quarta-feira, maio 04, 2011

Em louvor do registo de dados caótico

Esta fotografia foi tirada quando estava a apanhar roupa da corda. Há vários dias, com destaque para ontem, que a roupa aparece com estes brindes.
Já o mesmo aconteceu há alguns anos, de forma aliás bastante mais intensa. Lembro-me de nessa altura, por coincidência, ter estado com o Ernestino Maravalhas na Faculdade de Ciências de Lisboa e de ele ter falado em condições meteorológicas específicas para o sucedido (aliás normal) e penso que terá falado de uns ventos de Sul, ou coisa que o valha.
Ora neste fim de semana, enquanto via o webcast de um campeonato de surf, os comentadores falavam da estranheza da falta de vento na praia de Leça (ou a do Norte, não me lembro se foi no Sábado ou no Domingo) e de um pouco habitual sweel de sudoeste.
Haverá relação?
Investigadores de bichos destes há poucos (já agora, alguém identifica?). Mas pessoas que apanham roupa há aos milhares.
Se fôssemos registando estas curiosidades, sem mais objectivo que dar a conhecer curiosidades, é bem possível que à medida que o número de observações aumentasse fosse possível estabelecer padrões e modelos de interpretação (a verificar coligindo dados de forma orientada).
A possibilidade de haver números enormes de dados é a utilidade (e a limitação) dos sistemas caóticos de recolha de dados.
henrique pereira dos santos

10 comentários:

Anónimo disse...

"...é bem possível que há medida que o número de observações aumentassem...".

à e aumentasse

Henrique Pereira dos Santos disse...

Corrigido com os meus agradecimentos. Até no título tinha uma gralha, de tal maneira o post foi feito à pressa. Mas mesmo à pressa são dois erros indesculpáveis.
henrique pereira dos santos

Luís Lavoura disse...

Não percebo o que tenha esse bicho de especial. Já vi muitos parecidos em Lisboa. A minha mulher chama-lhes "traças".

A menos que o Henrique nos possa esclarecer tratar-se um inseto diferente dos milhentos outros que estamos acostumados a ver - mas não parece.

Já agora, não tenho a certeza de que ventos vindos do norte de África nos tragam insetos apetecíveis. Eu diria que é mais provável trazerem-nos insetos bem incómodos, do tipo mosquitos da malária.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Luís, o insecto não tem nada de especial nem é essa a questão. A questão é que de alguns dias para cá aparecem com bastante frequência na roupa que está a secar. No resto do ano (apanho roupa muitos, muitos dias por ano) isso não acontece (sobretudo com a quantidade destes dias). Nem essa questão é nada de especial mas simplesmente não sei o que têm estes dias de diferente dos outros. Pura curiosidade.
Mas eu dou outro exemplo. Nos EUA o registo e tratamento estatístico de tudo e mais alguma coisa é habitual. Um dia alguém reparou que no dia em que fazia anos que Martin Luther King tinha sido assassinado havia uma diminuição sensível de acidentes de carro nos estados do Sul.
O assunto foi investigado e concluiu-se que nesse dia, em sinal de luto, havia muita gente que circulava com os faróis do carro acesos durante todo o dia.
O que permitiu verificar que circular de luzes acesas durante o dia, era mais seguro.
É só isto que quiz dizer.
henrique pereira dos santos

Eduardo Marabuto disse...

Olá!
O insecto em questão é uma borboleta nocturna com o nome de Noctua pronuba (familia Noctuidae). Trata-se de uma espécie abundante em Portugal a partir de meados de Abril, quando emergem das pupas que estiveram as semanas anteriores enterradas no solo. Nesta espécie é usual serem as lagartas a passar o inverno, alimentando-se de uma ampla gama de plantas herbáceas pelos campos fora.
Trata-se ainda de uma espécie altamente dispersiva (migratória talvez) que realiza movimentos dispersivos a grande distãncia e por isso colonizou também os Açores e é um visitante regular na Islândia.
Trata-se duma espécie com uma grande plasticidade ecológica com a capacidade de viver em jardins de cidades, etc. e que em anos favoráveis pode ser bem abundante (mas raramente prejudicial a qualquer cultura).
Quanto aos sistemas caóticos de recolha de dados neste âmbito, sou um fervoroso adepto dos mesmos já que é mesmo a escassez dos mesmos (ou a dificuldade na sua obtenção de forma não caótica) que pauta o conhecimento sobre grande parte da biodiversidade em Portugal. Ter dados caóticos é bem melhor, para mim, que não ter dados.

