quarta-feira, agosto 17, 2011

Uma falácia comum



Este post no blog da AltriFlorestal contém uma falácia muito comum: porque uma coisa é verdadeira num determinado contexto, ela é intrinsecamente verdadeira.
No caso, a descrição de um sucesso no combate a um incêndio permite uma conclusão que é comum a quase todos os florestais que conheço: "Mais uma vez ficou provado que, quando se junta à silvicultura preventiva, nomeadamente a manutenção de aceiros e o controlo da vegetação espontânea no interior dos povoamentos, um dispositivo de combate rápido e profissional, os incêndios florestais não são uma fatalidade no nosso património florestal."
Esta conclusão não é efectivamente verdadeira porque esquece as condições de base que a tornam verdadeira: para que existam os meios para a dita silvicultura preventiva é necessário que o retorno da exploração florestal permita criá-los ou, em alternativa, que outras actividades económicas os libertem para a floresta.
Ora este pressuposto está presente em grande parte da exploração de eucalipto que é levada a cabo pelas duas celuloses, mas não está presente na grande maioria das áreas consideradas florestais do país (mesmo de eucalipto).
E assim sendo, a dita silvicultura preventiva referida não é sustentável, pelo que a conclusão não pode ser generalizada (não discuto já as condições meteorológicas, que permitiram o sucesso naquele dia mas poderiam impedi-lo em condições meteorológicas mais agrestes).
O problema não está no reconhecimento deste sucesso, é bom que exista esse reconhecimento e é bom que se indentifiquem as condições em que ele é possível e é bom que se criem as condições para a sua repetição sempre que tal é possível.
O risco maior desta falácia, que acompanha o discurso florestal há um ror de anos, consumindo recursos sem resultados correspondentes, é o de se considerar que quando o sucesso não se verifica é porque uma das duas condições da conclusão (silvicultura preventiva e sistema de combate profissional e eficaz) não existem. O que empurra a política florestal para o reforço de políticas florestais assentes em recursos dos contribuintes, com o objectivo de obter a tal silvicultura preventiva, e para o reforço das políticas de combate, com o objectivo de obter um combate profissional e eficaz.
O que impede a discussão mais séria de saber quais os limites em que silvicultura preventiva e combate eficaz são a solução, e a partir de que circunstâncias é preciso redefinir o problema e ele deixa de ser uma questão florestal para passar a ser uma questão de território.
Por mim tenho há anos uma ideia: a floresta em Portugal é útil quando é rentável (incluindo nas contas de exploração a silvicultura preventiva e o combate profissional e eficaz) ou quando razões de conservação justificam o desvio de recursos da restante economia para a gestão de matas para-climácicas.
Fora disso a floresta em Portugal é um passivo e não um activo do país.
Menos floresta mais bem gerida e mais território mais bem gerido deveria ser o Norte da política de desenvolvimento rural.
Declaração de interesses: colaboro pontualmente com a AltriFlorestal
henrique pereira dos santos

21 comentários:

Pedro Martins Barata disse...

Henrique, acho que fazes um salto ilógico no teu argumento. Parece-me que a silvicutura preventiva continua a ser uma pré-condição para a minimização dos incêndios. Até aí, nada existe de errado com a afirmação da Altri Florestal. A questão que colocas é qual a base de financiamento dessa silvicultura preventiva, e consideras que apenas com base em recursos próprios libertados pela actividade silvícola ou pelo menos em actividades relacionadas com a floresta é que se pode garantir a sustentabiliadde dos fluxos financeiros necessários. É uma opinião. Também se poderia opinar que, com base nas óbvias externalidades que daí advêm, o Estado deveria ter um papel na promoção dessa mesma silvicultura preventiva (SP), em particular quando não existem estruturas institucionais apropriadas. E essa promoção pode ser feita por penalização (de quem não faz a SP)ou por subsídio (a quem a faça).

Henrique Pereira dos Santos disse...

