quarta-feira, julho 13, 2011

Da liberdade e dos transportes públicos


Com um carro com mais de dez anos e seis pessoas com carta em casa, tenho ouvido as mais díspares justificações para o uso do carro em detrimento dos transportes públicos. Algumas são melhores que outras, mas todas as justificações vão desaguar numa só: liberdade.

Os transportes públicos podem ser mais baratos, rápidos e cómodos, mas perdem sempre para a liberdade do transporte individual.

Consoante o grau de liberdade pretendido e a diferença para outros items (preço, conforto, etc.) assim se fazem as opções de usar uma ou outra coisa. Apenas andar a pé pode competir com o transporte individual, em algumas circunstâncias, no item liberdade.

Mas o sistema de transportes baseia-se em pressupostos diferentes: necessidades de gestão das cidades, apoio aos mais pobres, vantagens ambientais e coisas que tal.

No fundo os transportes públicos (na melhor das hipóteses) têm uma lógica de produção clássica na definição estratégica das empresas (procura de eficiência operacional, gestão de risco, acesso ao financiamento público, relacionamento com as comunidades locais).

O que me pergunto é se essa é abordagem certa.

Na verdade as empresas de transporte (sobretudo as grandes públicas) não reconhecem os seus concorrentes, o transporte individual, e não se preparam para lhe fazer frente cativando os seus clientes, as pessoas comuns.

Na verdade o cliente principal destas empresas é o ministro que lhe dá ou não o dinheiro de que precisam e consideram o transporte individual como inerentemente superior, não valendo a pena perder forças combatendo-o.

Eu, que não percebo nada de transportes, às vezes pergunto-me se não seria melhor acabar com o dinheiro público nos transportes públicos. Que compitam livremente no mercado, estabelecendo livremente os seus preços. Claro que o preços subiriam, mas o Estado podia usar o dinheiro poupado para financiar as pessoas que realmente precisam, pagando-lhes os transportes.

Podia ser que assim as empresas se focassem verdadeiramente nos seus clientes, adoptassem uma lógica prevalecente de marketing, investindo seriamente em informação (que não usa habitualmente transportes, ou usa apenas em alguns trajectos, vê-se da cor da abelha para saber como ir para um sítio fora do habitual), imagem, comunicação, inovação, acesso ao financiamento no mercado.

Estou convencido que rapidamente estas empresas desenvolveriam serviços para proporcionar liberdade aos seus clientes, como os serviços porta a porta e on-demand, que hoj dão timidamente os primeiros passos. E mais rapidamente chegariam a acordos com os hotéis, para fazer como em alguns países em que o preço do hotel inclui um passe para os transportes da cidade. E muitas outras soluções focadas no cliente e na sua diversidade.

E nesta altura geralmente acordo que são horas de começar a trabalhar.

henrique pereira dos santos

17 comentários:

EcoTretas disse...

Excelente post!
Mas não é este artigo uma heresia, HPS?

Ecotretas

G.E. disse...

Penso que a subsidiação aos transportes públicos não faz qualquer sentido nos dias de hoje, até porque muitos serviços são mantidos numa lógica de oferta e não numa lógica de procura, o que dificilmente é sustentável por muito tempo. As empresas ou são viáveis ou então devem desaparecer, como em qualquer outro sector de actividade.

Há contudo outro aspecto que deve ser tido em conta nesta discussão sobre o transporte público versus transporte privado, que tem a ver com a fiscalidade. Actualmente existe uma elevada carga fiscal existente sobre os transportes individuais (por via dos combustíveis, do IA e, mais recentemente, do IUC) - a meu ver esta carga fiscal é excessiva.

Esta situação de subsdiação torna o transporte público artificialmente barato para o utilizador, ao mesmo tempo que a fiscalidade sobre o transporte individual encarece artificialmente o seu uso.

Se se acabasse com a subsidiação dos primeiros e com a taxação dos segundos, o transporte público provavelmente desaparecia (pois passaria a ser muitíssimo mais caro face ao transporte individual), ao mesmo tempo que o transporte individual passaria a ser acessível a muitos que hoje não o podem pagar (devido aos impostos, que mais que duplicam o preço do seu uso).