@Luis Lavoura: Como o Henrique frisou, o ênfase não é no bicho que aliás é bastante especial dado que é uma espécie com quem compartilhamos os espaços verdes, com alguns milhões de anos de evolução às costas (tal como nós)e com caracteristicas que a distinguem de tantas outras milhentas espécies que existem (sabia que temos mais de 2600 espécies de borboletas em Portugal? não é fantástico?). Todos os anos os ventos do sul nos trazem ima míriade de espécies de insectos (assim como aves) migratórios tais como borboletas (veja a Bela-Dama - Vanessa cardui, não é apetecivel?), libélulas e moscas e para já, a malária ainda é apenas uma previsão em virtude das alterações climáticas globais, cujo efeito até se tem feito sentir com alguma intensidade na P. Ibérica.
Cumprimentos.

Henk Feith disse...

E agora, já conhecendo a espécie, o registo foi introduzido no Bio4All, com foto e tudo?

Henk Feith

Anónimo disse...

O Luís Lavoura está sempre pronto com a matraca para bater na 1ª oportunidade que surja sem mesmo se dar ao trabalho de ler o que é dito.
Do que entendi, Henrique falou de um assunto interessante.
A interpretação que faço, nestes tempos que vivemos todos conectados, redes sociais, etc, porque não criar sistemas de registo de observações do comportamento da biosfera ? Se há até mecanismos de detectar um sismo sentido pelo impacto que tem em redes sociais, se até em Portugal há pessoas que se organizam em rede para partilharem em tempo real situações meteorológicas, se há fóruns de observação de aves, de insectos, etc, etc, porque não existir um sistema de de registo sistemático de observações ?
A informação resultante daí, quer a quantidade, quer a rapidez, poderia ser bastante interessante do ponto de vista cientifico.
Julgo que foi isso que compreendi, se assim não foi, caro Henrique, peço desculpa.

Anónimo disse...

Meus caros, O Pedro Passos Coelho anunciou hoje em Beja, domingo 8 de Maio, que no caso de ganhar eleições o Ministério do Ambiente, criado há mais de três décadas, será extinto. A maioria das sua competências serão integradas no Ministério da Agricultura que irá ter o nome de Ministério da Agricultura, Mar e Território. Chega assim ao fim, se formarem governo, uma das maiores bandeiras do PSD na governação de Portugal e será conseguido uma das maiores pretensões dos interesses instalados. Não é preciso dizer mais...
Carlos Gaspar

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro anónimo, fazer comentários pessoais é um direito que lhe assiste, mas o mínimo é assiná-los. O luis lavoura tem uma grande qualidade: diz o que pensa sem pensar no politicamente correcto, o que é muito útil e corajoso num país de paninhos quentes como o nosso. Era bom reconhecer-lhe e agradecer-lhe esse serviço público que vai fazendo.
Eduardo, obrigado pelas explicações.
Henk, a seu tempo se fará o registo. Como sabes sou um nabo quer na identificação, quer no registo e não faço esforço para deixar de o ser. Uso é essa condição para ir fazendo comentários sobre o biodiversity4all partindo desse ponto de vista de nabo total que de vez em quando faz uns registos, procurando que o site seja cada vez mais nabo friendly, porque essa é a condição da grande maioria das pessoas que podem contribuir com observações (não com a maioria das observações, que virão sempre dos que não são nabos).
A seu tempo farei o registo (tenho três dias diferentes para registar).
henrique pereira dos santos

vials disse...

Bem interessante!