Em matéria de conservação coexistem duas linhas de gestão: uma que implica intervenção sobre os territórios, outra que implica não intervencionar nada.
Miguel Araújo tem sido um dos grandes defensores das virtudes da não intervenção.
Eu já fui mais contrário a esta ideia, hoje tenho uma posição mais moderada, convencido pelos argumentos do Miguel e outros (como o Carlos Aguiar em alguns aspectos).
O que me interessa destacar é que é preciso ter consciência da implicações de uma ou outra opção.
A não intervenção é pacífica em áreas relativamente restritas mas para ter verdadeiro significado de conservação deve ter dimensões mínimas de 100 000 hectares que é o que permite que a dinâmica de populações dos grandes mamíferos seja razoavelmente independente do que se passa à volta.
A opção pela não intervenção tem ganhadores e perdedores, mesmo entre as espécies que queremos conservar.
Uma das razões pelas quais acho que a não intervenção em larga escala é socialmente inaplicável em Portugal (a discussão técnica é diferente da discussão social) é que a maioria das pessoas, mesmo das pessoas que a defendem, não estão disponiveis para aceitar as suas consequências: fogos enormes e severos durante muito anos até à estabilização do coberto vegetal criador de sombra e húmido, diminuição brutal de muitas espécies, com quase todas as mais emblemáticas que hoje protegemos (coelho, imperial, real, lince, borboletas,etc.) e a recuperação de outras (corço, urso, provavelmente alguns peixes, por exemplo) sendo mais ou menos indiferente para outras (lobo, por exemplo).
Daí que a gestão activa dirigida a grupos específicos, como o coelho e as estepárias, seja aceite com relativa facilidade.
Esta gestão activa implica intervenção permanente para contrariar a tendência natural para as matas fechadas e umbrosas das nossas condições climáticas.
Há duas formas de fazer esta gestão activa: ou os agentes económicos a fazem quotidianamente porque é do seu interesse económico (agricultores, pastores, caçadores, conservacionistas que actuam no mercado das doações) ou o Estado o faz retirando recursos à actividade económica externa.
O Estado é de maneira geral menos eficiente e mais volúvel na sua actuação que os agentes económicos que se guiam por grandes tendências de mercado e por isso eu defendo que sempre que a economia poder produzir biodiversidade é por aí que devemos actuar. E que sempre que a economia se afasta dessa possibilidade, com excepção das situações de não intervenção em que o peso directo do Estado pode ser mais interessante porque o que é preciso é investimento inicial mas pouca gestão operacional para além de funções clássicas do Estado como a repressão), o mais interessante é o Estado actuar indirectamente através da intervenção nos mercados que possam influenciar a gestão activa que se pretende.
É assim que a não caça não obtém as mesmas densidades de coelho que a caça bem gerida, excepto quando quem promove a não caça actua como qualquer outro agente económico, comprando terrenos e gerindo-os orientado para os seus clientes, os doadores.
Adenda: sobre a questão da morte de uma imperial, que se pretende ligar aos problemas de conservação criados pela caça, ver aqui. Trata-se de um problema de polícia, não é um problema de conservação de primeira grandeza.
henrique pereira dos santos
40 comentários:
Caro Henrique Pereira dos Santos, fico muito satisfeito que o Miguel Araújo seja um defensor da não intervenção. Porque eu dou opiniões e argumento sem ver as coisas por dentro. É uma compilação de ler uns livros, umas notícias, do que vejo no terreno limitadamente, a lógica e o que me parece muitas vezes o mais elementar bom senso.
Quero no entanto esclarecer que quando defendo a não intervenção não é radical e em todo o território protegido. Não sei se isso é claro. Mas não tenho dúvidas que em algumas áreas naturais deviam ser os valores naturais a sobrepor-se aos outros. Por exemplo, uma não intervenção de caçadores seria o mínimo.
No seu discurso há uma completa inversão de valores. E esclareço mais uma vez que sou liberal qb. Quando diz que a caça é importante para a conservação, a realidade e a verdade é que sem os caçadores não se pode pensar em conservar nada. O que é radicalmente diferente. Porque, infelizmente, são os caçadores que controlam de facto o território. E isso não é aceitável. Pode vir com os argumentos económicos todos e mais alguns. Não é aceitável. E é uma gestão que impede alternativas, que serão sempre abatidas atempadamente.
