sexta-feira, dezembro 10, 2010

Commodities e indústria automóvel

Gráfico com quatro diferentes índices de preços de futuros de commodities, tirado daqui.
Em vários jornais aparecem notícias de aumento de preço de commodities, desde o algodão, passando pelo trigo e o petróleo acima dos 90 dólares.
Parte disto são dificuldade conjunturais, como as más colheitas de cereais da Rússia, Ucrânia e países envolventes.
Mas convém não esquecer que ao mesmo tempo o Financial Times tinha ontem uma notícia muito interessante, sobre os construtores de carros alemães, que estão a planear paragens mais curtas no Natal para garantir a satisfação da procura, em especial chinesa.
De tanto ouvirmos falar na nossa crise, temos tendência para esquecer que a China, a Índia e o Brasil (para citar alguns mais notórios) estão apesar de tudo com crescimentos anuais importantes, grande parte em função das suas procuras internas e não apenas como exportadores (a China é hoje a fábrica do mundo, mas fabrica cada vez mais para chineses também).
Este crescimento traduz-se em mais riqueza e, consequentemente alteração dos padrões de consumo, nomeadamente na alteração da alimentaçãoo, onde a carne e os lacticínios tendem a aumentar (por pouco que aumentem para cada pessoa, o resultado é uma imensa pressão sobre os cereais, de tanta gente que há na China, Índia e Brasil).
Para os neo-malthusianos é agora que se vão conhecer os limites do crescimento (o Carlos Aguiar aconselhará uma atenção especial ao consumo de fósforo).
Para os outros as pressões sobre a economia vão obrigá-la a reformular-se, alterando os perdedores e ganhadores actuais.
Entretanto Xangai é a região do mundo com menor taxa de fertilidade e menor crescimento natural da população.
O futuro ainda será por muitos anos a mais desconhecida das realidades.
Pelo menos para mim, que não sei de economia nem consta que tenha biblioteca.
henrique pereira dos santos

4 comentários:

Nuno disse...

Fico contente por o Ambio fugir à total indiferença (estado de negação?) com que se encara este assunto, não só em Portugal como por esse mundo fora.

Mais uma notícia avulsa relacionada com commodities, petróleo e alimentação:

"Preços de matérias-primas sobem a ritmo alarmante"
http://www.ionline.pt/conteudo/93105-precos-materias-primas-sobem-ritmo-alarmante-

"Carne, milho e arroz são os bens alimentares de maior pressão. O preço do petróleo é um dos factores de encarecimento das matérias-primas."

Ou seja, os preços do açúcar (e do café, provavelmente a seguir) ressentem-se imediatamente:
http://www.indexmundi.com/commodities/?commodity=sugar

As mentalidades conspiracionistas pensam logo que é manipulação de preços local (também pensam sempre que é a Galp que sube o preço do crude), quando é óbvio que cancelaram encomendas porque pura e simplesmente não compensa importar até os preços no consumidor subirem. Resultado: há hoje racionamento de açúcar em Portugal, localizado pelo menos.

São óptimas notícias para o mel e beterraba nacionais e europeus, que podem ter um regresso e/ou crescimento.

Cumprimentos

Nuno Oliveira

Luís Lavoura disse...

Nuno Oliveira:

"não compensa importar até os preços no consumidor subirem. Resultado: há hoje racionamento de açúcar em Portugal"

Não percebo por que é que racionam o açúcar, dado que o seu preço de venda ao público é livre. Em vez de racionarem poderiam simplesmente subir o preço, e os consumidores racionariam eles mesmos.

Isto só mostra como a mentalidade económica portuguesa é avessa à economia concorrencial de mercado livre. Em vez de deixarem o preço seguir o caminho normal de crescimento perante a escassez, preferem manter o preço baixo mas racionar!

Luís Lavoura disse...

"Xangai é a região do mundo com menor taxa de fertilidade"

Isso é verdade em todo o Extremo Oriente. A Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, todos esses países têm natalidades baixíssimas, ainda muito mais baixas que a portuguesa.

Mas há outros países que também se estão a desenvolver muito rapidamente mas onde a natalidade permanece alta. Nomeadamente a África - sim, a África, que, ao contrário do que muita gente pensa, se está a desenvolver a bom ritmo.

Nuno disse...

Luís Lavoura:

Não faço a mínima ideia porque não subiram o preço, que realmente seria o lógico a fazer, será que não podem fazê-lo num período a muito curto prazo?
Seja como for o móbil é externo.
A ver as cenas dos próximos capítulos..