Estamos em condições de anunciar que Luís Palma e Pedro Beja ganharam o prémio de empreendedores da década no sector da conservação.
O prémio foi atribuído por henrique pereira dos santos, premeando e reconhecendo o desempenho excepcional dos premiados que culmina na aprovação de financiamento para o projecto de reintrodução da águia pesqueira.
A justificação para a distinção prende-se com o facto dos empreendedores terem conseguido vender cerca de 10 000 euros mensais de serviços durante cinco anos (financiamento de cerca de 640 000 mil euros por parte da EDP) para resolver um problema de conservação inexistente com base numa curiosidade biológica que o tempo se encarregará de tornar realidade, independentemente do projecto.
Trata-se de garantir de nidificação de uma espécie globalmente pouco ameaçada, que é migradora frequente em Portugal mas que tinha deixado de nidificar em Portugal há alguns anos (1997), uma curiosidade biológica sem nenhum significado de conservação já que as populações residentes do Mediterrâneo não têm diferenciação genética. O repovoamento será feito com animais do Norte da Europa (onde a espécie está em franca expansão).
As populações nidificantes do Mediterrâneo, depois de anos de retracção, estão de novo em expansão e a poucos quilómetros da fronteira portuguesa.
Numa demonstração de capacidade dos empreendedores, o próprio Presidente do ICNB assume o interesse em participar financeiramente na futura expansão do projecto para o estuário do Sado, demonstrando que não é o facto do ICNB não ter dinheiro para o essencial que impede os empreendedores de motivarem investimentos deste instituto em brincadeiras que visam obter curiosidades biológicas.
Para a atribuição do prémio contribui também o facto de se verificar que as pessoas e ONGs que há alguns meses acusaram a EDP de greenwashing a propósito de uma campanha publicitária se manterem sem reacção face a este grande financiamento da EDP, cujo interesse para a conservação é ainda menor que o da campanha que em tempos motivou reacções tão fortes.
O prémio será entregue logo que surja a oportunidade para um valente aperto de mão aos promotores pela demonstração de que, ao contrário do que é frequentemente invocado, não é a falta de recursos que impede a adopção de programas de conservação mas apenas a falta de empreendedores com suficiente capacidade empresarial para criar oportunidades.
Este projecto demonstra que captar mais de meio milhão de euros para resolver problemas de conservação, mesmo inexistentes, apenas exige estratégias de marketing adequadas e capacidade por parte dos empreendedores, tendo por isso um enorme potencial de mobilização positiva para todo o sector.
henrique pereira dos santos
10 comentários:
O artigo do publico diz, citando um dos premiados: "É tudo artificial, mas tem grande potencial"..."temos que ser pragmáticos".
Henrique, 100% de acordo com o «prémio» atribuído por este estapafúrdio e oneroso projecto. Se o objectivo é tão-só tornar a águia-pesqueira que, como migradora é frequente, novamente nidificante, acho que era mais eficaz atar uns cordéis a umas tantas para garantir que elas ficavam cá mesmo todo o ano. Essa ideia de trazer aves jovens que nunca migraram como garantia de que elas não vão migrar é a «coisa» obtusa. Faz lembrar a história da galinha e do ovo... porque, na verdade, as primeiras águias-pesqueiras a migrarem nunca tinham migrado antes... e por isso que garantias haverá que estas que serão importadas não migrarão só porque nunca migraram?
Pedro, parece-me oportuno referir que na Andaluzia foi desenvolvido um projecto de introdução de águias-pesqueiras e que as aves jovens aí libertadas migraram, na sua maioria, para África subsariana.
Deixo dois links com mais informação sobre este assunto:
http://www.elpais.com/articulo/sociedad/aguila/pescadora/extinguida/hace/anos/vuelve/reproducirse/Espana/elpepusoc/20090605elpepusoc_10/Tes
http://www.birdcadiz.com/llegan-a-la-region-19-pollos-de-aguila-pescadora-procedentes-de-alemania-para-el-programa-de-reintroduccion
Gonçalo Elias
Eis aqui dois jovens empreendedores nacionais que, com o seu trabalho, fizeram aumentar o PIB e, portanto, reduziram o défice do Estado em relação ao PIB!
