terça-feira, novembro 10, 2009

o saqueador



Em Fevereiro de 2009, publiquei um post aqui sobre o "preçário de serviços de visitação do ICNB". As ditas taxas aliadas a uma fiscalização eficaz, matariam, por exemplo, a fotografia de natureza em Portugal, praticada com fins comerciais, dentro da rede nacional de áreas protegidas, ainda que esteja em crer que não fosse exactamente esse o seu propósito.

Como seria facilmente previsível, o dito preçário indignou e indigna a grande maioria dos fotógrafos de natureza profissionais e amadores, quer quando fotografam com fins comerciais quer quando o fazem com outro qualquer propósito, tão desfasado que está da realidade. A discussão foi intensa em alguns espaços da internet - ver, em Fotógrafos de Natureza de Portugal, por exemplo - um dos resultados dessas discussões foi a decisão de um grupo de 27 fotógrafos escrever uma carta ao ICNB, colocando uma série de dúvidas e mostrando-se disponível para discutir a lógica daquele preçário. A dita carta foi enviada a 16 de Março e a respectiva resposta ainda não chegou...

Interessa-me pouco discutir as obrigações legais que um organismo de Estado tem em responder às dúvidas de um cidadão em determinado tempo útil. Mas realço a forma arrogante e malcriada com que o Estado - e há exemplos destes por todo o lado - lida com os seus cidadãos. Vê-os como meros contribuintes, sem o mínimo de consideração, coisas para fazer dinheiro, potenciais alvos de saque. Mas age de uma forma acéfala, esquecendo-se que, perante a fiscalização que não tem, o cenário mais provável é o de que, a grande maioria destes fotógrafos, andem agora ilegalmente, sem dar cavaco a ninguém, fotografando em áreas protegidas, ou pura e simplesmente evitando-as, sempre que possível. Revoltados, seguramente. Porque ninguém gosta de viver assim.

Gonçalo Rosa

2 comentários:

João Branco disse...

Isto sé serve para que as áreas protegidas fiquem mais abandonadas.

Anónimo disse...

Como é possível o ICNB querer passar taxar fotografias profissionais em locais como a Ria Formosa e a Costa Sudoeste, com milhares de turistas e acessos?

Só mesmo a meia dúzia de desgraçados que vive da fotografia em Portugal é que iriam pagar a taxa. Todos os outros visitantes ocasionais estariam livres.. ou será que o ICNB iria até Inglaterra para multar um fotógrafo profissional inglês que cá viesse durante uns dias fotografar um campeonato de surf?