sábado, fevereiro 12, 2011

PAN? Não obrigado



O video que escolhi para ilustrar o post é de uma das apoiantes do PAN. Para evitar interpretações, devo dizer que não há ironia na escolha: sou um grande fã da Ágata e não podia perder a oportunidade de a ter aqui.
Foi criado o Partido pelos Animais e pela Natureza.
Para mim o seu nome é uma contradição nos termos: não se pode ser pelos direitos dos animais, com a extensão que lhes é reconhecida por este partido e, simultaneamente, ter uma política de conservação consistente e séria.
A defesa de cada indivíduo irá necessariamente chocar com a defesa de espécies, sistemas e processos.
O exemplo clássico é o do controlo de espécies invasoras, mas há muitas mais circunstâncias que em que se confronta a defesa dos indivíduos com a defesa dos valores naturais.
Acresce que na lógica inerente ao manifesto do partido, há propostas que não foram devidamente avaliadas no seu impacto social e de que discordo ou pelo menos tenho dúvidas muito sérias, como esta:
"15 – O PAN defende a criação de um serviço público de saúde eficiente e acessível a todos, que inclua a possibilidade de opção por medicinas e terapias alternativas, de qualidade e eficácia comprovada e exercidas por pessoas habilitadas, como a homeopatia, a acupunctura, a osteopatia, o shiatsu, o yoga, a meditação, etc. Estas opções, bem como os medicamentos naturais e alternativos, devem ser igualmente comparticipados pelo Estado"
Como é característico do pensamento animalista, estão presentes propostas que caminham no sentido da imposição coerciva das convicções de alguns:
"7 – Consciente de não ser possível alterar imediatamente os hábitos alimentares da população portuguesa, o PAN defende uma progressiva diminuição dos seus efeitos negativos sobre o meio ambiente, a saúde pública e a vida e bem-estar de homens e animais mediante várias medidas:a) divulgação da possibilidade de se viver saudavelmente com uma alimentação não-carnívora, vegetariana e vegan e das suas vantagens em termos de não causar sofrimento aos seres sencientes, do equilíbrio ambiental e do sabor, diversidade e riqueza.b) Redução das taxas sobre os produtos de origem natural e biológica.c) Obrigatoriedade dos restaurantes oferecerem pelo menos um prato vegetariano.d) Opções vegetarianas em todas as cantinas escolares e das instituições públicas.e) Incentivo e apoio ao surgimento de lojas de produtos naturais, biológicos e restaurantes vegan-vegetarianos, sobretudo no interior do país.f) Incentivo e apoio à agro-pecuária extensiva.g) Eliminação progressiva da produção de ovos em aviário, acompanhada de promoção das empresas com produção de ovos de galinhas criadas ao ar livre."
Por mim, não apoio um partido com estas características.
henrique pereira dos santos

4 comentários:

Manuel Silva disse...

Caro HPS,

Para além dos aspectos que referiu, queira por favor elaborar e clarificar o que entende por "estas características" e por que razão não as apoia.

Muito obrigado,

MS

Manuel Silva disse...

HPS,

Está no seu direito não discutir este assunto mais profundamente.
No entanto, há aqui várias questões que mereceriam uma atenção mais cuidada.
A “imposição coerciva das convicções de alguns” não é exclusivo do pensamento animalista. Está, na verdade, omnipresente na sociedade, e faz parte de qualquer agenda política.
Depois, cada uma destas propostas teria que ser discutida uma a uma e não metidas todas no mesmo saco.
Finalmente, seria importante reconhecer que, ainda que sofram de uma formulação algo débil, e ainda que algumas das medidas sejam exageradas ou façam pouco sentido, outras derivam de perspectivas interessantes sobre noções de sustentabilidade que são, no ver de muita gente, capazes de trazer contributos igualmente interessantes para a mesma sustentabilidade.
A título de exemplo, a questão da alimentação. Como bem sabe, tem ramificações muito importantes. E de facto, há regimes alimentares mais sustentáveis do que outros, e fará sentido haver promoção institucional e estatal nesse sentido. A questão médica também é muito importante, e também tem impacto a vários níveis da sustentabilidade e bem-estar, inclusive fortes implicações económicas.

Cumprimentos,

Manuel Silva

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Manuel Silva,
A questão é que tenho de gerir o meu tempo.
Mas a correr (que era o que não queria fazer, mas reconheço que corro o risco de nunca responder se não for assim) eu diria que não estou interessado num partido que quer mudar mentalidades, estou interessado em partidos que queiram arbitrar as diferentes mentalidades, não estou interessado num partido que tem ideias fechadas em relação a questões que são estritamente pessoais e por aí fora.
Não é verdade que existam regimes alimentares melhores que outros mas sim formas de produção melhores que outras, mas não estou interessado que isso me seja imposto partindo de ideias fechadas do que é melhor para mim. Etc., por aí fora.
É evidente que o totalitarismo não é exclusivo do pensamento animalista, mas raramente o pensamento animalista radical, como este que é expresso por este partido (que quer constitucionalizar conceitos biológicos sobre os quais nem há consenso científico) está afastado de uma lógica totalitária.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

nao percebi.... como é que se chamam os apoiantes desse partido?

António Monteiro