Fazer piadas com o nome das pessoas não é de bom gosto. Por isso gostaria de explicar que este título, embora parodiando o nome da pessoa que ontem dirigia a Assembleia Geral da SPEA a que assisti parcialmente, resulta essencialmente do meu fascínio pela capacidade do Sérgio Godinho brincar com as palavras, sendo este título o mero pretexto que finalmente encontrei para usar o nome do conjunto musical que ele inventou na famosa quadra "Diz-me o que fazes aqui/ canto ali com as atracções/ no conjunto do "Godinho/ e os seus Godões". Mas minhas desculpas ao Luís Gordinho (que desconhecia até ontem) por este abuso.
Ontem assisti parcialmente a uma Assembleia Geral da SPEA, bem composta para o que é costume (talvez vinte pessoas, um pouco mais, não sei).
Apesar de sócio da SPEA (e de mais umas quantas ONGs) é raro participar nas suas assembleias gerais, mas desta vez tinha dois motivos essenciais para lá estar: havia um conflito interno na SPEA com o qual nada tenho (e sobre o qual nem sequer tenho opinião) mas em que o meu nome terá sido invocado em vão; a forma como a Direcção da SPEA tratou o conflito pareceu-me tão surreal que acreditei que valia a pena ir discuti-lo cara a cara, no sítio adequado.
A questão prende-se com o facto do Conselho Fiscal da SPEA se ter demitido em bloco há alguns meses.
Incompreensivelmente para mim não havia ninguém na sala pertencente ao Conselho Fiscal demissionário. Não sei as razões para isso, mas senti-o como um sinal de degradação das relações institucionais muito pouco auspicioso. Mas para mim é uma situação incompreensível.
Em qualquer caso foi lida uma mensagem breve do Conselho Fiscal em que expunha os seus motivos e depois, durante um quarto de hora, o Presidente da Direcção da SPEA expôs os seus pontos de vista.
Uma intervenção curta de um sócio e eu faço uma intervenção curta (um minuto? dois?) em que essencialmente quiz deixar claras duas questões que tinham sido referidas pelo Presidente da SPEA de uma forma que me pareceu incorrecta: 1) uma suposta dificuldade de relação do ICNB com a SPEA que justificaria opções da SPEA (basicamente eu disse que nunca tinha havido nenhuma dificuldade de relação do ICNB com a SPEA, no máximo uma dificuldade voluntária da SPEA se relacionar com o ICNB); 2) A referência a este post deste blog como sendo uma manobra do Conselho Fiscal demissionário (basicamente disse que os posts deste blog apenas responsabilizavam quem os assina e considerei de extremo mau gosto fazer processos de intenções ao Conselho Fiscal demissionário com base num post de um blog que está assinado e por cujo conteúdo só o seu autor pode ser responsabilizado).
Mais alguém diz qualquer coisa e o Presidente da Direcção da SPEA gasta um quarto de hora a contestar as minhas afirmações de um minuto, sem que em qualquer momento seja interrompido (excepto um comentário meu sobre a necessidade de não confundir opiniões de pessoas do ICNB com as posições do ICNB).
Nesse quarto de hora o Sr. Presidente da SPEA diz várias coisas que traduzem mais o que me parecem ser os vícios de algumas direcções do movimento ambientalista do que eu consegui transmitir até agora nos meus posts em que critico o estado actual do movimento ambientalista.
