sábado, janeiro 29, 2011

A cassete (pirata)


Certinho como o sol de Agosto, lá aparecem os mesmos do costume a dizer as coisas do costume sobre as coisas do costume.
Foi aprovado o novo Plano de Ordenamento do Sudoeste Alentejano. Desconheço-o. Não sei se é bom ou mau, se serve ou não serve.
O que sei é que inevitavelmente uns dizem isto, e outros dizem o seu contrário.
Há anos.
Há anos que os senhores autarcas do Sudoeste dizem que os seus concelhos vão acabar amanhã, primeiro por causa da área protegida (infelizmente não sei alemão para conseguir ler o estudo de um antropólogo alemão que estudou o fenómeno e publicou um livro, "enforquem os verdes", que só está disponível em alemão), depois por causa do primeiro plano de ordenamento, depois por causa do POOC, depois por causa da rede natura, depois por causa da revisão do POOC, depois por causa do plano sectorial da rede natura e por aí fora até esta revisão do Plano de Ordenamento.
Mas entretanto estupidamente, a realidade insiste em os desmentir e a demonstrar que afinal estes concelhos são dos mais dinâmicos do país em matéria de Turismo.
Do mesmo modo a cada novo plano, a cada nova acção, a LPN vem garantir que o sudoeste vai ficar amanhã submergido em betão, e que os planos não servem porque não impedem essa ameaça evidente.
Nos intervalos desse discurso apocalíptico (e sempre igual em qualquer plano apresentado até hoje, apenas variando a ameaça principal, que ora é a construção, ora é o turismo, ora é a agricultura intensiva), a LPN quer classificar o parque do sudoeste como parque nacional porque apesar de não estar defendido há tanto tempo, o que lá está é mesmo bom.
É isto o debate sobre conservação da biodiversidade em Portugal?
Por que razão é isto notícia, pergunto-me a mim mesmo.
E por que razão nenhum jornalista, quando faz uma peça destas pergunta aos seus interlocutores por que razão se deve ouvi-los se há vinte anos que dizem o mesmo e a realidade teima em os desmentir?
A todos.
henrique pereira dos santos

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