Noutra caixa de comentários aparece um caçador "com consciência", pois já se sabe que quem abate águias-imperiais não é caçador. Não. São sempre os do outro grupo.
Mas, desmascara-se quando diz para fazer como os ingleses (julgo que é como os americanos, mas adiante). Qual é o proprietário, a associação, que neste país consegue manter os caçadores fora da sua propriedade? Qual é a associação, que tendo adquirido largas áreas de terreno, consegue desenvolver a sua actividade sem "protocolos", "acordos" e outras tretas com as associações locais de caçadores? Nenhuma.
É bom falar do alto da burra. Eu se pertencesse a uma comunidade que controla virtualmente 100% do território naturalizado, também mandava os caçadores pôr o dinheiro onde põem a boca -- se pudessem, claro.
A caça é favorável à conservação do coelho e de tudo, pela simples razão que quem manda são os caçadores. E assim se conserva. Quatro casais de águia-imperial, ou três e meio (uma população em franca recuperação!), poucas dezenas de águias-bonelli, três centenas de lobos, poucas dezenas de águias-reais, e mais meia dúzia disto e daquilo.
As suas análises das virtualidades da gestão através da caça são conspícuas em omitir se é recomendável ter zonas de protecção especial dentro de zonas de caça.
São conspícuas em não mencionar o impacto de hordas de caçadores numa determinada área. Onde, abrindo a época da caça, literalmente atropelam-se uns aos outros, chegando mesmo a abaterem-se uns aos outros (todos os anos). Os efeitos de 300.000 caçadores (legalizados) na conservação, são na sua opinião desprezíveis.
São conspícuas em não mencionar o uso indiscriminado de métodos de controle (ou deverei dizer gestão?) de predadores, incluindo toda a casta de venenos.
São conspícuas em omitir a caça como um dos factores do recuo de algumas espécies.
E por fim a reconfirmação que de facto, a conservação com amigos destes não necessita de inimigos: é abatido um macho de águia-imperial do único casal nidificante em Portugal (Eram quatro? Excelente). E gosto muito de escrever isto: dentro de uma zona de protecção especial dentro de uma zona de caça. O caro Henrique Pereira dos Santos, diz que se pretende ligar o caso aos problemas de conservação. Pode ter a certeza que se pretende. E não deixa de ser um caso de polícia por isso.
Não considerar a caça, nos números portugueses, como um factor grave de perturbação na conservação da biodiversidade, não tem cabimento. Que não se queira incomodar quem de facto manda no terreno é que não é um problema de conservação. É um problema do país. O Estado não tem autoridade e está refém deste e de outros grupos grandes por demais conhecidos. -- JRF
Por fim algo que também é importante para mim e espero que não seja encarado como um ataque ad hominem como gosta de se dizer por aqui: Num outro post que não comentei A gestão do Parque Natural das serras de Aire e Candeeiros, entendi melhor a questão entre área protegida e certas actividades económicas. Mas, a certa altura, diz que "o que não é o mesmo de dizer que é isenta de erros, muitos foram cometidos, e por alguns deles sou o responsável directo, dizendo com clareza que provavelmente há património natural que hoje não existe por minha responsabilidade)".
Toda a gente comete erros e é óbvio que eu não trabalhando na área não cometo esses erros e estou de certa forma numa posição confortável para comentar e criticar. Mas isto que diz é outro problema grave. Se em Portugal não há "accountability", o que custa reconhecer o seu erro? Aos responsáveis por zonas de protecção especial dentro de zonas de caça, o que custa o erro? O que custa o "abate fortuito" de 10-15% da população nacional de uma espécie? E aos caçadores custou alguma coisa? -- JRF
Falar sobre gestão e sobre intervenções em simultâneo, como se fossem sinónimos, é confundir dois níveis de abordagem. Gerir é decidir sobre o que fazer para atingir certos objetivos. A decisão de intervir ou não é um ato de gestão. A chamada "gestão ativa" é associada à decisão positiva de intervir, e é vista como algo de fundamentalmente diferente da "gestão passiva", a gestão que se baseia na não-intervenção. Mas na realidade trata se de gestão, e a necessidade de intervir depende exclusivamente dos objetivos estabelecidos pelos gestores (públicos ou privados, é independente). A qualidade de gestão deve ser avaliada na capacidade de atingir os objetivos gizados. É inútil discutir as vantagens e desvantagens de uma gestão mais ou menos ativa sem conhecer e discutir os objetivos subjecentes. Faz me confusão ouvir pessoas que são favoráveis a uma gestão de não-intervenção independente (ou inconsciente) dos objetivos de gestão.
