sábado, junho 13, 2009

silêncio

Não raras vezes, quando aqui se escreve sobre o funcionamento das ONGA's nacionais, aparecem comentários diabolizando aqueles que nelas trabalham, no sentido mais estricto do termo. Esfrega-se o bom nome de um par de pessoas na lama, poe-se em causa a bondade dos outros e, como corolário, tem-se o cuidado de não assinar a peça. Devo dizer que lamento profundamente este tipo de actitude, na qual nem na forma, nem no conteúdo, me revejo.

Nunca pus em causa a necessidade de bons projectos de conservação encabeçados por ONGA's, nem sequer questionei a necessidade de que aquelas tivessem quadros técnicos de qualidade para os executarem. Mas o domínio de uma ONGA por pessoas que dela dependem financeiramente - quer como resultado dos seus dirigentes serem pagos pela ONGA, quer pelo facto dos quadros técnicos acabarem por, efectivamente, liderarem a Associação por "ausência" ou manifesta incapacidade dos seus dirigentes - resulta normalmente na procura incessante pela angariação de novos projectos que permitam garantir a manutenção dos postos de trabalho.

Os resultados desta inversão de prioridades, passam pelo afastamento dos sócios da vida da associação (veja-se, a dificuldade que normalmente há na formação de listas ou a baixíssima adesão aos actos eleitorais), pela tremenda dependência financeira de projectos (basta visitar os orçamentos e relatório e contas destas ONGAs), pelo abandono do trabalho de lobby e de pressão política que, numa versão mais purista para não ir mais longe, não angaria fundos e até pode pôr em causa a obtenção de novos projectos e, finalmente pela má fama que, crescentemente, vão ganhando a este nível.

Tenho pena que dirigentes e demais figuras de proa das ONGA's deste país, se recusem a discutir esta que é, na minha opinião, o principal dilema das associações ambientalistas cá do burgo. Alguns, enervam-se em conversetas de café e de vão de escada, sem exposição pública alguma para não correr riscos. Outros, preferem a estratégia da avestruz, esperando candidamente que a coisa passe quando levantarem a cabeça da terra. Enquanto isso, o problema ganha forma e tamanho e só lamento que, com custos muito maiores para o movimento ambientalista, daqui a algum tempo reconheçam a razão daqueles que, por agora, fazem o papel dos "velhos do Restelo".

Gonçalo Rosa

9 comentários:

Anónimo disse...

O princípio da sua mensagem tem a sua graça. O Gonçalo levanta a lebre e depois não quer que ninguém a mate. Caro Gonçalo, os bois sempre tiveram nome. Se você não os chama pelo nome não critique quem o faça. O anonimato é permitido neste blog. Se você não gosta do sistema, mais do que a ninguém cabe-lhe a si mudá-lo. Não queira agir como uma virgem angelical quando o seu papel tem sido o de espicaçar sempre que pode. Não queira ficar bem com Deus e com o Diabo que acaba mal com os dois.

Gonçalo Rosa disse...

Caro Anónimo,

Devo-lhe dizer que evito responder a anónimos, especialmente quando cobardemente usam esta capa para ataques pessoais.

Quando não especifico as ONGAs a que me refiro é porque acho que o problema é generalizado. Se, neste caso, acha muito importante os nomes, falo nomeadamente de Quercus, LPN, SPEA e CEAI. E quando afirmei "o bom nome de um par de pessoas na lama" referia-me a ataques pessoais que pôe em causa o bom nome e a honra de pessoas. As críticas que tenho vindo a fazer são antigas e procuram exclusivamente discutir um problema, que aliás também você não discute.

Quanto ao anonimato, creio que confunde regras com ética. É infelizmente confusão comum nos dias de hoje. Depreende-se de que se as regras o permitem, que se dane a ética. Mas reconhecerá certamente que, neste ponto, não me faltará coerência. Sempre assinei o que escrevo.

Não entendo o que quer dizer que o meu "papel tem sido o de espicaçar sempre que pode"? Quer discutir em concreto ou fica-se por aqui?