Sobre as relações com o ICNB refere as questões à volta do Atlas das Aves que já referi neste post e um facto muito curioso: a oposição da estrutura técnica do ICNB (ou pelo menos de uma parte relevante e sgnificativa para o assunto em causa) a uma parceria que a SPEA queria estabelecer para uma candidatura comunitária. O curioso é que temporalmente este facto não pode ter nenhuma relação com a anteriormente invocada dificuldade de relação com o ICNB por lhe ser posterior (já agora, a título de curiosidade diga-se que na discussão deste assunto me aconteceu uma coisa que nunca me tinha acontecido antes. Numa reunião formal com a SPEA, foi manifestada a discordância dos técnicos e dirigentes intermédios do ICNB em relação à parceria proposta, mas referi que de qualquer maneira as decisões que vinculavam o ICNB eram tomadas pelo seu Presidente e portanto iria fazer um memorando sobre o assunto cujas linhas gerais expliquei, perguntando se a posição da SPEA ficaria bem expressa da forma como o estava a planear ou se pretendiam que eu clarificasse algum ponto da argumentação da SPEA. A resposta foi extraordinária: "escreve aí também que vamos ter uma reunião com a Secretaria de Estado sobre este assunto no dia .... para o teu presidente ter bem consciência de que tem uma hierarquia a respeitar". A frase pode não ter sido esta ipsis verbis, mas a ideia seguramente foi, o que descreve bem o que algumas ONGs consideram dificuldades de relacionamento institucional).
Mas mais significativa foi a fundamentação de que a publicação do post acima referido era uma manobra "deles" (isto é, do Conselho Fiscal demissionário). Isso era evidente porque a direcção da SPEA tinha querido tratar do assunto entre quatro paredes, pelo que a situação só era conhecida de pessoas de absoluta confiança, o que demonstrava que o conhecimento da demissão do Conselho Fiscal (nessa altura já formalizada) fora da SPEA só podia resultar de uma manobra do dito Conselho Fiscal, até porque o Presidente da Direcção da SPEA conhecia muito bem as relações pessoais entre os diversos intervenientes na divulgação da situação.
Pedi a palavra de novo, e tencionava explicar que este tipo de situações crescem e agravam-se em ambientes de desconfiança e que exactamente a opção de procurar limitar o conhecimento do pedido formal de demissão do Conselho Fiscal a quatro paredes, escolhendo fazer circular a informação apenas entre pessoas de absoluta confiança, era um absurdo desrespeito pelos sócios e uma concepção cesarista da gestão da Associação inevitavelmente criadora de desconfiança.
Não o cheguei a fazer na Assembleia Geral.
Ao fim de 15 segundos de intervenção estava a ser interrompido pelo Presidente da Mesa em exercício para me lembrar que eu deveria ater-me ao assunto em discussão (que não cheguei a perceber qual era).
Somei esta interrupção à evidente falta de isenção na condução dos trabalhos desde o início, ao facto de eu ter sido a única pessoa a quem foi pedida a identificação para falar (com muitos pedidos de desculpas, mas os outros eram todos pessoas conhecidas, eu era o único estranho e esperavam que não me sentisse descriminado) e ao ridículo de eu ser interrompido ao fim de 15 segundos para responder a uma intervenção de um quarto de hora (quando os trabalhos nem sequer estavam atrasados, sendo que dos 45 minutos que já durava a AG, 30 tinham sido gastos pelo Presidente da Direcção em duas intervenções), quarto de hora esse que respondia a duas questões concretas colocadas num ou dois minutos, e concluí que essa interrupção e a tentativa de limitação do âmbito da minha intervenção era um evidente convite a que não perturbasse o funcionamento da Assembleia Geral.
Pelo que percebi a Assembleia Geral era uma mera formalidade estatutariamente necessária para repôr a existência de um Conselho Fiscal e não uma oportunidade para que a SPEA reflectisse sobre o que se tinha passado, procurando melhorar os seus procedimentos.
E como não gosto de estar em sítios onde as pessoas me fazem sentir que estou a mais, levantei-me e vim-me embora.
É assim o esforço de algumas direcções do movimento ambientalista para cativar os seus sócios e os envolverem nas suas actividades.
Porque nos comentários ao post anterior sobre a demissão do Conselho Fiscal da SPEA se admitiu que houvesse qualquer relação com a contabilidade da associação, quero deixar claro que as razões referidas pelo Conselho Fiscal para a sua demissão não incluem qualquer dúvida sobre a contabilidade da SPEA, mas apenas um desconforto do Conselho Fiscal com uma situação de sobreposição funcional de membros dos orgãos sociais da SPEA, que o Conselho Fiscal considerou pouco esclarecida e com pouca vontade de ser esclarecida pela Direcção (situação evidentemente contestada pela Direcção da SPEA).
henrique pereira dos santos
27 comentários:
Não entendo muito bem é a relação dos nomes. Por curiosidade fui ver à página da SPEA e o dito Gordinho é vice-Presidente do Conselho Fiscal. Como é que aparece agora a Presidir a SPEA (em vez de Ricardo Tomé) que tem um Conselho Fiscal demissionário? Será que a SPEA não actualiza a sua página num aspecto tão essencial que é informar quem a comanda, ou o HPS enganou-se nos nomes?