Pedro,
Primeiro uma correcção factual: eu não disse que os recursos teriam de vir da floresta e actividades afins, disse que poderiam vir de outras actividades económicas, através do Estado ou não é outra discussão. Mas o Estado não cria recursos, limita-se a colectá-los a partir da riqueza criada pela actividade económica.
Agora a questão de fundo: por que razão dizes que a silvivultura preventiva é uma pré-condição para a minimização dos incêndios? Eu acho que quer a agricultura, quer a pastorícia são muito mais eficazes que a silvicultura preventiva na gestãoi do fogo. Sim, é possível integrar algum pastoreio na silvivultura preventiva, mas há muito pastoreio que não tem nada que ver com silvicultura, é outra actividade económica. Do mesmo modo a urbanização é bastante eficaz. Como são os campos de golfe e muitas outras estruturas de recreio.
O essencial é que quando falas das externalidades positivas da minimização das perdas pelos fogo estás imediatamente a condicionar a discussão ao não considerares o custo de oportunidade associado ao uso florestal que pretendes depois potenciar com recursos públicos.
É por isso que o salto ilógico não é meu, é de quem considera a silvicultura, preventiva ou não, como pré-requisito para a gestão do fogo.
henrique pereira dos santos

Luís Lavoura disse...

"a floresta em Portugal é um passivo e não um activo do país"

Não, porque, se não houvesse floresta, haveria outra coisa (matos) que também arderia.

Aliás, já hoje muitos dos incêndios ditos "florestais" que ocorrem em Portugal são, na verdade, fogos em matos. Aquilo que arde não são árvores, são matos, arbustos e vegetação rasteira.

(A título de exemplo o incêndio de ontem no distrito de Bragança, onde só ardia mato e umas poucas árvores esparsas e nascidiças.)

Ou seja, a floresta não é um passivo. É uma coisa que arde tal como qualquer outra. Com floresta arde, mas sem floresta também arderia. O combate (subsidiado pelo Estado) aos fogos seria sempre necessário, com ou sem árvores.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Luís,
O que dizes é outra falácia comum: a de que é preciso combater sempre os fogos. Ora isso não é verdade. Combate-se porque há perdas (económicas e sociais) mas não havendo perdas, pelo menos potenciais, não há necessidade de combater os fogos.
O caso dos matos, de que falas, é o exemplo típico das situações em que o combate não se justifica.
Se em vez de pretender produzir floresta à força de alocação de recursos públicos (quer directos, quer no combate aos fogos) se produzissem ovelhas ou cabras não só haveria muito menos combustível para arder, como se ardesse não tinha problema nenhum, podendo reduzir-se o custo do combate.
É a ideia de que Portugal tem vocação florestal, ideias aliás errada, que tem conduzido um gasto infindo em recursos públicos numa actividade económica que está artificialmente empolada no conjunto do território, limitando actividades alternativas que seriam competitivas se o Estado se deixasse de querer fazer de Portugal um país florestal.
henrique pereira dos santos

Henk Feith disse...

Henrique,

Pois claro, ficaria desiludida se não tivesse criticado o post.

Acontece que no caso de Couto de Cima a estratégia funcionou, como funciona em outros centenas de ocorrência, cujos resultados apontam para índices de áreas ardidas claramente abaixo da média nacional. Que não é solução milagrosa, toda a gente sabe. Que há outras formas de promover uma maior prevenção de prejuízo provocado por incêndios, estamos de acordo. Mas fiquei bastante seguro quando soube que estávamos lá, com os meios possíveis e não trocaria aquela segurança pela ideia que tinha lá passado um rebanho de cabras há uns meses atrás, deixando a mata ao mercê das chamas.

Continuo aberto para analisar a possibilidade de trocar as tradicionais gradagens por pastoreio intensivo e, como sabes, aguardo uma proposta concreta tua nesse sentido. Mas isto só aborda a questão da redução da carga combustível em subbosque, que é só uma pequena parte da estratégia de prevenção e combate de incêndios.

Henk Feith

Henrique Pereira dos Santos disse...

