domingo, novembro 21, 2010

A paranóia higienista e a sustentabilidade

Fotografia tirada daqui
Há já algum tempo que tinha ideia de fazer um post sobre isto.
Uma mensagem na lista Ambio, com referência a esta petição, acabou por servir de pretexto.
Não está em causa, naturalmente, negar a importância das regras de higiene e saúde pública associadas à alimentação em locais públicos.
O que está em causa é a psicose com os procedimentos, em detrimento da avaliação concreta dos produtos.
O Estado, por opção ou por demissão, desisitiu de verificar a qualidade do que é servido, resolvendo o problema definindo com o maior rigor possível as condições de produção facilmente verificáveis.
E para o fazer assumiu a assépsia como um valor absoluto.
A primeira vez que tive consciência do imenso impacto ambiental desta opção foi quando uma vizinha minha, dona de um café, me explicou que todos os panos de cozinha e limpeza foram banidos do café, substituídos por sistemas descartáveis. Era indiferente a impecável limpeza existente no café e nos panos, papéis descartáveis é que tinha de ser.
Ainda recentemente, numa das acções de formação que tenho num projecto que visa aumentar o uso de produtos locais e produtores de biodiversidade, projecto esse orientado para os restaurantes da zona, um dos participantes dizia que não podia, se quisesse, ter um porco (ou mais) que criaria para garantir a qualidade do que servia. Ou melhor, poder, podia criá-lo, até era possível, embora com alguma complicação, ir abatê-lo ao matadouro, mas depois, se quisesse ter banha de qualidade no restaurante não podia. Ter um caldeiro de banha industrial ordinária, com certeza, isso podia, porque o processo de produção estava controlado. Mas ter um caldeiro próprio de banha de boa qualidade (devo dizer, um produto hoje muito difícil de obter) só se comprasse um caldeiro de banha ordinária, a deitasse fora, e enchesse o caldeiro da banha da sua produção, fingindo que era industrial (como ninguém controla verdadeiramente o produto a coisa passaria facilmente).
Se eu for um estudante que queira arredondar o meu orçamento fazendo umas bolachas que a senhora do quiosque venderia, não posso. Porque o produto não presta? Não, porque o Estado em vez de controlar o produto quer controlar o sítio onde se faz e as exigências são as da produção industrial.
Os exemplos seriam muitos.
Mas o mais chocante é mesmo o que se passa no encerramento dos supermercados, em que dezenas de pessoas esperam pelos caixotes do lixo cheios de alimentos em perfeitas condições que o supermercado não pode dar, mas pode pôr no lixo onde os interessados os vão buscar sem qualquer controlo.
Não ignoro as dificuldades práticas desta petição, mas faz sentido lutar contra o desperdício em nome de uma assépsia ideal que todos sabemos que não serve as pessoas, e dentro destas, muito menos serve as pessoas mais pobres.
henrique pereira dos santos

25 comentários:

Joao Dias disse...

Excelente artigo!

Todo o desperdício de alimentos em bom estado de conservação vão hoje em dia para o lixo nas cantinas e restaurantes muito por culpa de uma directiva Europeia,com a imposição do chamado HACCP http://en.wikipedia.org/wiki/Hazard_Analysis_and_Critical_Control_Points.Sistema este obrigatório,importado dos USA e criado essencialmente para os programas espaciais da NASA.(corrijam-me se estou enganado).

Ora,eu não digo que o nosso sistema de higiene alimentar era perfeito antes da implementação deste sistema,o que eu defendo é que a gastronomia tradicional e a dieta mediterrânica tem que ser preservada e defendida com cultura ancestral e parte integrante do nosso património.E reparem que pratos típicos como o arroz pica no chão,o famoso arroz de sarrabulho,sarapatel,papas de sarrabulho,entre muitos outros pratos da gastronomia tradicional Portuguesa à luz destas normas são são praticamente proibidos de se confeccionar.
Sou cozinheiro de profissão e sei que para se obter sangue certificado,base de muitos pratos citados a traz,é praticamente impossível.