Penso que esta seria uma boa solução para todos (menos para o Estado, que é quem mais beneficia com a manutenção da actual situação, pois só o ISP, por exemplo, representa, salvo erro, 6% da receita fiscal).

Claro que podemos questionar os benefícios de uma tal solução para a qualidade de vida no centro das grandes cidades, onde o número de automóveis iria disparar, mas esses casos resolvia-se com a aplicação, cumulativa, de três medidas muito simples:
- aplicação de uma taxa de estacionamento elevada nas zonas onde o excesso de viaturas é um problema
- fiscalização eficiente e severa sobre o estacionamento "selvagem"
- criação de uma rede de transportes públicos GRATUITOS, de modo a criar um verdadeiro incentivo ao uso dos mesmos (isto é, de modo a que os transportes públicos deixem de ser vistos como o meio de transporte dos pobres, como muitas vezes acontecem, e passem a ser encarados como uma boa alternativa) - esta solução já existe em várias dezenas de cidades na Europa.

Gonçalo Elias

Anónimo disse...

Gonçalo, publique isso numa revista científica e tem um Prémio Nobel da Economia ao pescoço.
Não cite é muitos artigos que falem de externalidades do transporte individual. Melhor, nem os leia senão ainda se engasga.

G.E. disse...

Caro Anónimo,

As externalidades do transporte individual têm muito que se lhe diga. São, acima de tudo, questões de opinião (claramente discutíveis) e não verdades absolutas.

Anónimo disse...

Ficar parado no trânsito é uma questão de opinião.
Doenças respiratórias são uma questão de opinião.
Mortos e estropiados são uma questão de opinião.
Institutos e empresas públicas criados quase exclusivamente só para servir do transporte individual são uma opinião.
Grande parte das forças policiais utilizadas em coisas relacionados com o transporte individual são uma opinião.
Sim senhora, sempre a aprender!

G.E. disse...

Caro Anónimo,

Vamos por partes:

"Ficar parado no trânsito é uma questão de opinião."

Não, não é uma questão de opinião. É uma questão de opção.
O que eu defendo é que cada um é livre de usar o meio de transporte que mais lhe convém. Nada do que eu escrevi sugere o contrário.

"Doenças respiratórias são uma questão de opinião."

Caro Anónimo, não vamos entrar pela demagogia barata, pois não?
As fontes de poluição são muitas e variadas. O transporte individual é uma dessas fontes mas não é a única e nem sequer sei se é a mais importante (tenho dúvidas que os transportes colectivos não emitam mais quantidade de poluentes por passageiro, especialmente considerando a taxa de utilização actual).
Diabolizar o transporte individual como se fosse a principal fonte dos nossos problemas de poluição é estar, intencionalmente, a enviesar a discussão.

"Mortos e estropiados são uma questão de opinião."
Não, não é uma questão de opinião.
Os mortos e estropiados acontecem, em grande parte, devido a comportamentos inadequados de condutores e peões; estes comportamentos registam-se porqueem Portugal existe uma sensação de impunidade generalizada, como resultado e de uma má fiscalização, de uma justiça que não funciona e de uma deficiente manutenção (por esta ordem).
Não é por acaso que os números de vítimas em Portugal são muitíssimo superiores aos do resto da UE.

"Institutos e empresas públicas criados quase exclusivamente só para servir do transporte individual são uma opinião."
Eu levaria este argumento a sério se fossem incluídos igualmente as entidades e empresas públicas criadas quase exclusivamente para servir o transporte público.