Como lhe referi no início, não respondo habitualmente a anónimos, pelo que lhe agradecia que assina-se o que escreve.

Gonçalo Rosa

Anónimo disse...

Caro Gonçalo, você omite propositadamente os nomes das pessoas que manipulam ou manipularam as ongas de referência não por desconhecer o nome delas mas por COBARDIA. Cobarde é portanto você e não os que dão aos bois nomes.

A pseudo-ética que impõe às suas mensagens terá por finalidade um dia poder ser acolhido no rol dos fazedores de projectos que tomaram de assalto as ongas? Não sonhe com isso homem! os ventos que semeou, apesar dos cuidados, hão-de trazer-lhe tempestades ainda por muitos anos.

Não se preocupe mais comigo que esta é a última vez que comento mensagens suas. Até porque prefiro, mil vezes mais, predadores de ongas a hipócritas.

Oscar Alhinho

Gonçalo Rosa disse...

Caro Oscar,

Quando diz que "você omite propositadamente os nomes das pessoas que manipulam ou manipularam as ongas de referência não por desconhecer o nome delas mas por COBARDIA", engana-se redondamente. Não faço disto um problema pessoal, com um qualquer Zé, Manel ou Joaquim. O problema não é da acção de um indivíduo um de um pequeno grupo de pessoas em concreto que, mas de uma dinâmica em que as ONGAs nacionais entraram e que, em meu entender, levanta sérios problemas ao movimento ambientalista. É isso que pretendo discutir e lamento que não tenha tido a capacidade de me fazer entender, nem no post, nem no comentário anterior.

Quanto aos rótulos, juízos de intenções e ataques pessoais, prefiro deixá-lo sem resposta. Lamento muito, mas não tenho nem tempo, nem disposição e muito menos falta de educação para entrar neste tipo de "diálogo".

Gonçalo Rosa

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Alhinho,
O seu comentário é abaixo de cão.
Deixe lá os adjectivos e os ataques pessoais e discuta os argumentos de substância de quiser.
E já agora, seja crescidinho e assine o que escreve.
Já agora, não vale a pena tentar liquidar esta discussão desta forma: a discussão existe independentemente da vontade de todos nós.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

Compreendido!

O único que pode apontar nomes é o Henrique, pois não utiliza linguagem canina e fá-lo com ética e educação.

O anónimo que por aqui fez uma crítica aos nomes que apontou será um mesquinho, um comentador reles, daqueles também abaixo de cão.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Compreendeu mal, caro anónimo:
o que é abaixo de cão é o comentário, não é o comentador (que evidentemente desconheço, pode ser uma jóia de pessoa e ter simplesmente feito um comentário mau no meio de uma vida santa e sensata).
O uso de nomes não tem problema, o que tem problema são os ataques pessoais sem fundamento explícito.
Como vê, percebeu tudo ao contrário.
E não percebeu a questão essencial da assinatura.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

"O uso de nomes não tem problema, o que tem problema são os ataques pessoais sem fundamento explícito."

Experimente perguntar às pessoas das ongas por si nomeadas se não se acharam atacadas pessoalmente e sem fundamento explícito.
Só você compreende tudo...à sua maneira.

Anónimo disse...

Mas que conversa mais tonta.

Caro anónimo, Então mas não vê que o Henrique Pereira dos Santos fundamenta sempre as suas posições de forma explícita? Pode concordar-se ou não com os seus argumentos mas não lhe li ainda um ataque pessoal feito sem fundamentação. Se discorda, diga lá então onde está o tal ataque pessoal sem fundamentação?

De resto não percebo muito bem o que está a defender. Se de facto existem dirigentes de ONGAs que se sentem ofendidos com a crítica então que assumam a ofensa e expliquem onde está a injustiça da crítica. A política do coitadinho que se sentiu ofendido é que já não cola pois estas pessoas exercem cargos com relevância pública e como tal têm de estar dispostos a prestar contas.

Pedro Luís