O post está muito engraçado. Sobre a veracidade das suas alegações, não me pronuncio. Mas nem me admirava que fosse tudo verdade...
Luis,
Gostaria de deixar claro que acho verdadeiramente que o Luís Palma e o Pedro Beja merecem um prémio de empreendedorismo.
Críticas sobre a afectação de recursos, que estão evidentemente implícitas na ironia, não são para eles mas para quem decide a afectação de recursos.
Mais informação pode ser obtida no fórum das aves onde decorre uma discussão, mais técnica, sobre o assunto.
henrique pereira dos santos
Já agora fica aqui o link para o Forum Aves:
http://aves.team-forum.net/f1-aves-de-portugal
A leitura é livre, no entanto quem quiser participar terá de se inscrever no Forum (registo gratuito).
Enquanto procurava mais informação sobre a situação das águias-pesqueiras em Espanha encontrei esta notícia da semana passada que dá conta que no norte de Espanha (entre as Astúrias e a Galiza) também está a ter lugar pelo menos uma iniciativa de introdução de águias-pesqueiras. O processo tem gerado alguma polémica.
http://www.elpais.com/articulo/Galicia/Ornitologos/critican/captura/aguila/Eo/elpepiautgal/20110706elpgal_15/Tes
Quando no final da década de 90 era técnico do então ICN, participei num par de reuniões com estes dois empreendedores, a quem aproveito para felicitar por terem conseguido vender este verdadeiro embuste, tendo em vista a reintrodução da águia-pesqueira em Portugal como nidificante. Lembro-me que os valores envolvidos eram relativamente faraónicos (se compararmos, por exemplo, com o orçamento de então do ICN) e lembro-me também de que o principal argumento para a importância desta reintrodução era o facto da “população mediterrânica” de águia-pesqueira ser distinta das do centro e norte europeu. A primeira é residente (efectuando apenas alguns “movimentos de dispersão”), caça em ambiente costeiro (embora também o faça em águas interiores) e nidifica em escarpas costeiras, contrariamente às do norte e centro europeu. Estas diferenças eram, bem me recordo, invocadas insistentemente pelos mesmos intocáveis empreendedores agora premiados, como justificação única (obviamente, para além da recente extinção) para tanto dispêndio e prioridade.
Tendo-se verificado que o afastamento genético não era o desejado pelos intocáveis empreendedores e que, se bem me recordo, se vislumbravam dificuldades em conseguir países doadores de jovens águias na área da então chamada “população mediterrânica”, mandaram-se os argumentos iniciais literalmente para trás das costas porque o que afinal mais importava era introduzir as águias fosse lá como fosse. E fica-me a suave sensação que se chama à soberba de dois intocáveis empreendedores, conservação da natureza…
Quanto ao ICNB, espero que não sendo esta uma questão minimamente relevante para a conservação da natureza, não torre um cêntimo do seu – que digo, do nosso! – dinheiro em folclore. Porque se o fizer confirmo a triste conclusão que o seu primeiro problema não é mesmo financeiro.
Gonçalo Rosa
A ser verdade tudo quanto é dito, eu não chamaria empreendedores aos miseráveis que se servem de uma causa nobre (conservaçõa da natureza) para andarem a intrujar pessoas bem intencionadas.
Aos decisores da EDP não se lhes pode exigir conhecimentos científicos sobre a águia-pesqueira.
Apareceu-lhes pela frente professores universitários da área do ambiente a solicitar apoio para um projecto magnificente, eles com dinheiro em barda para gastar na causa verde, pois outra coisa não seria de esperar.
Lembro-me da polícia ter conseguido correr com as raparigas e mulheres que há uns bons anos, nas ruas de Lisboa, colavam autocolantes com flores ou com a bandeira nacional nas camisas dos incautos transeuntes, pedindo-lhes dinheiro para ajudar as criancinhas pobres.
Não há polícia que pare estes trafulhas?
Bem.. Depois de ler tamanha quantidade de disparates não sei se chore se ria!
