turmas com 30 ou mais alunos, "
LOL. Uma escola privada com turmas de 30 alunos havia de ter uma saída tremenda, era só gente a querer meter lá os filhos.
Resposta:
A minha filha andou nos Maristas, um excelente colégio privado, do 5º ao 9º ano. As turmas tinham, 30 -31 alunos. Sempre. Tive pena foi de ela ter ido do 10º ao 12º para uma escola onde os professores eram pagos pelo Estado. Turmas com menos de 20 alunos. Sempre. Logo no 1º período do 10º ano a miúda não teve aulas por 3 vezes devido a 3 greves. Uma dos professores, outra dos funcionários da higiene, segurança, etc. (no meu tempo contínuos) outra dos alunos. Foi no ano de 2006. Como do 1º ao 4º ano a miúda também andou numa escola privada, logo nos 3 primeiros meses em que ela entrou numa escola pública teve mais faltas às aulas, por culpas alheias, que em 9 anos que andou em escolas privadas. Isto para não falar nas aulas de substituição, um vómito na escola pública, sempre com os professores (contrariados) a boicotar essa tremenda chatice, enquanto nas escolas privadas as aulas de substituição já tinham barbas e eram sempre para levar a sério. LOLOLOLOL!
Quanto ao resto, sorry mas não me apetece escrever mais nada.
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