Neste post poderia ter ficado a ideia de que não sou favorável ao desenvolvimento da produção de energias renováveis.
O que não é de todo verdade.
Sou é contra o embuste actualmente montado à volta das renováveis.
Se este Governo tivesse uma matriz seriamente ambiental teria dado prioridade à eficiência energética e à água quente solar, o que não fez. E teria evitado pôr no mesma saco coisas como as eólicas, já razoavelmente competitivas face à produção eléctrica a partir de combustíveis fósseis, e o grande fotovoltaico ou a centrais de biomassa, que são delírios caros. E teria evitado justificar o investimento no carro eléctrico com razões ambientais, visto que por essas razões investiria alternativamente em transportes públicos.
É contra este embuste empurrado pela necessidade de não agravar o déficit das contas públicas mas induzir investimento que me pronuncio. Não contra as renováveis.
Por uma questão de economia nesse mesmo post eu dizia que na comparação das centrais de biomassa e os rebanhos de cabras se pouparia algum petróleo usando as ditas centrais.
Mas em rigor não estou convencido de que no balanço comparado do consumo de energias fósseis entre as centrais de biomassa e os rebanhos de cabras a balança penda a favor das centrais de biomassa.
Na realidade o corte dos matos é consumidor de combustiveis fósseis e o transporte da matéria prima (que é basicamente água e ar, com baixo poder calórico), também consome combustíveis fósseis, sendo que o rendimento das centrais é bastante baixo.
Sobre as centrais de biomassa já disse aqui parte do que penso, mas tenho pena de me faltarem dados para avaliar até que ponto as centrais de bioamassa acentuam ou não a nossa dependência do petróleo.
Por outro lado gostaria de ter acesso a informação tão simples e objectiva como a que é apresentada aqui do ponto de vista dos utilizadores de madeira, mas agora do ponto de vista da fileira da cabra.
Mas com a forma miserável como o Estado trata a produção de pequenos ruminantes há décadas, com o rótulo de atraso associado a este sector, com a baixa qualificação, atomização e fragilidade económica e social da maioria dos seus agentes, bem podemos esperar sentados por ver entrar neste tipo de contas o valor criado pelo sector.
E no entanto ele existe.
henrique pereira dos santos
1 comentário:
Um post bastante interessante, realmente a questão das energias renováveis é algo complexa e, como diz muito bem, estas não deveriam ser colocadas todas no mesmo saco. No entanto, poderíamos dizer o mesmo em relação à biomassa. Uma coisa é valorizar-se a biomassa sob a forma de calor, outra coisa é a valorização por conversão biológica. Concordo plenamente quando afirma que as centrais de biomassa são caras e que este sistema não é a melhor opção a nível de energias renováveis. No entanto, se tivermos em conta apenas a valorização por conversão biológica, existem outros factores que se devem ter em conta: a matéria transformada é matéria que, de qualquer forma, tem de ser transformada, seja ela proveniente de estações de depuração ou resíduos domésticos orgânicos. Neste caso, deixamos de estar apenas no âmbito da produção de energia mas também no da gestão e do tratamento de resíduos. A compostagem doméstica, por exemplo, é um grande sucesso, que tem vindo a diminuir as quantidades de resíduos colocados nos caixotes do lixo. A metanização em quintas é outro processo interessante, que permite não só a valorização dos excrementos dos animais (cuja eliminação é sempre complicada), como a auto-suficiência energética. Relativamente às centrais de mecanização urbanas, já coloco algumas reticências. É algo bastante caro cujos resultados nem sempre são os melhores. Não conheço nenhum caso de uma central deste tipo que tenha sido um sucesso a 100%, seja pela fraca qualidade do composto, pelas dificuldades do processo de valorização, ou pelos odores nauseabundos que se espalhar por vários quilómetros.
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