Henk Feith
Tens razão, Henk.
Deveria ter falado em gestão activa e gestão passiva. Mas a verdade é que o que se ganha em rigor se perde em expressividade.
henrique pereira dos santos
Caro José Rui,
1) "não tenho dúvidas que em algumas áreas naturais deviam ser os valores naturais a sobrepor-se aos outros" Penso que todos estamos de acordo sobre isso, mas é bom ter consciência de que os valores naturais que estão num determinado local podem ter necessidades de gestão contraditórias. Por exemplo, o coelho precisa de clareiras, o corço de matas, o que significa que numa zona de mosaico a gestão passiva favorece o corço, para favorecer o coelho é preciso gestão activa que cotnrarie a sucessão natural.
2)"Qual é o proprietário, a associação, que neste país consegue manter os caçadores fora da sua propriedade" Qualquer um. Como exemplos concretos tem as propriedades da QUERCUS e não tenho a certeza se as da LPN. Na Faia Brava não tem porque a ATN considera os caçadores como parceiros e aliados do seu projecto.
3) "Quatro casais de águia-imperial, ou três e meio (uma população em franca recuperação!), poucas dezenas de águias-bonelli, três centenas de lobos, poucas dezenas de águias-reais, e mais meia dúzia disto e daquilo" De todas estas espécies não existem populações portuguesas, existem populações ibéricas (pelo menos). Por exemplo, no caso da imperial a população é de mais de 500 indivíduos.
4) "300.000 caçadores (legalizados)" Está enganado, são 150 000.
5) "omitir a caça como um dos factores do recuo de algumas espécies" Quer dar exemplos?
6) "Não considerar a caça, nos números portugueses, como um factor grave de perturbação na conservação da biodiversidade, não tem cabimento" Quer fundamentar com factos? Não vale a pena vir com a morte de um indivíduo numa população de 500 porque isso não prova que exista um impacto significativo (só esse casal produziu mais aguiotos nesse ano que o indivíduo que morreu).
Caro José Rui, a minha proposta é que nos concentremos nos factos, separemos o que são factos seguramente estabelecidos (por exemplo, as maiores densidades de coelho no país coincidem com gestão cinegética intensa a que está também associada uma maior densidade de rapinas) e discutamos as interpretações que se podem fazer a partir dos factos.
Proclamações a dizer que com amigos como eu a conservação não precisa de inimigos são rigorosamente inúteis para a discussão, independentemente de ser verdade ou não.
henrique pereira dos santos
Meu caro Henrique
São exemplos muito escassos de sítios de onde estarão afastados os caçadores.
Em relação a Faia Brava,julgo tratar-se mais de se não podes vence-los junta-te a eles,do que qualquer reconhecimento da necessidade de tal pareceria.Alguns dos técnicos que por lá têem passado consideram-na bem bastarda.
Essa teoria serve sempre e só os tubarões organizados,nunca a natureza ou os mais humildes.
A organização subjacente à caça é um monstro incentivado pelo governo,em auto gestão,e não só prejudicial à preservação como,em muitos locais,ao desenvolvimento de actividades necessárias e de fixação de população em regiões do interior.
Um cordial abraço,
mário
Caro Mário,
Agradeço o seu comentário onde mais uma vez dá a sua opinião sobre a caça e a conservação, mas infelizmente quanto a factos, zero.
Isso reduz naturalmente o seu contributo para a discussão.
henrique pereira dos santos
Good blog.
Mário,
Gosto do seu mundo, a preto e branco, onde só há bons e maus. A caça é mau e... prontos!
Mas convenhamos, a realidade é bem mais complexa. Se tudo fosse como está a pôr as coisas seria muito fácil... mas infelizmente (ou talvez não), não é...
E continuo a achar que essencialmente adjectiva, qualifica e faz juizos de valor e de intenção demais; esquecendo-se, como bem refere o Henrique, dos factos e análises mais objectivas.
A paixão cega :)
Gonçalo Rosa
Meus caros Henrique e Gonçalo
Juizos de valor é o que tento não fazer mas farei.