Henk,
O meu comentário (ou crítica, como lhe queiras chamar) é sobre a generalização que é feita na conclusão, não sobre o facto de naquele caso concreto a estratégia ter funcionado bem.
Naquelas circunstâncias a passagem de rebanhos de cabras, ou ovelhas ou qualquer coisa desse tipo não altera nada de estratégico, pode, na melhor das hipóteses, integrar-se na silvicultura preventiva por razões económicas (se o preço a pagar pelo serviço for competitivo) ou razões ambientais (descarbonificação da gestão, melhoria da estrutura do solo e da fertilidade e benefícios paraa biodiversidade).
O que pretendo discutir é a questão que voltas a tocar no último parágrafo do teu comentário: "Mas isto só aborda a questão da redução da carga combustível em subbosque, que é só uma pequena parte da estratégia de prevenção e combate de incêndios". Este teu parágrafo só é válido se a ocupação florestal do solo for um dado adquirido. Ora aquilo para que pretendo chamar a atenção (e reforço no meu comentário ao Pedro Martins Barata) é que não deve ser um dado adquirido que a floresta deva ocupar tanto território como o que ocupa.
Essa é a discussão que me interessa mais porque temos demasiada ocupação florestal mal gerida que poderia ser vantajosamente ser mais bem gerida (a pequena parte cuja competitividade o justifica) ou mudada para ocupações do solo socialmente mais úteis que floresta não rentável e, consequentemente, mal gerida.
henrique pereira dos santos

Lowlander disse...

Se a sivicultura preventiva nao sustentavel, entao a sivicultura nao e sustentavel. E o resto e conversa para encher chouricos.

"Mas o Estado não cria recursos, limita-se a colectá-los a partir da riqueza criada pela actividade económica."

Ah! O Servico Nacional de Saude nao cria recursos ao aumentar a esperanca de vida da populacao?
Porreiro pa... porreiro ver o pensamento liberal em accao.
Ja agora, a "actividade economica" faz-se em mercados, os mercados sao criados e mantidos pelos Estados.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Lowlander,
Obrigado por sintetizar bem o que eu pretendia dizer. Quando a silvicultura não é sustentável então não há silvicultura preventiva sustentável. E consequentemente a floresta não é uma solução nessas circunstâncias.
Quanto ao pensamento liberal, acho que vale a pena aplicá-lo ao que diz. Imaginemos que deixa de haver serviço nacional de saúde e cada um paga as suas contas de saúde. O que perde, economicamente a sociedade? Muito pouco, provavelmente ganha bastante porque os que não têm rendimentos suficientes morrem mais e mais depressa, não sobrecarregando o orçamento da segurança social.
A justificação para a existência de um serviço nacional de saúde não é a criação de riqueza (em nenhum país o sector da saúde é entendido como criador de riqueza mas como consumidor de recursos, aliás é crescentemente assim). A justificação para a existência de um serviço nacional de saúde é social. Do mesmo modo que os tribunais, a tropa, a polícia ou a diplomacia não são criadores de riqueza, mas consumidores de recursos.
Acontece que é a existência das conições criadas por estes sectores consumidores de recursos que permite um desempenho eficiente das empresas em mercados que se aproximem o mais possível de mercados perfeitos (que aliás não existem).
Concluindo, as empresas e os indivíduos criam riqueza, os Estados colectam parte dessa riqueza à força (por isso se chamam impostos) e usam os recursos para criar condições de estabilidade social que melhoram as condições de produção das empresas e indivíduos.
Eu também gosto de ver o pensamento liberal em acção, mas infelizmente tenho-o visto mais em palavras que em acções.
henrique pereira dos santos

Henk Feith disse...

Olá Henrique,

Em vez de responder aqui, fiz um post no blogue da Altri Florestal:

http://altriflorestal.blogspot.com/2011/08/reposta-ao-henrique.html

E não, o teu post não me aborreceu, de forma alguma.

Um abraço,

Henk

Lowlander disse...

"Imaginemos que deixa de haver serviço nacional de saúde e cada um paga as suas contas de saúde. O que perde, economicamente a sociedade?"

Nao e preciso imaginar. Tem os EUA. O que perde se perde? Trilioes de dolares. Consulte a OCDE antes de responder da forma inane como respondeu a sua propria questao.

"Concluindo, as empresas e os indivíduos criam riqueza, os Estados colectam parte dessa riqueza à força (por isso se chamam impostos) e usam os recursos para criar condições de estabilidade social que melhoram as condições de produção das empresas e indivíduos."

Repetir uma assercao nao e um argumento.
Leia um pouco sobre historia economica. Os mercados nao sao uma "inevitabilidade" ou um "fenomeno natural". Foram e continuam a ser uma construcao criada e mantida pelos Estados.
A teoria dos mercados eficientes ha muito que foi desacreditada, ja leu o "zombie economics"?
Quanto ao pensamento liberal, se nao o ve em accao, e cego e surdo. E o corolario desse pensamento por ai anda por a solta nos "mercados quase perfeitos": a Pequena Depressao.