"Grande parte das forças policiais utilizadas em coisas relacionados com o transporte individual são uma opinião."
Sinceramente? Acho que não chegam. As forças policiais devem zelar pelo cumprimento da lei e parece-me que neste momento essa função não está a ser bem desempenhada, talvez por falta de meios. De qualquer forma, não vejo que seja mau ter forças policiais afectas a esta questão, por isso sim, isto é uma questão de opinião.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Gonçalo,
Transportes públicos gratuitos, tal como almoços, não há em parte nenhuma do mundo. Alguém os paga. Assim sendo, esses serão os clientes dos gestores desses transportes. O que significa que é nesses que focarão os seus objectivos de gestão e não nos utilizadores, e essa é a minha questão.
Fora isto não sei porque dizes que o transporte público é sempre mais caro que o privado. Tenho ideia que é quase sempre o contrário, a questão é a diferenciação, não é o preço.
henrique pereira dos santos

G.E. disse...

Henrique,

Vou tentar responder aos vários pontos que levantas:


"Transportes públicos gratuitos, tal como almoços, não há em parte nenhuma do mundo. Alguém os paga."
Sim, claro. Eu queria dizer gratuitos para o utlizador. Já existem em várias cidades europeias e americanas.
Claro que seriam financiados com os impostos dos cidadãos, mas convém notar que isso já acontece com os transportes actuais (o utilizador paga apenas uma parte do custo, que muitas vezes é apenas uma pequena parte). O que eu sugiro vai no sentido de isentar totalmente o pagamento de taxa de utilização, mas conforme referi acima apenas nos locais em que o excesso de automóveis seja um problema e sempre acompanhado de medidas eficazes de controlo de estacionamento selvagem.

"Fora isto não sei porque dizes que o transporte público é sempre mais caro que o privado."
Há aí alguma confusão. Eu não escrevi que era sempre mais caro. O que eu disse foi que o transporte colectivo é hoje artificialmente barato para quem o usa (por via da subsidiação) e que o transporte individual é artificialmente caro (por via dos impostos). Daqui não se conclui que o transporte individual seja mais barato que o público - nuns casos será, noutros não, dependerá dos percursos.

"Tenho ideia que é quase sempre o contrário"
Penso que essa é uma ideia que existe [na sociedade em geral] sobre os transportes públicos, mas não estou tão convencido que seja essa a realidade. Nuns casos será mais barato e noutros não. Posso dar vários exemplos em que não é mais barato (assim como é fácil arranjar vários exemplos em como é).
O que sustento é que se se acabasse com a subsidiação nos públicos e com os impostos no privado, restariam poucos casos em que o transporte público continuaria a ser interessante financeiramente.

Vale a pena referir ainda que a tendência é no sentido de um agravamento do preço dos transportes públicos face ao transporte individual - com efeito, o preço da gasolina sobe e desce em função das flutuações do preço do crude, mas o preço dos transportes públicos sobe e nunca desce.

"a questão é a diferenciação, não é o preço."
Sim, concordo totalmente. O uso do automóvel surge muito associado a uma imagem que as pessoas querem passar junto dos seus pares.

Anónimo disse...

GE, foi só um exemplo de algumas externalidades causadas pelo TI. E afinal de contas, afinal não são só uma questão de opinião, não é verdade?

G.E. disse...

Caro Anónimo,

Já desmontei todos os argumentos que apresentou, não sei exactamente o que é permite concluir que não é uma questão de opinião. Nenhuma dessas alegadas externalidades pode ser ligada de forma inequívoca como sendo algo de negativo relacionado com o TI.

Eu sei que é bem visto defender o transporte público e dizer mal do transporte individual. Fica bem. Passa uma imagem de preocupação com o ambiente. Está na moda.

No entanto gostaria de salientar dois aspectos:

- primeiro, conheço muitas pessoas que dizem que o transporte público é que é bom para o ambiente e que o transporte individual é nocivo - mas muitas das pessoas que têm esse discurso (senão a maioria) usam diariamente o transporte individual, apresentando para o efeito as mais variadas justificações ("ah e tal mas no meu caso tenho de usar o carro porque me dá mais jeito, ou porque tenho de levar as crianças à escola, ou não tenho alternativa" e outras justificações do género) - ou seja, facilmente se depreende que estas pessoas defendem o transporte público em teoria, mas na prática não o usam; é como se defendessem que o transporte público deve ser usado mas é PELOS OUTROS. Escusado será dizer que muitas dessas pessoas que defendem o transporte público não assumem publicamente o uso que fazem do carro, porque a incoerência com o seu discurso seria gritante.