Não tentando fugir muito ao tema do post,não queria deixar de referir a famosa lei dos galheteiros (ver aqui http://www.publico.clix.pt/Sociedade/azeite-nova-lei-so-permite-galheteiros-inviolaveis-nos-restaurantes_1244340 ou aqui http://dre.pt/pdf1sdip/2005/01/007B00/02290229.pdf)
onde ainda estou para perceber a verdadeira aberração e razão de ser e o que levou à sua suspensão;jogos de interesses dos produtores???o que é facto é que a lei previa coimas avultadas....já para não falar noutros casos que me deixam de boca aberta como a fava no bolo rei,e a castanha embrulhada no jornal,a proibição de colheres de pau, e os fornos a lenha das pizarias...concordo(nós profissionais)que não tínhamos a melhor formação na área de higiene alimentar( e se calhar ainda hoje não a temos)mas deitar ao lixo alimentos em perfeito estado de consumo alimentar por via de um apertado controle,e regras,do sistema alimentar,não estou de acordo,por isso vou assinar a petição!
Cumprimentos
João Dias

Luís Lavoura disse...

A ideia da petição até seria boa, mas não posso assinar uma petição que está escrita na primeira pessoa. É ridículo. O texto da petição parece uma conversa entre duas pessoas.

Luís Lavoura disse...

Por via desta imposição de regras também se inviabilizaram muitos negócios. Os pequenos lagares de azeite desapareceram, os matadouros distribuídos pelo país também. As regras impostas pelo Estado só são compatíveis com grandes instalações, de caráter industrial, centralizadas.

Carlos Aguiar disse...

Nem 8 nem 80. Excelente post. Quando posso assinar?

Lowlander disse...

La terei de destoar e ser desmancha prazeres. O artigo transparece varias incompreensoes do que e a seguranca alimentar:

1 - Ninguem quer "assepsia" na industria alimentar, isto e um mito propagado por quem so esta a habituado a ver pessoas lavar as maos em series televisivas sobre cirurgia. Quer-se isso sim "higiene". Consulte-se a legislacao e o dicionario se a distincao e demasiado subtil.

2 - "O Estado, por opção ou por demissão, desisitiu de verificar a qualidade do que é servido, resolvendo o problema definindo com o maior rigor possível as condições de produção facilmente verificáveis"

Isto so pode ser escrito por quem nada percebe sobre: microbiologia alimentar, amostragem estatistica e producao industrial.

Procurar garantir a seguranca de um producto atraves de testagem do produto final e um erro brutal nao so tecnico como economico. Economico porque se aceitamos que a seguranca alimentar do produto e um valor a manter, entao a forma mais economicamente mentecapta que se pode conceber e precisamente "fazendo o papel de guarda-redes" a tentar detectar e eliminar produtos defeituos porque:

1 - ja se desperdicou inputs na sua producao
2 - nao resolve a origem do problema (i.e. o que causou o defeito) tendo de gastar ainda mais recursos para o atacar
3 - efeitos deleterios na imagem da empresa sempre que um "recall" tem de ser declarado e feito publico
4 - consequencias(sociais/criminais) se esta estrategia falhar.

O HPS que concretize com exemplos concretos fabricantes industriais e que garantem qualidade dos seus produtos com base neste tipo de estrategia.
Nao a solucao mais economicamente racional consiste em incluir no proprio processo de fabrico salvaguardas de seguranca e monitorizacao que PREVINEM a ocorrencia do erro. Medidas secundarias de seguranca pos-producao sao depois tambem implementadas mas numa escala muitissimo mais reduzida com o objectivo de monitorizar nao o produto final mas sim a performance das medidas de prevencao.

Erro gravissimo tambem nesta estrategia do um ponto de vista tecnico na salvaguarda da seguranca alimentar.
A testagem de produto final, nomeadamente microbiologica leva quase invariavelmente a destruicao do produto para o testar. Como nao podemos destruir tudo para testar porque se pretende vender alguma coisa, e necessario recorrer a amostragem estatistica. 2 problemas gravissimos:

1 - A testagem microbiologica demora semanas a dar resultados (minimo 1 ate 3 semanas dependendo do patogeno que estamos a procura). O que e que faz entretanto? Mantem o lote em stock a espera de resultados? Como conserva o produto especialmente se este for muito perecivel? Liberta o lote para o mercado? No caso de alguns produtos alimentares quando o resultado vier o lote ja foi consumido...

