sábado, agosto 15, 2009

ganhar batalhas sem tropas (uma dica para o movimento ambientalista)

visitação ao blogue 31 da Armada
(de 16 de Julho a 15 de Agosto)

Declaração de interesses: não sou nem adepto da causa monárquica nem do tipo de acções como a que o 31 da Armada realizou

O facto é bem conhecido. Na madrugada de 10 de Agosto passado, alguns bloggers do 31 da Armada visitaram a Praça do Município em Lisboa e trocaram a bandeira municipal, substituindo-a por uma bem mais querida à causa monárquica. No dia seguinte, entregaram a bandeira do município lavadinha no "5àsec" na Câmara Municipal.

Muito mais eriçados pela visibilidade dada à falta de segurança na cidade que pelo crime alegadamente cometido propriamente dito, CML, Polícia Municipal, Polícia de Segurança Pública e Polícia Judiciária deram exemplo de boa colaboração e, poucos dias depois, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DIAP) constituía arguido por suspeita de prática de furto um dos bloggers criminosos, apreendendo a bandeira monárquica e a máscara de Darth Vader utilizada no criminoso acto, cumprindo rigorosamente o resto do programa do 31 da Armada.

Bem antes da Implantação da República, já o povo aplaudia este pôr em causa os poderes instituídos com irreverência, sem violência e boa educação. Os resultados estão à vista no gráfico que ilustra este post, que bem poderia intitular-se "Muito bom dia, somos o 31 da Armada!".

Lá para as calendas gregas, se a Justiça fizer o favor de julgar tudo isto, lembrando à malta o que já havemos de ter esquecido, e absolvendo eventuais réus ou condenando-os a uma pena ligeirota, dará o derradeiro sinal de que... valeu a pena. Completamente contrário ao desejado pelos que, cegos pela letra da lei, não vêem a patetice disto tudo.

Uma bela dica para o movimento ambientalista!

Gonçalo Rosa

6 comentários:

Henrique Pereira dos Santos disse...

Gonçalo,
Não estou nada de acordo. Gerir a pensar na mediatização tem sido o problema central do nosso movimento ambientalista.
Uma coisa é gerir para resolver problemas e mdiatizar o que se faz, o que está certo.
Outra coisa é eleger a mediatização como primeira preocupação e como método principal de actuação.
henrique pereira dos santos

Gonçalo Rosa disse...

Henrique,
Se ler o que escrevo na "declaração de interesses" no início deste post, verá que discordo deste tipo de acções. O que questiono é se fará sentido agir judicialmente, dando visibilidade a este tipo de iniciativas. É, na verdade, o que os seus autores procuram.

Gonçalo Rosa

Miguel B. Araujo disse...

Em Madrid, um acto semelhante foi perpetrado, há menos de 1 ano, por movimentos republicanos que colocaram a bandeira da república num dos edíficios do "Ayuntamiento" na Praça "Mayor". Também se falou de os levar a tribunal fazendo-os pagar pela afronta.

Unknown disse...

Miguel,
Não conheço a situação em concreto. A questão que ponho é até que ponto o cumprimento estrito da lei pode ser interessante sobre o ponto de vista de mediatização de uma causa. O levantamento de processos judiciais incrementa a publicidade gratuita nos media, tanto mais quanto se arrastam pelo tempo (no caso que referes, a justiça espanhola concretizou o processo em meses). E se o "preço" a pagar for nenhum ou meramente simbólico, não só estas acções valem a pena a quem as preconiza, incentivando que outros utilizem as mesmas armas.

Mais uma vez, que seja claro que eu não defendo este tipo de acções mediáticas.

Gonçalo Rosa

Miguel B. Araujo disse...

Gonçalo,

Pessoalmente acho que se empola esta questão, assim como achei que se empolou o caso dos republicanos de Madrid que, possivelmente, inspiraram este acto em Lisboa.

Como disse, mais do que levar os sujeitos a tribunal, este acto deveria fazer pensar na facilidade com que um qualquer grupo de cidadãos acede às instalações publicas para colocar as suas bandeiras.

Obviamente que levá-los a tribunal é dar-lhes visibilidade. E obviamente que ao levá-los a tribunal está-se a dar um peso político ao acontecimento que cria oportunidades para um debate, tido como desnecessário, sobre os fundamentos da nação.

Como republicano assumido que sou, eu tenderia a deixar cair o assunto pois não vejo que se ganhe nada em dar visibilidade a estes tipos.

Reconheço, porém, que é uma postura táctica (assim como a deles foi).

Gonçalo Rosa disse...

Miguel,
100% de acordo E tratem lá de termos ruas mais tranquilas nesta e noutras cidades em geral, nalguns locais "óbvios", em particular.

Só por "piada"... há uns tempos, mesmo em frente à casa de uma amiga minha, roubaram (levaram) o multibanco... a dita máquina de dar dinheiro estava dentro do tribunal, onde não há polícias. Obviamente!!! :S

Gonçalo