Lowlander disse...

PS

"Quando a silvicultura não é sustentável então não há silvicultura preventiva sustentável."

Nao foi isso que eu disse. Mas tal equivoco nao e surpreendente. Encarar prevencao como um custo e nao um investimento e tipico de um certo pensamento economico miope.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Lowlander,
Este não é exactamente o blog ideal para discutir os custos (e é só do custo dos sistemas de saúde que fala a OCDE, não de criação de riqueza) do sistema de saúde. Em todo caso sabe com certeza que a principal razão para o custo maior da saúde nos Estados Unidos é o facto dos ordenados dos agentes de saúde serem substancialmente mais elevados que nos países europeus, o que não se pode dizer que seja necessariamente negativo do ponto de vista da criação de riqueza. Do ponto de vista da criação de riqueza, o sistema americano demonstra uma vitalidade muito maior que o europeu, com maior número de patentes e inovações e com maior satisfação dos utentes que a ele têm acesso (em especial quanto a tempos de espera). O sistema americano tem um gravíssimo problema de acesso e tem um custo elevado, que é provocado pelos rendimentos mais elevados dos seus agentes e que é suportado pelos rendimentos mais elevados dos seus utentes.
Se era de criação de riqueza que queria falar...
Investimentos são custos em qualquer parte do mundo e para discordar do que eu digo escusa de usar tantos adjectivos, basta responder à substância dos argumentos.
henrique pereira dos santos

Lowlander disse...

Fazemos um acordo: o Henrique nao distorce aquilo que eu escrevo e eu faco desconto nos adjectivos.

De resto: desde quando e que a mitigacao dos custos do peso da doenca na populacao e aumento dos anos uteis de trabalho da populacao activa nao constituem uma criacao de riqueza?
Ou, se quer mesmo ser, forcosamente, obtuso com a semantica: nao concorda com a proposicao que a libertacao de recursos simplesmente destruidos ou empenhados devido ao peso da doenca numa populacao, nao constitui "bottom line" lucro economico?
E que, consta em alguns circulos que frequento, certamente numa exploracao pecuaria, quando se reduz os custos com doenca, o "disease burden" diz-se, uma vez mais repito, nao sei, o Henrique que me elucide, que o lucro aumenta. Lucro e riqueza? Nao sei, sei que paga imposto que e suposto ser a riqueza que o Estado colecta a forca etc e tal...

Quanto aos EUA: piores indicadores de saude da OCDE; maiores custos totais e per capita com a cereja de excluir 50 milhoes do sistema e ter a maior taxa de bancarota individual devido a despesas de saude. A realidade que tenta escamotear e que ATE de um ponto de vista economico o sistema americano e uma merda... ui, la me descai com os adjectivos outra vez...

Lowlander disse...

PS

Todo o investimento tem uma componente de custo. Mas nem todo o custo e investimento.
Alias, uma boa pista para nao se perder nestes labirinticos dominios e que se custo e investimento fossem um unico conceito indistinguivel, nao seriam descritos por duas palavras diferentes.
Estarei a ser condescendente? Nao, ora essa! Esteja descansado! Estou, isso sim, a ser generoso presumindo que esta torrente de equivocos por parte do Henrique sao fruto de algum lapso e nao feitos com plena consciente e premeditadamente. ;)

Henrique Pereira dos Santos disse...