2 - Os patogenos tem o habito irritante de nao se distribuirem de forma homogenea em lotes de produto final, alias nem no proprio produto final com rarissimas excepcoes como productos liquidos homogeneizados. O problema com isto e que a amostragem necessaria para detectar um erro nao homogeneo e brutalmente superior a necessaria no caso de um erro distribuido de forma homogenea, com a agravante de que como o patogeno esta em "grumos" isto significa que se escapar a deteccao e como esta concentrado num grupo, tem uma dose infectante maior aumentando a probabilidade do infeliz que o consumir depois vir mesmo a desenvolver sintomas.

Lowlander disse...

"Mas o mais chocante é mesmo o que se passa no encerramento dos supermercados, em que dezenas de pessoas esperam pelos caixotes do lixo cheios de alimentos em perfeitas condições que o supermercado não pode dar, mas pode pôr no lixo onde os interessados os vão buscar sem qualquer controlo."

Esta situacao e chocante de facto mas por motivos bem diferentes dos que o HPS aqui quer fazer passar.

Chocante e que como sempre, os pobres levam com os alimentos de pior qualidade.
Chocante e as autoridades permitirem que as pessoas andem a procura de alimentos no lixo onde nao ha as minimas condicoes de acondicionamento e conservacao dos alimentos.
Chocante e que as autoridades nao obriguem os supermercados a manterem seguranca sobre produtos alimentares que deixaram de ser proprios para consumo. Se esta no lixo e sub-produto de origem animal, improprio para consumo humano e e ilegal redireccionar tais produtos para consumo humano.

O HPS indica que os alimentos estao "em perfeitas condicoes" eu respondo: se assim e, certamente e um irracional da sua parte ir comprar produtos em perfeitas condicoes no interior do supermercado nao e? Porque nao vai la ao lixo arranjar uma caixas de alimentos "em perfeitas condicoes" de borla?
Pergunto tambem: tem por acaso dados factuais sobre a incidencia de toxi-infeccoes alimentares em pobres ou pessoas de parcos recursos comparados com o resto da populacao? Voce anda a acompanhar essas pessoas para ver os efeitos de longo prazo de andarem a consumir este alimento adquiridos nestas condicoes?

Existem varias e muitissimo boas razoes para que esta pratica seja ilegal e para que o peso da responsabilidade legal incida sobre o produtor de residuos.
O que se passa nesta situacao que e chocante e que os supermercados cinicamente arranjam um expediente conveniente e barato para nao terem de tratar estes residuos de forma apropriada.

No Reino Unido produto pereciveis que estejam a chegar ao final do seu prazo de validade sao rotineiramente vendidos a precos progressivamente mais baixos nas prateleiras do supermercado. Porque e que nao se passa o mesmo em Portugal pergunto eu? Talvez o facto de as autoridades permitirem estas "sopas dos pobres" improvisadas seja parte da resposta nao?

Henrique Pereira dos Santos disse...

Lowlander, nada desmancha-prazeres, para mim é um prazer ter comentários elaborados e informados sobre os assuntos dos posts.
Sobre o primeiro post farei um outro post quando tiver tempo.
Sobre o segundo faço-lhe notar o seguinte: aparentemente a sua preocupação é com o facto destas pessoas terem acesso a uma fonte de alimentação pouco controlada. E a sua solução é impedir esse acesso pelos riscos de doença que acarreta.
Para sim, aparentemente é melhor vedar o acesso a fontes de alimentação duvidosas que alimentar pessoas com fome.
Isto não tem nada com microbiologia, é uma questão social pura e dura.
Ora o meu post é exactamente sobre o facto do pessoal da paranóia higienista, que procura a assépsia como último reduto da protecção face ao risco, ter perdido por completo a noção dos objectivos das políticas de higiene e segurança alimentar: o bem estar das pessoas.
Preferindo por isso redurzir o risco de contaminação, mesmo que à custa do aumento da fome ou dos disturbios ambientais que são muito mais graves do ponto de vista do bem estar das pessoas.
Est modus in roebus, assim se chamará, provavelmente, o post que vou fazer.
henrique pereira dos santos

Lowlander disse...