A página que consultei hoje é:
http://www.spea.pt/index.php?op=organizacao
Caro Henrique, parabéns pela coragem e paciência.
Caro anónimo,
Deve ter o browser da sua internet a funcionar offline, porque há pouco mais de ano e meio (altura em que deve ter acedido à página da SPEA, provavelmente), aquando das últimas eleições dos órgãos da SPEA, a página que refere foi devidamente actualizada, e é de muito mau gosto estar contribuir com dados incorrectos para o que foi exposto em cima pelo senhor HPS, já de si com afirmações incorrectas... Sendo este blog um blog pessoal, penso que os seus forncedores podem tecer aquilo que lhes apetecer, atingindo o que bem entenderem, e é isto o que chamamos liberdade de expressão!....
Caro primeiro anónimo,
Luis Gordinho é Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral e conduziu a Assembleia Geral.
Terceiro anónimo,
O que estiver incorrecto corrige-se. Agradeço-lhe por favor que indique as correcções para não induzir as pessoas em erro.
henrique pereira dos santos
Lamento muito se alguém fez juízos de intenção sobre o que escrevi no referido post, até porque, se entendi não abordar o que causou esta demissão em bloco, foi também porque me pareceu decente permitir que quem de direito o abordasse, em primeira mão e em sede própria. Pelo contrário, a Mesa da Assembleia Geral e a Direcção Nacional da SPEA preferiram retardar noticiar o ocorrido em vários meses e minimizar as razões que motivaram aquela demissão, conforme se pode verificar, por exemplo, na convocatória para aquela Assembleia Geral. Assim sendo, e fazendo fé no relatado pelo Henrique - que, aliás, está bem na linha do que assisti em AGs anteriores em que participei quando sócio da SPEA – perdeu-se uma oportunidade para discutir abertamente a melhor forma de evitar conflitos de interesses entre a vida profissional de dirigentes e as suas funções directivas naquela associação.
Lamento ainda, obviamente, a ausência do Conselho Fiscal demissionário desta reunião.
Com todo este cenário, nada de muito bom se pode esperar.
Gonçalo Rosa
Não sou membro nem conheço nenhum aspecto interno da SPEA mas como membro ("raso") de diversas ONG reforço o aspecto de que este tipo de autismo em relação aos sócios é generalizado, quer por se ignorar voluntariamente as sugestões em aspectos internos e se criarem canais de comunicação internos exclusivos á direcção, quer por ser desencorajada a abrangência territorial das ONG a nivel nacional, promovendo-se um centralismo que afasta os membros de áreas do interior. Nota-se esta "urbanização" das ONGs nos assuntos nos quais se pronunciam e colocam as suas prioridades e também na falta de abrangência territorial de sucessivas direcções. Quando existe motivação para ter uma postura proactiva, não chega pagar cotas e entrar em acções de voluntariado, infelizmente em Portugal isto é visto com desconfiança e interpretado como procura de protagonismo. Não existe a auto-confiança por parte de algumas instituições que lhes permita absorver as contribuições dos seus próprios sócios e promover a sua transparência interna...
Um comentário suscitado pelo último anónimo.
Tirando um ou outra situação ou pessoa, estou verdadeiramente convencido de que não existe uma vontade de afastar os sócios da vida das associações mas simplesmente eles não são importantes no dia a dia das associações, quer porque não as financiam, quer porque não participam grandemente das suas actividades.
Situações como as que descrevi não decorrem verdadeiramente de uma vontade bloquear a participação das pessoas, decorrem sim de um modelo de associaçãos em que a gestão tem um peso excessivo face à comunidade de sócios (como lhes chamou, e bem, o Henk noutro contexto).
