sexta-feira, janeiro 14, 2011

atuns (e bacalhaus)



Há alguns dias atrás, tive acesso a uma notícia publicada no portal Naturlink, com origem no jornal El Mundo. A notícia, referia que “um exemplar de atum-rabilho com 342 kg que foi capturado na ilha japonesa de Hokkaido foi vendido a dois proprietários de restaurantes pela módica quantia de 300 mil euros…” e ainda que “Este é mais um sinal de que a precária situação de conservação do atum-rabilho que levou em Junho à decisão de reduzir em 4% as quotas de pesca desta espécie, não fez diminuir a procura, tendo apenas feito disparar os preços. “.

Para além do valor recorde – mais de 1000 euros por quilo - a que o referido atum foi vendido, a notícia não traz de novo. Não faço ideia se o preço do quilo de atum-rabilho de dimensões mais comuns no mercado disparou ou  não, mas fascina-me esta nostalgia que se surpreende com o facto da divulgação da situação precária de uma espécie com tradição de consumo por parte de uma qualquer sociedade humana, não parecer afectar a procura. Os preços são afectados pela oferta e pela procura e, evidentemente que uma menor oferta faz subir preços. No meio de tudo isto, falta saber como reage, neste caso concreto, a pesca ilegal (não considerada para efeitos de preenchimento de quotas), porque a regra é a de que sempre que se restringe quotas ou interdita, incentiva-se o mercado negro.

Gonçalo Rosa

4 comentários:

Luís Lavoura disse...

Mas que raio de confusão que vai por este post!

A divulgação de que uma espécie se está a esgotar não faz, só por si, diminuir a procura, como é evidente. As pessoas, em geral, alguns ecologistas à parte, não modificam o seu comportamento em função da divulgação de certas ideias.

Porém, se a espécie se está a esgotar então, mais tarde ou mais cedo, a sua oferta no mercado diminuirá, pelo que o preço aumentará e, isso sim, fará diminuir a procura, tão certo como 2 mais 2 serem 4. É o aumento do preço, e não a divulgação de quaisquer dados sobre o esgotamento da espécie, quem faz diminuir a procura.

E não é preciso ir-se ao Japão para se perceber isto: basta ver o consumo atual de bacalhau por parte dos portugueses comparado com o que era esse consumo há 40 anos atrás. O bacalhau esgotou-se, o preço subiu, o consumo desceu. Fixe. Não foi preciso divulgar absolutamente nada.

aeloy disse...

Faz-me recordar os tentilhoes , do Darwin. Especie dimiunui, aumentam as outras que por sua vez chegam a um limiais insustentável e entretanto a espécie que estava quase extinta recupera...
Só que aqui entram 2 lógicas paralelas, as duas a ver com a economia do recurso. Menos especies, aumenta o preço, aumenta o preço diminui a procura e aumenta a quantidade da espécie...
Claro que as preocupações ambientais podem também aparecer.
recordo-me da única vez que comi carne de baleia...
António Eloy

Gonçalo Rosa disse...

Luís: "Mas que raio de confusão que vai por este post!"

No post? Não vejo onde... onde me parece existir alguma confusão é na notícia. E existem também diversas confusões e equívocos no seu comentário.

Aumentos de preços levam, à partida, a uma diminuição da procura. Mas há excepções. No caso concreto, não tenho tanta certeza que os seus 2 mais 2 sejam igual a 4. Quem paga 1000 euros por quilo de um qualquer bem alimentar (se preferir, produto de luxo) não é seguramente o japonês médio. E incrementos de preço recorde podem servir de tónico para aumentos de procura (em situações muito particulares como esta, sublinho).

Já quanto ao bacalhau, "fixe"?... o tanas :) A questão passa por saber se a conservação de um recurso aguenta sujeitar-se a uma mera lógica de mercado em que uma oferta mais baixa provoca um incremento de preço (se a "qualidade" da procura for constante) ou se importa introduzir mecanismos que regulem as captura (e consequentemente, a oferta).

Quando afirma que "E não é preciso ir-se ao Japão para se perceber isto: basta ver o consumo atual de bacalhau por parte dos portugueses comparado com o que era esse consumo há 40 anos atrás. O bacalhau esgotou-se, o preço subiu, o consumo desceu. Fixe.", deduzo que parte do princípio que as leis de mercado solucionam, per si, o problema? É isso em que acredita?

Gonçalo Rosa

costa disse...

Parece que ninguém percebe é qual o motivo da comercialização deste 1º Atum do ano ser assim tão caro.
O leilão do 1º Atum no Japão é disputado por Mafias do Atum que fazem subir o preço, mas que quem compra é sempre o mesmo comprador de HONG KONG. E isso porquê porque nesse 1º leilão está toda a comunicação social e a noticia que passa é que o preço do Atum é carissimo assim as pessoas pensam que o Atum se vende semre a esse preço exorbitante,e não refilam quando, pedem fortunas por um prato de sushi.