Nao se providencia bem-estar nenhum as pessoas dando-lhes lixo para comer.
Na minha opiniao o argumento de que "pelo menos o lixo mata-lhes a fome" nao passa de uma racionalizacao muito sofrivel, acrescente-se, de uma posicao moral desprezivel: os pobrezinhos podem ficar com o meu lixo ja que, nao sao gente como eu.
Volto a perguntar: se esse lixo e assim tao bom, se sao "alimentos em perfeitas condicoes" porque e que os que advogam o seu uso nos pobres nao vao la ao caixote do lixo fazer as suas compras tambem?

E a mesma moral que leva a doacao de roupa rota para as caridades, ou os brinquedos partidos para os orfanatos. Ou seja, nao e moral nenhuma, e sociopatia.

Lowlander disse...

Uma segunda nota:

"Sobre o segundo faço-lhe notar o seguinte: aparentemente a sua preocupação é com o facto destas pessoas terem acesso a uma fonte de alimentação pouco controlada."

A minha preocupacao e com estas pessoas nao terem acesso a alimentos salubres nas mesmas condicoes do resto populacao.
De serem tratadas como seres sub-humanos.
Repito: alimentar pessoas com lixo nao providencia bem-estar algum, e degradante e um perigo de saude publica.
Querem re-aproveitar alimentos das prateleiras do supermercado que estao a ser classificados como sub-produtos por razoes puramente comerciais? Bom, para comecar, os agentes economicos tem de ter vontade e motivacao para atacar esse problema. Quando se lhes permite livrarem-se dos seus residuos desta forma terceiro mundista nunca terao esse incentivo.
Depois desse primeiro passo tomado, entao sim, os produtores de residuos que se sentem a mesa com as autoridades sanitarias para organizar um sistema apropriado para recolher estes alimentos, armazena-los em condicoes salubres e distribui-los de forma higienica a populacao. Os produtores de residuos que aceitem as suas responsabilidades sociais. Sejam agentes socias adultos e civilizados.
Justificar este nojo como uma especie de "facto da vida" Panglossiano e inqualificavel.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Lowlander,
O que o post dsicute é exactamente a definição de lixo ou classificação como lixo de alimentos em perfeitas condições.
Quer um exemplo?
Uma refeição que sobra numa cantina porque há alguém a menos.
Quer outro exemplo?
Uma fruta tocada, que não tem qualquer valor comercial e não pode ser vendida, mas pode perfeitamente ser comida (muito do que a paranóia higienista chama lixo é exactamente igual ao que como em casa, incluindo fruta tocada).
Portanto a sua afirmação de que estou a defender uma moral que acha normal dar lixo aos pobrezinhos é ofensiva neste contexto.
O que estou a discutir é a classificação de lixo (se quiser pergunte em concreto a quem lida com o problema).
henrique pereira dos santos

aeloy disse...

Sobre este assunto, pode adquirir-se em dvd, há um curioso filme de Agnes Varda #Os respigadores# que além do mais coloca questões filosóficas interessantes.
António Eloy

Lowlander disse...

"O que o post dsicute é exactamente a definição de lixo ou classificação como lixo de alimentos em perfeitas condições.
Quer um exemplo?
Uma refeição que sobra numa cantina porque há alguém a menos."

O HPS vai buscar os restos ao caixote do lixo dessa cantina para depois os cozinhar em casa?
Porque e que esses restos sao improprios para dar a animais e no entanto dar aos pobres ja e uma ideia porreira?

Quer outro exemplo? Uma fruta tocada, que não tem qualquer valor comercial e não pode ser vendida, mas pode perfeitamente ser comida (muito do que a paranóia higienista chama lixo é exactamente igual ao que como em casa, incluindo fruta tocada)."