Com as evidentes distâncias, foi o que se passou no BCP durante muito tempo (e em certa medida em todas as empresas com estruturas acionistas muito disseminadas e lideranças de gestão fortes), em que os acionistas verdadeiramente contavam pouco na vida do banco face a uma gestão fortemente carismática.
Mas tal como esse tipo de gestão nas empresas tem conduzido a problemas muito sérios, também este modelo de organização nas ONGs pode trazer problemas complicados de resolver no futuro.
Mas repito, não penso que sejam tramóias de uns malandros que se aproveitam das associações (que também os há, o contrário é que seria contra a natureza humana, embora acredite que são bastante minoritários) mas sim de um desfasamento em relação ao mundo dos outros (os sócios vulgares) que verdadeiramente deve ter deixado surpreendidas as pessoas ontem quando me vim embora, porque nem perceber as minhas razões e a forma como me estavam a tratar.
henrique pereira dos santos
Não fossem as explicações dadas e o normal seria as pessoas colarem à maça podre algo diferente, ou mesmo oposto, ao que efectivamente aconteceu.
As minhas desculpas à SPEA por ter sido levado a conclusões erradas.
Sr. Gonçalo Rosa, modere-se!
Caro último anónimo,
Lamento muito, mas temos opiniões distintas. Para mim contínua a ser muito pouco aceitável que dirigentes associativos ou sócios com outros cargos associativos misturem vidas profissionais com os cargos que exercem nas associações. A SPEA tem, infelizmente, alguns exemplos pouco dignificantes, como um grupo de trabalhos sobre eólicos constituído, na sua maioria, por pessoas com interesses profissionais nesta área (estudos de impacte ambiental e monitorizações), conforme página online:
http://www.spea.pt/index.php?op=grupo_eolicas3
Como imaginará, não é necessário ter uma mente muito perversa para fazer leituras pouco simpáticas sobre os porquês destas relações e, independentemente da justiça das diversas leituras, parece-me evidente que têm que existir outras preocupações com a imagem da associação.
O caso é grave? Provavelmente ainda não. Mas não deixo de ficar muito mais preocupado que dirigentes prefiram não discutir ou mesmo ridicularizar as dúvidas levantadas. Demonstram muito pouco interesse em resolver este tipo de questões. De resto a “maçã podre” teria tido o sentido que lhe dei se a SPEA não tardasse tantos meses a esclarecer os seus associados.
Gonçalo Rosa
...que o Conselho Fiscal considerou pouco esclarecida e com pouca vontade de ser esclarecida pela Direcção (situação evidentemente contestada pela Direcção da SPEA).
Muito bem. Nada imparcial. Opinião muito bem fundamentada.
Impressionante.
Caro Paulo Eduardo Cardoso,
O que há de parcial nessa frase? Transmiti a opinião do conselho fiscal (tal como a percebi) e disse que evidentemente a direcção da SPEA contesta essa visão dos factos.
Já agora, não acha que já era tempo de argumentar um bocado, explicar que estou errado aqui e ali por isto e aquilo?
É que eu me limitei a exprimir uma opinião e é perfeitamente razoável que muita gente tenha uma opinião diferente, portanto, avance, Paulo, diga o que tem a dizer sobre a substância das questões.
henrique pereira dos santos
Sim, está bem, posso ser um pateta, embora não percebo o que ganha em vir aqui repetir o que será óbvio para toda a gente. Mas de qualquer maneira serei um pateta diz o que pensa argumentando e fundamentando racionalmente (mesmo que esteja totalmente errado).
Será que lhe custa assim tanto fazer o mesmo? É que se um pateta como eu o consegue fazer, calculo que uma inteligência superior o faça ainda mais facilmente.
henrique pereira dos santos
Foi por estas e por outras que há já uma quantidade de anos que deixei de pagar as quotas da SPEA... No entanto, aquilo que me parece mais relevante nest post é que no meu entender, um Blog que se intitula de "Blogue de Reflexão sobre Ambiente e Sociedade", não deveria servir para que pessoas como o Miguel Araújo ou agora o Henrique Pereira dos Santos fazerem os seus ajustes de contas pessoais (independentemente de terem ou não razões para isso). Para isso por favor criem blogues pessoais... Já sei que me vão dizer que o que aqui se discutia era um modo de funcionamento das ONGA portuguesas, mas por favor não insultem a minha (pouca) inteligência...