Lowlander, não fiz nenhuma equivalência de conceitos entre custo e investimento, apenas disse que todo o investimento é custo (como agora estão a descobrir os cidadãos quando são confrontados com as dívidas dos seus Estados, uma boa parte das quais resultantes de investimentos).
Quanto aos sistemas de saúde e respectivas perfomances, convém não simplifcar demasiado uma discussão muito complexa e muito longe de estar fechada.
O sistema americano tem um maior custo per capita em grande parte porque os seus profissionais do sector são mais bem pagos. Convém não confundir eficiência no uso dos recursos com baixos salários.
O sistema americano produz péssimos resultados em alguns indicadores e excelentes resultados noutros. Grande parte dos péssimos indicadores são o corolário do problema sério de acesso por parte da franja da sociedade que não está integrada no sistema económico de maneira consistente. A sua exclusão é um problema social muito sério, é muito mais discutível que seja um problema económico (uma pessoa que não produz, ou produz pouco, estar doente não tem o mesmo significado económico de estar doente uma pessoa que produz muito). E convém não esquecer que o sistema americano não tem nenhum problema de sustentabilidade económica sério, e os sistemas europeus têm.
Mas o essencial é que quando fala na redução de doenças numa exploração pecuária está ainda a falar de eficiência económica e isso deve ser feito (e os custos suportados) pelas empresas (é aliás o que defendo para a floresta, e é o que fazem as celuloses ao assumir os custos de defesa dos seus povoamentos face ao fogo).
Em nenhuma exploração pecuária que vise a produção de riqueza se mantêm animais com doenças incuráveis, com deficiências crónicas, se prolonga a vida dos animais para lá da sua utilidade económica e se gasta um chavo em cuidados paliativos, por exemplo.
O que ilustra bem a diferença entre problemas económicos (que visam a criação de riqueza) e problemas sociais (que visam o bem estar das pessoas).
Como sabe, muito antes dos estados terem sistemas nacionais de saúde, foram as empresas e os grupos sociais que criaram sistemas próprios que visavam responder a opções sociais e económicas. A CUF, por exemplo, já tinha há muitos anos uma protecção na doença aos seus trabalhadores que era muito melhor que a oferecida então pelo Estado.
A questão central é que esses sistemas deixam muita gente de fora (como o sistema americano) e por isso os Estados avançaram, numa primeira fase para colmatar lacunas, numa segunda fase para substituir a sociedade nessa matéria.
Ora isso não tem nada de económico e de produção de riqueza, tem sim de opção social. Do ponto de vista económico não tem sentido tratar doentes terminais, indivíduos não produtivos, reformados e etc. Do ponto de vista económico o ideal era que morrêssemos todos no fim da nossa vida activa. Há até uns estudos que contestam a ideia de que os fumadores são um fardo para os contribuintes por terem mais doenças, exactamente porque morrendo mais cedo poupam imenso dinheiro em reformas.
Dito isto desta forma crua gostaria de deixar claro que não defendo que a eficiência económica seja o alfa e ómega da sociedade e defendo algumas opções sociais e ambientais, mesmo quando implicam diminuição da eficiência económica.
O que não vale a pena é misturar alhos com bugalhos na discussão e pretender que os serviços nacionais de saúde são criação de riqueza e não destruição de recursos.
São destruição de recursos, que marginalmente têm alguns efeitos económicos positivos mas não é por isso que eles são defensáveis, é mesmo porque a economia não é tudo numa sociedade e se formos todos mais pobres para que alguns possam ser menos miseráveis (englobando neste conceito de miseráveis não apenas critérios económicos mas também sociais, incluindo alguns imateriais) eu estou de acordo.
henrique pereira dos santos

Lowlander disse...

Henrique:

Como ja deve ter reparado a minha paciencia para consigo e fraca (acabou-se o credito) e o tempo tambem nao e muito de momento pelo que nao responderei da melhor forma (referencias, links etc...)as multiplas imprecisoes e simples inverdades do seu ultimo comentario. O mais sucinto que posso:

1 - Investimento/custo: fez equivalencia de forma implicita, so assim se justifica a admissao da hipotese tambem implicita ao post de que, a prevencao pode tornar algumas siviculturas insustentaveis. Equivoco imperdoavel porque prevencao e um investimento e nao um custo.
Se quiser continuar a fazer de conta que nao percebe algo tao simples pode ficar a falar sozinho.

2 - Custos do sistema americano:
O mercado falha redondamente a providenciar cuidados de saude principalmente porque os agentes nao actuam de forma racional e ha excesso de poder (assimetria brutal de informacao) de um dos lados da equacao - por isso e que os medicos ganham tanto la (alias, nao e so la, e em todos os paises onde os cuidados de saude nao sao assegurados por provisao publica), nao e merito, isso e outra treta dos seus amigos liberais. O principal custo americano nem sequer sao os salarios, consulte as estatisticas, e a falta de medicina preventiva, como na Europa, ou por outrem o recurso excessivo a terapias curativas como estrategia de combate ao "disease burden" a razao explicada acima.