O HPS vai buscar a fruta tocada ao caixote do lixo desse estabelecimento para depois os consumir em casa?

O seu problema HPS e que transparece nos seus comentarios que nao leu uma linha da legislacao aplicavel:
Regulation (EC) 1774/2002
E legislacao europeia, regulamento ainda para mais, transposicao directa para as legislacoes nacionais de cada Estado Membro, nao e paranoia nenhuma lusitana.

Existem 2 motivos para classificar um produto como improprio para consumo: legais, o alimento nao foi produzido ou acondicionado higienicamente ou em casos especificos quando se considera que certos alimentos ou partes de alimentos (SRM - cerebro de bovinos, timo de bovinos etc como salvaguarda contra a BSE) tem risco especifico e portanto sao automaticamente classificados de sub-produto. Acho extraordinario ter de soletrar isto mas um alimento uma vez no caixote do lixo deixou de estar acondicionado higienicamente. Se esta no caixote do lixo e lixo. Advogar oferecer isto aos pobres e criminoso.

Ou por razoes comerciais: o agente economico, por razoes comerciais nao esta mais disposto a manter um determinado alimento em condicoes salubres.
Os 2 exemplos que indica sao casos classicos de decisao comercial. Va falar com a cantina ou o supermercado se esta indignado (e acho muito bem que esteja). Faca perguntas pertinentes:

1 - Porque e que nao estao dispostos a gastar uma percentagem infima dos seus recursos para transportar estes alientos em condicoes de salubridade para serem usados noutro sitio?
2 - Porque e que a 1, 2 ou 3 dias da fruta deixar de ser esteticamente apetecivel nao lhe reduzem o preco, ou mesmo depois de tocada, porque nao a oferecem ao publico DENTRO do supermercado em condicoes salubres?

Percebe? Perguntas pertinentes e informadas. Em contraposicao a andar armado em carapau de corrida a querer redefinir sub-produtos de origem animal quando isto ja foi estudado, acordado e feito a nivel europeu ha quase 10 anos atras por gente bem mais qualificada e testado com sucesso indesmentivel em todos os indicadores aplicaveis de saude publica e animal. Tudo isto feito, acrescente-se em abono da verdade, em colaboracao, com a industria agro-alimentar e de alimentacao animal.

Quer discutir a aplicacao deficiente da lei existente em Portugal? Forca vamos a isso.

Quer sair descer do pedestal e procurar informar-se sobre a lei que obviamente desconhece? Melhor ainda, ate lhe faco a gentileza de o fazer em privado por e-mail.

Quer continuar a disparar chavoes ignaros sobre "paranoias assepticas"? Creio que ja num post anterior ja lhe dei resposta adequada para esse tipo de infantilidade.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Lowlander,
Se não quer perceber que eu estou a discutir a classificação como lixo antes de chegar ao caixote do lixo não posso fazer nada.
Em algum lado falo em paranóia nacional? É certo que há aspectos nacionais interessantes que pura e simplesmente não existem noutros países, mas esta paranóia não tem nada de nacional.
Já agora, pode dar-me referência dos dados que refere?
henrique pereira dos santos

Henrique Pereira dos Santos disse...

Lowlander,
Enganou-se com certeza no link. O regulamento que cita diz respeito a sub-produtos animais que não são para consumo humano.
Não é disso, evidentemente, que trata o post.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

Caro Lowlander, você parece um ET que aterrou em Portugal. O seu cérebro está atafulhado de conhecimentos apreendidos no seu planeta, onde as baratas são, há séculos, o inimigo da Nato lá do seu sítio. Desconhece a realidade, ignora a extrema pobreza que vitima milhares de famílias, em suma, você, que dá ares de saber muito, não sabe absolutamente nada, é uma enciclopédia da ignorância.
Em Portugal há FOME, percebe? E antes que os burocratas bolcem leis inaplicaveis, regulamentando a forma como se pode fazer chegar alimentos a quem passa fome, há que agir, já, agora, percebe? Você em lugar de dizer estupidamente a outros para irem recolher alimentos no caixote de lixo, deveria era passar por uma carência igual à de muitas pessoas que nada têm que comer, para ver se continuava com as suas ideias do país do faz-de- conta.