Seria pedir muito se o último anónimo explicasse em que medida é que eu uso este blogue para fazer ajustes de contas pessoais? É uma acusação grave que carece de explicação já que me parece francamente abusadora.
Não, a verdade é que o Miguel Araújo não faz aqui os seus ajustes, antes, apadrinha os dos outros. No meu entender é ainda pior.
Continuo confuso, pode explicar o que é que eu apadrinho?
Ocupa-te meu caro.
Miguel, noutros tempos a retórica divertia-me mas agora aborrece-me... Ainda assim, e porque não quero ficar com o peso de proferir "acusações graves e abusadoras", aqui vai um exemplo daquilo que EU considero utilização indevida de um blog desta natureza:
http://ambio.blogspot.com/2010/01/triste-incapacidade-de-discutir-ideias.html
Como já disse, não está sequer em causa a pertinência da argumentação, mas somente a adequação do conteúdo a um espaço como este. A linha condutora do tópico supracitado resume-se a uma defesa de honra bacoca e desnecessária.
Para terminar, dizer apenas que se o Henrique Pereira dos Santos considera que "fazer piadas com o nome das pessoas não é de bom gosto" então escusava realmente de o ter feito.
É caso para dizer que esta Pereira já deu melhores frutos...
Alexandre Vaz
P.S. A todos que usam este e outros blogues para destilar o fel acumulado ao longo de um dia de frustrações, permitam-me que partilhe convosco uma descoberta recente: antes de se sentarem ao computador vão correr 10km, e vão ver que quando voltarem a vossa atitude será muito mais benevolente e conciliadora.
Caro Alexandre Vaz,
1) Pode dizer-me em concreto onde está neste post um ataque pessoal ou um ajuste de contas?
2) O Miguel Araújo já por várias manifestou a sua discordância para com uma boa parte dos posts que escrevo sobre o movimento ambientalista (e em particular em relação à SPEA). É por isso completamente ridículo tentar colá-lo ao que eu escrevo nessa matéria. (e, já agora, tentar dizer que o blog tem uma única posição ou uma agenda).
henrique pereira dos santos
Alexandre,
Não sei que mosca te mordeu mas o que escreveste não faz qualquer sentido:
1 - Este é um blogue de pessoas que escrevem o que pensam, assinam o que escrevem e respondem pelas suas opiniões. Se tens alguma coisa que comentar sobre o "post" do Henrique, dirige-te a ele pois é de sua autoria. Sobre este "post" eu não me pronunciei, assim como não me pronunciei sobre muitos outros que sobre este tema foram escritos pelo Henrique e pelo Gonçalo. Portanto, faz favor de respeitar o meu silêncio sobre a matéria.
2 - Guardar silêncio sobre estes post críticos de ONGAs é uma opção pessoal. Por várias ocasiões tive oportunidade de manifestar a minha discordância quanto à forma (mais do que a substância) de alguns posts do Henrique e do Gonçalo agrupados na etiqueta de "ambientalismo". A minha discordância prende-se com a preferência que eu daria em discutir alguns destes temas no local mais apropriado, ou seja, as assembleias gerais. Esta minha posição não me impede, obviamente, de comentar posts, sempre de um modo geral e evitando referências concretas a ONGA A ou B (ver, por exemplo aqui: http://ambio.blogspot.com/2009/11/ainda-questao-da-mulher-de-cesar.html). A única excepção que me recorde foi um "post" que escrevi propondo uma fusão entre a Quercus e a LPN (http://ambio.blogspot.com/2009/03/fusao-da-quercus-e-lpn.html), mas a essência deste post não era de crítica mas sim de análise sobre estratégia associativa. O Henrique e o Gonçalo não se revêm nesta minha posição e explicam as suas razões. Eu, como é natural, respeito as suas opiniões mas por enquanto mantenho a minha posição de partida: discutir associativismo em geral, sim, criticar o funcionamento e política interna de ONGAs em particular não.