Na verdade, se há aqui alguém que merece um prémio de empreendedorismo, esses alguém são o Sr. Henrique Santos e o Sr. Gonçalo Rosa, pela arte que manifestam na capacidade de, sincronizadamente, fazerem outros "empranharem pelos ouvidos" e de utilizar um discurso cínico, sarcástico, omisso e tendencioso. Que coisa linda!
Ora vejamos, o Arq. Henrique Santos, autor deste post (e do "puro veneno" que se lhe seguiu). Curiosamente, na altura da 1ª proposta de reintrodução, nos finais dos 90s, era presidente do ICN e foi o responsável pelo financiamento de vários estudos e projectos relacionados com a possibilidade de reintrodução das pesqueiras. Desde o financiamento do proj em Cabo Verde a diversas outras acções relacionadas com esta espécie, como a recuperação de infraestruturas na Torre de Aspa. Nada de mal nisto! Apenas acho piada à omissão deste facto no seu discurso inflamado. Falta de hombridade, no mínimo...
Segundo, o Sr. Gonçalo Rosa (ainda comercializas conchas exóticas, pá?). Nem percebo como se atreve sequer a falar do que quer que seja relacionado com conservação de Biodiversidade! Hilariante.
O que estes verdadeiros iluminados não referiram uma única vez, e não porque não o saibam, é que toda esta coisa da reintrodução das pesqueiras foi profundamente debatida, em duas ocasiões diferenciadas, por grupos dos maiores especialistas internacionais da espécie. A primeira vez, num simpósio internacional de rapinas em Urbino (Itália) em 1996, em que o caso português de uma possível reintrodução foi utilizado como case study por um grupo de 30 experts da espécie. E foi ali que os empreendedores trafulhas reuniram a maior parte dos dados que acabariam por originar o presente projecto. Um pormenor, claro, que não interessou referir. O discurso inflamado é muito mais eficaz com meias verdades e meias mentiras.
Depois nota-se a falta de alguns dados curiosos sobre a espécie em Portugal. Sabiam que os casais costeiros desapareciam misteriosamente durante uns 4 meses, a partir de Setembro? Ninguém sabe para onde se dirigiam, talvez logo ali ao lado, ou talvez para a Ria Formosa, ou talvez até para o Senegal... Residentes? Talvez.
E a extrema filopatria dos casais do sul da Europa? A espécie demorou 30 anos a colonizar o sul da Córsega, a partir do norte da ilha. Pensar em recolonizações naturais, a partir de Cabo Verde ou whatever, é âmbito da ficção científica.
Problemas com as temperaturas na zona do Alqueva? Então e os animais que nidificam no Mar Vermelho, usam ar condicionado para sobreviverem aos 40º à sombra?
E depois existe aquele pequeno pormenor que ocorreu 4 anos depois da morte da fêmea do último casal (o tal da Arrifana). 4 anos depois, o macho recrutou uma fêmea, tendo ocorrido tentativas de nidificação sem sucesso. Esta fêmea só pode ter sido originária do norte da Europa, o que é um facto de extremo relevo nesta questão.
Depois existem os registos históricos em Espanha de nidificação em áreas estuarianas e aparentemente mesmo no interior.
E os contra-argumentos poderiam continuar longa e enfadonhamente!
Qual o objectivo destes srs. com a contra-informação, não sei. Temo até que acreditem no que aqui verbalizam.
Não os conheço pessoalmente, tal como não conheço pessoalmente os tais empreendedores (aka trafulhas lol), mas conheço o trabalho que têm feito, colmatando a invisibilidade do ICN(B). Respeito-os por isso, no more no less.
Só mais uma coisita. O ICNB nunca financiará qualquer projecto de reintrodução no Sado. No máximo poderá facilitar o processo burocrático.
É engraçado constatar de forma tão gritante como a web pode ser particularmente perigosa. A culpa não é dela, coitadita, mas sim da falta de escrúpulos de quem a utiliza para proveito próprio (a problemática dos bloggers). Bem como da ingénua e "trigger happy" credibilidade de indivíduos como o anónimo que postou antes de mim.
Tá dito. E agora é esperar que os bloggers removam este comentário ;)
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