Anónimo disse...

Caro Lowlander, você parece um ET que aterrou em Portugal. O seu cérebro está atafulhado de conhecimentos apreendidos no seu planeta, onde as baratas são, há séculos, o inimigo da Nato lá do seu sítio. Desconhece a realidade, ignora a extrema pobreza que vitima milhares de famílias, em suma, você, que dá ares de saber muito, não sabe absolutamente nada, é uma enciclopédia da ignorância.
Em Portugal há FOME, percebe? E antes que os burocratas bolcem leis inaplicaveis, regulamentando a forma como se pode fazer chegar alimentos a quem passa fome, há que agir, já, agora, percebe? Você em lugar de dizer estupidamente a outros para irem recolher alimentos no caixote de lixo, deveria era passar por uma carência igual à de muitas pessoas que nada têm que comer, para ver se continuava com as suas ideias do país do faz-de- conta.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Último anónimo,
Lowlander apresentou argumentos. Acho que o mais útil é discutir os argumentos e não o Lowlander, não há vantagem nenhuma em desviar a discussão para as pessoas que nela participam.
henrique pereira dos santos

Lowlander disse...

"Enganou-se com certeza no link. O regulamento que cita diz respeito a sub-produtos animais que não são para consumo humano."

Nao, nao me enganei. Voce e que nao leu a seccao sobre "termos e definicoes" da legislacao.

Os residuos produzidos nas cozinhas de estabelecimentos de catering e supermercados por conterem produtos de origem animal (carne, ovos, leite, mel, peixe......), sao sub-produtos de origem animal. Categoria 3 de risco para ser preciso, depois de tratados convenientemente podem ser usados na alimentacao animal.

No caso de vegetais, em supermercados, e possivel que estes residuos nao caiam nesta definicao se e so se nunca estiveram em contacto com produtos de origem animal durante o seu ciclo de uso e se foram eliminados em linhas de recolha de lixo totalmente separadas. E possivel, e alguns supermercados fazem isso, mas e raro, so acontece em paises onde existem reais incentivos legais (e nesta definicao incluo legislacao e fiscalizacao efectiva) e financeiros para tratar dos seus residuos convenientemente.
Nas fotos que usa para ilustrar o post estao simplesmente ao lado de um caixote do lixo onde tudo vai parar.
Ja agora, lixo domestico tambem e sub-produto de origem animal.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Lowlander,
Percebi a sua intençãocom o link, que de facto não tinha percebido, mas continuamos na mesma.
O regulamento diz respeito aos resíduos.
Ora o problema é de classificação dos resíduos.
Um exemplo claro.
Se eu fôr ao talho e pedir um lombo de porco da parte junto às costelas o mais normal é o homem do talh o dessossar rapidamente e atirar os ossos para um balde de resíduos.
Mas se eu disser que quero os ossos (exlentes em vinha de alhos, cozidos com uma batata e couves) o homem dá-mos sem qualquer problema.
O problema é que toda a pressão é feita para considerar como resíduos coisas que efectivamente não são.
O esplendor da inversão de valores que este regulamento demonstra é haver derrogações para enterrar os bichinhos de estimação, mas não haver a menor preocupação em evitar o desperdício (como é o caso dos ossos que citei).
Este regulamento é filho desta paranóia higienista e não há nenhuma razão para que não seja permitida e incentivada a utilização dos alimentos que não representam qualquer risco de saúde.
E o mais grave é que a prática é ainda mais restritiva que o regulamento (que na verdade não define o que é resíduo, apenas trata do que se faz ao que for considerado resíduo).
Deixe-me lembrar-lhe o exemplo de uma série de alimentos que eram considerados como não comercializáveis e portanto iam directamente para o lixo (por razões de standartização) e que com a crise actual foram rapidamente considerados como utilizáveis.
É isto que está em causa: uma regulamentação que sirva as pessoas concretas e não uma série de regras excessivas que pretendem uma assépsia (continuarei a usar a hipérbole, para estar aonível hiperbólico da regulamentação) que não considera os efeitos sociais e ambientais desse exagero.
henrique pereira dos santos

Lowlander disse...