3 - A tua (?) referência à lavagem de roupa suja é abusadora (porque não consubstanciada) e ridícula pois não tenho qualquer roupa suja para lavar, muito menos em matéria de ONGAs. Fui dirigente de algumas, continuo a ser sócio de muitas e não tenho espinhas encravadas sobre nenhuma delas (muito menos sobre a SPEA que, como disse, considero uma das melhores ONGAs do País). Se hoje tenho uma participação menos activa na vida associativa é por constrangimentos de ordem pessoal e familiar. Nada mais.
4 - O exemplo que dás "sobre utilização indevida de um blog desta natureza" é patético. Fui objecto de uma calúnia num blogue de um sujeito que não conheço em virtude de opiniões que emiti neste mesmo blogue. Essa calúnia parte da deturpação de informação pública para desqualificar as minhas posições sobre a matéria em debate neste blogue. Como é normal reservo-me o direito de responder às calúnias que me são dirigidas (só não sente quem não é filho de boa gente) e este é o local apropriado para o fazer já que é o fórum onde se emitiram as ideias que terão estado na base da calúnia. Além do facto de não teres nada a ver com o meu direito de resposta às calúnias que me são dirigidas, devo recordar-te que este não é um blogue institucional. É um blogue privado cuja linha editorial é decidida por quem cá escreve.
Nota final ao Alexandre e ao Paulo:
Se querem comentar o post em apreço, apresentando argumentos concretos que o rebatam, ou apresentando visões alternativas, adiante. O espaço é todo vosso. Se preferem usar este espaço para discutir os mensageiros deste blogue (no caso do Paulo com excessos de confiança que não tenho porque tolerar) mais do que as mensagens que aqui são escritas, lamento mas terão de ir pregar para outra freguesia.
Miguel: "Se querem comentar o post em apreço, apresentando argumentos concretos que o rebatam, ou apresentando visões alternativas, adiante. O espaço é todo vosso. Se preferem usar este espaço para discutir os mensageiros deste blogue (no caso do Paulo com excessos de confiança que não tenho porque tolerar) mais do que as mensagens que aqui são escritas, lamento mas terão de ir pregar para outra freguesia. "
Tens toda a razão, Miguel. Este é um verdadeiro problema na discussão em Portugal. Discute-se muito menos as linhas que as supostas entre-linhas, com juízos de valor e de intenção a reboque. Confesso ter cada vez menos paciência para alimentar estas "discussões".
Gonçalo Rosa
Meus caros
Estou-me a sentir arrastado precisamente para o meio das polémicas estéreis que comecei por criticar. Ainda assim e por consideração às pessoas por mim referidas darei mais alguns breves esclarecimentos que julgo pertinentes.
Henrique, o maravilhoso da escrita (e da comunicação em geral) é precisamente a beleza do triângulo Emissário - Mensagem - Receptor e como sabemos, neste processo há (felizmente) lugar a diferentes níveis de leitura e interpretações. Mas não creio que seja preciso eu explicar isso... Para mim, bem espremido o sumo do texto sobre a assembleia da SPEA ultrapassa em muito um comentário sobre os vícios das ONGA em geral e desta em particular. E prende-se demasiado com o caso desta assembleia e com a forma de como se sentiu (mal) tratado. Para mim, e com tudo o respeito interessa-me pouco saber quantos minutos ou segundos falou cada um dos interlocutores.
Além disso, eu nunca tentei "colar" o que o Miguel disse ao que quer que fosse. Apenas disse,(e mantenho) que ambos, em situações diferentes, usam este espaço para desabafos que na minha opinião são demasiado centrados em vós próprios.
Miguel, eu realmente fico perplexo com a animosidade da tua resposta! Aquilo que disse, é algo tão simples como: Não seria mais interessante manter a discussão centrada nas questões ambientais, do que trazer para aqui melindres e picardias pessoais? Pode-se concordar ou não, mas em caso algum julgo ter sido ofensivo para quem quer que fosse. Não vejo por isso que em situação alguma tenha "desrespeitado o teu silêncio", nem me parece justo considerar os meus comentários de "patéticos" ou "abusadores". Por outro lado terminas de forma contraditória dizendo que este não é um espaço para "discutir os mensageiros deste blogue". Mas não será precisamente isso que fizeste no texto que eu referi?