3 - Produtividade de trabalhadores:
Calinadas pavorosas! Por onde comecar? Os estudos que refere sobre fumadores foram feitos pelas tabaqueiras, a OMS quantifica claramente os beneficios economicos do combate ao tabagismo, fazer de conta que sao equivalentes em credibilidade ou validade e inqualificavel. Para sua informacao, os custos com doentes terminais e cuidados paliativos constituem uma pequena parte dos custos dos sistemas de saude (em crescimento, e certo, no mundo desenvolvido, motivo de preocupacao no longo prazo, mas ainda nao e o principal custo dos sistemas), para sua informacao, a melhoria dos indicadores de saude nas sociedades durante o sec. XX foi feito principalmente a custa da eliminacao de mortalidade infantil e doencas infecciosas, flagelos tipos de membros da sociedade produtivos ou com altissimo potencial produtivo.
A sua argumentacao neste dominio e simplesmente ignorante - leia antes de repetir chavoes da extrema direita liberal.

4 - O exemplo que dei sobre pecuaria e para ilustrar uma tipica area de trabalho onde os 2 sectores (veterinaria e medicina humana) fazem as mesmissimas coisas mas em que tipicamente e por magia os liberais insistem em dizer que em veterinaria cria riqueza (porque e privado) mas em medicina humana destroi riqueza (porque e publico). Se nao quer perceber algo tao simples azar o seu.

5 - O sistema de saude americano e o principal motivo dos problemas de sustentabilidade de longo prazo das financas americanas, e os problemas sao custos que disparam principalmente nos sistemas privados ao contrario dos poucos sistemas publicos que la existem (Medicare; Medicaid; Forcas Armadas) onde os custos estao sob muito maior controlo. Leia o Krugman.
Dizer que o sistema americano e sustentavel mas o nosso nao e, (surpresa!) mais uma fabula liberal... ja agora os sistemas Europeus tem problemas de curto prazo com receitas e nao custos. No longo prazo, ambos terao de enfrentar problemas de custos com populacoes envelhecidas, mas dito isto, o problema e muito grave nos EUA que na Europa precisamente porque o sistema privado deles e altamente ineficiente a controlar custos.

Lowlander disse...

"O que não vale a pena é misturar alhos com bugalhos na discussão e pretender que os serviços nacionais de saúde são criação de riqueza e não destruição de recursos."

Isto e simplesmente factualmente incorrecto, uma mentira, repito outra vez: mentira, e quem a apregoa, um mentiroso. Nao ha outra forma de o colocar e nao peco desculpas.
A saude e a principal area de actuacao Estatal criadora de riqueza (uma boa dica e o voraz apetite dos grupos privados para captar estas actividades economicas - sera que o Grupo Mello esta ansioso por "destruir recursos" dos seus accionistas? pela conversa do Henrique parece que sim) - e obvio - a unica outra area onde a actuacao Estatal que cria ainda mais riqueza e no saneamento basico e fornecimento de agua potavel, e isso e, "arguably", medicina preventiva.

E como eu disse acima, nao tenho nem tempo e muito menos pachorra para discutir consigo (ainda por cima aturar a forma intelectualmente tortuosa como os faz) coisas tao basicas. Passe bem, ou nao, nao me interessa.

Lowlander disse...

Henrique:

Como ja deve ter reparado a minha paciencia para consigo e fraca (acabou-se o credito) e o tempo tambem nao e muito de momento pelo que nao responderei da melhor forma (referencias, links etc...)as multiplas imprecisoes e simples inverdades do seu ultimo comentario. O mais sucinto que posso:

1 - Investimento/custo: fez equivalencia de forma implicita, so assim se justifica a admissao da hipotese tambem implicita ao post de que, a prevencao pode tornar algumas siviculturas insustentaveis. Equivoco imperdoavel porque prevencao e um investimento e nao um custo.
Se quiser continuar a fazer de conta que nao percebe algo tao simples pode ficar a falar sozinho.

2 - Custos do sistema americano:
O mercado falha redondamente a providenciar cuidados de saude principalmente porque os agentes nao actuam de forma racional e ha excesso de poder (assimetria brutal de informacao) de um dos lados da equacao - por isso e que os medicos ganham tanto la (alias, nao e so la, e em todos os paises onde os cuidados de saude nao sao assegurados por provisao publica), nao e merito, isso e outra treta dos seus amigos liberais. O principal custo americano nem sequer sao os salarios, consulte as estatisticas, e a falta de medicina preventiva, como na Europa, ou por outrem o recurso excessivo a terapias curativas como estrategia de combate ao "disease burden" a razao explicada acima.