Mas HPS, como e que voce pode dizer que isto e culpa da legislacao quando voce proprio indica que ANTES as pessoas deitavam X para o lixo e agora nao???

Porra, ninguem os obriga a descartarem esses produtos de valor comercial reduzido! E pura escolha dos agentes economicos! A legislacao so lhes diz que se querem vender X como produto alimentar entao tem de o tratar de forma como um alimento senao tenm de o tratar como um residuo.
Que paranoia e que esta aqui?
O que ha de irrazoavel em exigir aos agentes economicos que acondicionem os alimentos de forma adequada e mantenham o lixo fora da cadeia alimentar?
Quer o que? Uma lei que os obrigue a NAO deitar no lixo os ossos do porco?
Alem de que, quem lhe disse que esses ossos nao tem valor nenhum no mercado de subprodutos animais? Como farinha de aliemntacao, como biodiesel, como composto para fertilizacao?

Henrique Pereira dos Santos disse...

Lowlander,
Até posso estar de acordo consigo que o problema principal não esteja na legislação mas na forma como é explicada e aplicada. Não sei o suficiente sobre o assunto para perceber se a questão está mesmo na legislação se na forma como é aplicada.
O que sei é que os operadores do mercado, os agentes que tomam as decisões, alguns deles com o maior empenho e boa vontade possível, incluindo para adoptar procedimentos com custos reais, me respondem sempre que o risco é enormíssimo, porque com a forma como actua a ASAE (e os seus antecedentes) os problemas são imensos, mesmo que depois o tribunal lhes venha a dar razão.
O post aliás não se foca na legislação, exclusivamente, mas na paranóia geral sobre o assunto que conduz à situação actual, que é efectivamente de puro desperdício.
Não é o tratamento do lixo que me interessa, é o momento em que se classifica como lixo coisas que podem ser usadas de forma socialmente útil.
henrique pereira dos santos

Lowlander disse...

HPS,
O post refere especificamente a legislacao e o que eu digo e que isso e disparate. Radicalmente absurdo para quem de facto conhece a legislacao.
A legislacao e Europeia e eu vejo-a a funcionar muito melhor noutros Estados Membros.

Quer falar das decisoes sobre como se chega a decisao do que e lixo e o que nao e? Lamento tem de olhar noutro lado. A falta de legislacao que internalize a economia ambiental que esta completamente externalizada do nosso sistema economico. A inepcia das entidades fiscalizadoras a interpretar a lei existente correctamente e a aplica-la no terreno.

E expressoes como "assepsia paranoica" nao sao inocentes, tem carga ideologica. Servem apenas para classificar de forma simplista a realidade. Factualmente erradas de resto. Voce julga mesmo que vive num pais paranoico sobre a carga microbiologica dos alimentos? A serio? Olhe duas questoes rapidas:
- Qual a percentagem da populacao que sabe sequer a definicao de micro-organismo?
- Qual a percentagem da populacao que lava as maos depois de usar a casa de banho?
Assepsia? Nem nos hospital a consegue convenientemente...

Henrique Pereira dos Santos disse...

Já expliquei que uso a assépsia como hipérbole, porque efectivamente é o que está por trás do êxito da paranoia higienista, que se reflecte na legislação e na sua aplicação.
henrique pereira dos santos

Lowlander disse...

HPS,

Explicacoes nao implicam a justificacao do seu uso.

E apesar de andar a bater nesta tecla vai para 2 dias a indicar a legislacao aplicavel e como esta e radicalmente distinta das suas "hiperboles" voce continua a brindar-me com os "reflexos na legislacao".
Pronto! A legislacao e ma porque... porque... porque sim!
Encolho os ombros e concluo que em vez de gastar o meu latim, devia era de o ter tratado como um infante. Olhe: analise custo-beneficio!

Alice Lobo disse...

http://publico.pt/Sociedade/esta-a-nascer-uma-rede-nacional-para-aproveitar-as-sobras-dos-restaurantes_1468474


Cumprs