- segundo, não conheço muitas pessoas que usem consistentemente os transportes públicos por uma questão de filosofia, por serem realmente contra o transporte individual, estando por isso dispostas a demorar muito mais tempo nas suas deslocações diárias mas que tenham orgulho em dizer "eu ando de transportes públicos".

Gostaria de frisar que eu não sou contra os TP nem contra os TI. Defendo, como já escrevi acima, que cada um deve ser livre de escolher o meio que mais lhe convier. Acarretando com os respectivos custos e consequências.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Gonçalo,
O que estou a tentar dizer é que enquanto as receitas de quem explora transportes públicos não dependerem dos utilizadores, nunca os transportes públicos se orientarão por uma lógica de marketing, informação, inovação que conduza à resposta às necessidades dos utilizadores.
Aliás no exemplo que dás a tua lógica é resolver o problema do trânsito ou das cidades e não o problema concreto que cada pessoa que se quer deslocar.
No limite eu poderia ter uma empresa de serviços de deslocação de pessoas sem ter um único bem material, com as pessoas a dizer de onde querem ir e para onde e eu usar as diferentes alternativas (incluindo o transporte individual) para fornecer uma solução ao cliente em função das suas preferências.
Ora enquanto as empresas de transporte estiverem divididas por meio de transporte, numa lógica de produção, nunca isso irá funcionar dessa forma.
O meu post é simplesmente sobre a eventual utopia de deslocar o foco dos transportes públicos de abstracções entendidas como bem comum para respostas às pessoas comuns.
O resultado, estou convencido mas reconheço que é uma questão de fé, seria um reforço muito importante do transporte colectivo.
henrique pereira dos santos

João Soares disse...

Caro Henrique, anónimo e GE
A internet é uma rede neurocerebral artificial. Dispõe de imensa informação mas está a ficar demasiado controleira por execsso de uma programação em escalada de pressupostos economicistas e contendo os mesmos vícios de forma e conteúdo dos modelos dos "programadores"...e insisitindo em colocarmos demasiado inputs financeiros e "marketing" e regulações económicas, meramente empresariais e sempre na tónica de mercadorização da liberdade, tudo isto leva a um constrangimento e obstrução completa, terminando em colapso do planeta.

Benaventurados os acólitos das ideias capitlaistas, amén!

Luís Lavoura disse...

Excelente post.

Os transportes coletivos têm que passar a encarar os seus utilizadores como clientes e não como utentes. Têm que passar a encará-los como pessoas que dispõem de outras opções de transporte e que só escolhem o transporte coletivo se e quando este fôr vantajoso.

É necessário que o Estado deixe de utilizar os transportes coletivos como forma de dar "borlas" a diversos setores da população, em particular com uma política de preços muito baixos nos bilhetes e uma política de passes que incentiva a obesidade (pois quem já pagou o passe tem todo o incentivo para jamais andar a pé).

Anónimo disse...

Interessante discussão. Duas ideias: não concordo com o Henrique quando invoca a liberdade como principal motivo para a utilização do transporte individual. É provável que este seja até a justificação dada pelos utilizadores, mas na minha opinião este facto radica antes de mais numa afirmação de estatuto social. Goste-se ou não, o Portugal democrático enferma de agudas manifestações de novo riquismo em que o automóvel (e o telemóvel e agora o tablet) constituem ícones de individualismo. Curioso é que muitos habitantes das grandes cidades se sintam compelidos a habitar na periferia onde abundam os lugares de estacionamento e onde até as habitações mais modestas possuem um ou dois lugares de garagem. No entanto se vivessem mais perto de onde trabalham provavelmente nem precisariam de automóvel. Mais, seria interessante fazer as contas ao que se poupa na prestação da renda (ou do empréstimo) por viver fora da cidade mas do acréscimo nas despesas com transportes. Mais interessante ainda seria contabilizar o custo do tempo gasto em "commuting" (existe uma palavra em português para isto?).
Outra coisa, Gonçalo, o teu argumento de que o TI pode ser mais barato do que o TC parece-me aberrante. Claro que há sempre excepções, mas se fizeres uma comparação honesta, estou certo que 9 em cada 10 percursos se tornam menos dispendiosos recorrendo aos TC. Se quiseres aceito o desafio.
Por último, independentemente da validade dos argumentos do "Anónimo", se eu fosse moderador deste grupo não toleraria este tipo de participação.