Chillout
Alexandre Vaz
"Não seria mais interessante manter a discussão centrada nas questões ambientais, do que trazer para aqui melindres e picardias pessoais?"
Caro Alexandre. É preciso ter lata. Se há coisa que defendo, designadamente no texto que referes é isso mesmo. Que, neste País, é difícil discutir ideias sem que alguém se lembre de recorrer a argumentos "ad hominem", ou transformar a discussão da mensagem numa discussão do mensageiro. E é o mesmo que respondo às tuas mensagens, primeiro anónima, depois assinada. Nessas duas mensagens apenas discutes pessoas e as tuas interpretações sobre as suas presumíveis motivações. Ou seja, zero de conteúdo; zero de "discussão centrada nas questões ambientais". E é pena pois se de facto estás interessado em discutir substância o post do Henrique serve de mote para uma discussão que, aliás, tem ocorrido neste blogue na sequência de vários posts do género.
Acontece que quando se fazem calunias do nível das que foram feitas, que atentam contra o bom nome individual das pessoas - e aqui regresso ao meu post que citas - ou se responde e se clarificam as águas ou se cala e se consente. E a decisão sobre se calar ou responder é do foro estritamente pessoal e portanto não a tenho que discutir contigo nem com ninguém (muito menos aqui).
Volto a insistir. Se tens algum interesse em discutir questões de substância "the floor is yours". Se o que te motiva é discutir a personalidade das pessoas que escrevem neste blogue, há outros locais onde o poderás fazer com audiências mais entusiasmadas e receptivas.
Alexandre,
Resumindo, as acusações não se baseiam em nada de concreto escrito no post.
Por mim, estou esclarecido.
henrique pereira dos santos
Duas ou três notas muito breves.
1- Sim eu tenho bastante lata, e que fique claro que se o meu primeiro contributo foi anónimo não como parte de uma estratégia de "mandar bocas" escondido atrás do anonimato mas apenas porque não tenho conta no Blogger/Google e porque não percebi que era importante que o assinasse. Mas isso foi algo que procurei corrigir rapidamente...
2- "Quem cala consente" é um daqueles ditados que supostamente emana da sabedoria popular e que na minha humilde opinião raramente são merecedores da minha concordância. Claro que a decisão de responder ou não que é tua, mas se a decides publicar, julgo razoável esperar que os destinatários (leitores do blogue) possam comentar da sua pertinência. Foi isso que eu fiz.
3- Gostaria de discutir "questões de substância" embora deva dizer que possa ser frustrante ter de as procurar entre demonstrações várias de arrivismo militante.
alexandre vaz
Alexandre,
Este blogue, até ao dia de hoje, tem 870 posts. Pegas num post específico, escrito num contexto extraordinário, de um debate altamente polarizado, para tecer considerações gerais sobre a utilização de um blogue de reflexão sobre ambiente para fazermos "ajustes de contas pessoais". Não achas injusto?
Achas que quem cala não consente. Pensando isso, é curioso que tenhas tido tanta preocupação em esclarecer o teu ponto de vista pessoal, de forma repetida, de modo a não deixar margem para interpretações equívocas sobre o significado do que querias dizer. Se o fazes num contexto de uma inóqua (e eu diria supérflua) troca de opiniões que seria se alguém escrevesse um post distorcendo informação pública (ou seja, mentindo) sobre a tua pessoa para desqualificar os teus argumentos num qualquer debate em que, publicamente, te tivesses empenhado?
Não pretendo continuar este diálogo que de facto pouco interesse tem mas convém recordar que 1) não fui eu que o comecei; 2) é fácil mandar bocas quando não se está de fora, i.e., quando as calúnias são feitas a outros e não a nós. Espero que nunca tenhas de sentir na pele o que estou a dizer.
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