3 - Produtividade de trabalhadores:
Calinadas pavorosas! Por onde comecar? Os estudos que refere sobre fumadores foram feitos pelas tabaqueiras, a OMS quantifica claramente os beneficios economicos do combate ao tabagismo, fazer de conta que sao equivalentes em credibilidade ou validade e inqualificavel. Para sua informacao, os custos com doentes terminais e cuidados paliativos constituem uma pequena parte dos custos dos sistemas de saude (em crescimento, e certo, no mundo desenvolvido, motivo de preocupacao no longo prazo, mas ainda nao e o principal custo dos sistemas), para sua informacao, a melhoria dos indicadores de saude nas sociedades durante o sec. XX foi feito principalmente a custa da eliminacao de mortalidade infantil e doencas infecciosas, flagelos tipos de membros da sociedade produtivos ou com altissimo potencial produtivo.
A sua argumentacao neste dominio e simplesmente ignorante - leia antes de repetir chavoes da extrema direita liberal.

4 - O exemplo que dei sobre pecuaria e para ilustrar uma tipica area de trabalho onde os 2 sectores (veterinaria e medicina humana) fazem as mesmissimas coisas mas em que tipicamente e por magia os liberais insistem em dizer que em veterinaria cria riqueza (porque e privado) mas em medicina humana destroi riqueza (porque e publico). Se nao quer perceber algo tao simples azar o seu.

5 - O sistema de saude americano e o principal motivo dos problemas de sustentabilidade de longo prazo das financas americanas, e os problemas sao custos que disparam principalmente nos sistemas privados ao contrario dos poucos sistemas publicos que la existem (Medicare; Medicaid; Forcas Armadas) onde os custos estao sob muito maior controlo. Leia o Krugman.
Dizer que o sistema americano e sustentavel mas o nosso nao e, (surpresa!) mais uma fabula liberal... ja agora os sistemas Europeus tem problemas de curto prazo com receitas e nao custos. No longo prazo, ambos terao de enfrentar problemas de custos com populacoes envelhecidas, mas dito isto, o problema e muito grave nos EUA que na Europa precisamente porque o sistema privado deles e altamente ineficiente a controlar custos.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro lowlander,
Não sei se por acaso reparou que o grupo José de Mello (e os outros) estão de facto interessados no sector da saúde porque é uma área de negócio interessante. E pode criar riqueza.
O que é diferente de dizer que estão interessados nos sistemas nacionais de saúde e que estes criam riqueza.
Separemos então o conceito de sector da saúde do conceito sistema nacional de saúde.
Dito isto, estes grupos estão naturalmente interessados nas receitas que possam obter via serviço nacional de saúde, exactamente porque é uma forma de captação de receitas que alarga o seu mercado.
Quando os Estados permitem, através dos seus sistemas de saúde, que pessoas sem rendimento suficiente para pagar cuidados de saúde possam aceder a esses cuidados com dinheiro dos impostos estão evidentemente a alargar imenso o mercado potencial para os prestadores de cuidados de saúde, sejam eles privados ou estatais.
Que isso seja um enorme benefício social não tenho a menor dúvida e dentro de limites razoáveis acho muito bem que assim se faça, mesmo que isso signifique destruição de recursos.
Que isso seja um benefício económico e a criação de riqueza, é uma discussão mais em aberto.
Deixe-me dizer-lhe que os grandes avanços, com fortes implicações económicas, na prevenção de doenças não estiveram à espera dos sistemas nacionais de saúde, tipicamente criados no pós-guerra. Os grandes programas de vacinação e melhoria das condições hgio-sanitárias são anteriores aos serviços nacionais de saúde e foram os grandes responsáveis pelo aumento da esperança média de vida.
Volte sempre, tenho todo o gosto em discutir com quem discorda de mim.
henrique pereira dos santos

Henrique Pereira dos Santos disse...

PS Lowlander,
No meu mail aparece um texto seu que seria interessante discutir. Não aparece aqui, não sei por que razão. Se é por vontade sua respeitá-la-ei não o comentando, se foi um problema qualquer, diga por favor que tenho todo o gosto em publicar o comentário e, então sim, comentá-lo eu.
henrique pereira dos santos

Henrique Pereira dos Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.