Alexandre Vaz

Anónimo disse...

"Já desmontei todos os argumentos que apresentou, não sei exactamente o que é permite concluir que não é uma questão de opinião. Nenhuma dessas alegadas externalidades pode ser ligada de forma inequívoca como sendo algo de negativo relacionado com o TI."

Tenha desmontado (desmontou o quê, já agora? Para além de não haver nada para desmontar, apenas pegou na minha lista e falou de cada um) ou não (está mesmo a dizer que mortos e estropiados não é de forma inequívoca algo negativo?! Deve ser selecção natural, suponho.), o que interessa é que essas coisas custam dinheiro. E se custam dinheiro alguém tem que as pagar. Tão simples quanto isso.

G.E. disse...

Alexandre,
Claro que sim. Podemos trocar mensagens em privado e depois partilhar aqui as conclusões a que chegarmos, o que dizes?

Anónimo,
Ou eu não me fiz entender, ou o meu amigo está a fazer que não percebe. Eu em parte alguma escrevi que "mortos e estropiados não é de forma inequívoca algo negativo". Claro que é negativo e claro que custam dinheiro. No entanto, como eu referi anteriormente, esse é um mau argumento anti-TI, uma vez que em Portugal esse problema não é uma mera consequência da existência de TI, mas sim adquire a dimensão que todos conhecemos por causa de outros factores que, a serem corrigidos, iriam fazer reduzir, e muito, o problema (justiça, fiscalização, conservação). Aliás, convém lembrar que uma parte significativa dos acidentes envolve PEÕES que atravessam onde quer e lhes apetece, assim como houve recentemente casos envolvendo transportes colectivos.

Diamantino disse...

Também não tinha noção dos custos do transporte colectivo. Ao falar recentemente com um especialista em mobilidade, este esclareceu-me que o custo dos TC não é grande, é enorme! E a verdade é que as contas destas empresas derrapam anualmente em valores de centenas de milhões, como tem vindo a público quase diariamente (ontem foram só 200M€ para o Metro do Porto se aguentar mais um bocadinho).

O que pagamos no bilhete, o que pagamos nos impostos e o que os sucessivos empréstimos foram mascarando e que agora todos vamos pagar, não chega para compensar os custos da sua exploração.

O que não é lógico é pagarmos tudo isto e ainda gastarmos uma boa parte do nosso dinheiro em TI para quase todos os dias e para estar horas infindáveis em filas.

A proposta do Gonçalo não é má de todo. Quem não quer estar em filas tem a possibilidade de um transporte gratuito ou muito barato, subsidiado, e mais rápido. Garante-se o interesse da procura pelo trânsito. Os restantes transportes são pagos consoante o custo da sua eficácia e aí entraria a proposta do HPS, em que as empresas teriam de fazer pela vida para ter clientes. A hipótese de subsidiar o utilizador e não o prestador também seria boa para diminuir as assimetrias sociais que se iriam registar.
Acrescentaria o direito social dos transportes poderem gozar de mais e reais corredores, para poderem ser rápidos e mais atrativos.
Mas o problema é um pouco grande de mais para a questão formulada. E o que fazer com bairros periféricos, muitos deles sociais, e que poderiam ficar sem nenhuma das alternativas (TC e TI)? Entramos num enigma de gestão em que é mais fácil dizer "subsidie-se" do que ter massas de descontentes, e com razão, nas ruas.
Mas subsidiar-se indiferentemente a oferta, numa lógica de Estado faz tudo, também não é solução.
É uma questão sem solução evidente e que implica com muitas variáveis, como o planeamento, acesso democrático ao transporte, poluição, trânsito...