O mundo a preto e branco,nas fotografias ainda há pouco usava.
E eu é que uso adjectivos,bem tento não usar.
Factos:
Cada vez que tentei fotografar uma Codorniz,raio de azar,era sempre das japonesas.
Umas perdizitas de pata vermelha,com penas brancas nas asas.Não pareciam albinas.Pareciam mais hibridadas de turcas,ou por aí.
Pedimos o apoio técnico para nos fazerem a caracterização ecológica da quinta.
Fazemos só agricultura sem produtos de síntese.Introduzimos dúzia e meia de Churras mondegueiras,em estabulação livre.
Vamos acompanhando o desenvolvimento.
Aparecem já alguns resultados.Vou-os publicando no blogue.
Em 2011 far-se-á novo estudo de caracterização.
A preservação das Churras tem sido muito difícil.Já lá vão 18 esventradas pelos cães utilizados nas batidas ao Javali.Temo-las ido subestituindo.Agora está mais difícil,abateram o macho.Pedimos já apoio à respectiva associação.É muito complicado encontrar machos,daquela raça.A qualidade do macho é vital.
Um holandês,entusiasmado com o PNSE/REDE NATURA 2000,comprou uma propriedade,onde se dedica à biodinâmica.Tentou um acordo com a associativa.Resultado,ovelhas esventradas,queixas dos compatriotas que ficavam lá na quinta,etc....
Hoje é um dos mais firmes opositores à caça.
Imaginam cerca de uma tonelada de chumbo largada numa pequena área de quintais?Se não há,mesmo migratórias,atira-se a tudo.Até cartuchos vazios,deitados ao ar,servem.
Azeitona,a meio da maturação,com o,o5 mgs/kg,de chumbo.(Laboratório Ricardo Jorge).
Dezenas de aves domésticas com morte por dearreia verde=saturnismo.
Qual será o impacto de todo este chumbo?
Então os caçadores não têem de cumprir a lei?
O criminoso é quem comete o crime ou quem quer fazer cumprir a lei?
Se é que nesta nação é possível.
Cordial abraço,
mário
José Rui escreveu:
"Porque eu dou opiniões e argumento sem ver as coisas por dentro. É uma compilação de ler uns livros, umas notícias, do que vejo no terreno limitadamente, a lógica e o que me parece muitas vezes o mais elementar bom senso."
Está explicado as suas opiniões. O José Rui mistura situações que efectivamente se passavam há 10 anos atrás com outras que se passavam à 30, com outras há 50, fruto das suas leituras de artigos e revistas escritas nas várias épocas, relatando contextos diferentes.
Caso o Rui assim o entenda, um destes dias poderá acompanhar um qualquer grupo de caça numa jornada, num qualquer sítio do país, actualizando assim as suas ideias. Verá que as coisas são absolutamente diferentes do que idealiza, consequência de que leu poder já não ser verdade, ou ter sido sempre mentira. Repare que pode ter lido coisas escritas por alguém como você, que escreve sobre assuntos que desconhece mas que leu algures e em determinada época. Caso não se sinta bem no campo, a pisar mato, sujando-se de pó, esmagando alguns seres vivos inocentes, como aranhas e formigas (há muitos hurbanos assim. Estão no seu direito desde que não exijam que todos procedam da mesma maneira) mesmo assim poderá abrir um qualquer fórum de caçadores, como por ex. o fórum st. Huberto, e viver a realidade da caça em Portugal no séc. XXI.
As suas certezas, como a dos 300.000 caçadores, a da Lei favorecer os caçadores, a do abate a tiro de todos os predadores e peças de caça que passem a jeito, etc. estão absolutamente erradas. Algumas das suas afirmações ultrapassam mesmo a ignorância e são um insulto. Contudo, estando você, por certo, influenciado por leituras de situações que de facto aconteceram há 30 anos, julgando-as ainda do tempo presente, terei de dar um desconto.
Para além do que os caçadores escrevem no Portal St. Huberto, aconselho-o a ler a Lei da caça e os Dec-Leis regulamentares, as Portarias anuais e a Lei das Armas e Munições. Nesse portal encontrará os respectivos links. Verá que a moldura penal é, neste país de brandos costumes, extremamente exigente para os caçadores, muito mais que em outros países vizinhos, com inúmeras situações de pena de prisão e multa que em França ou Espanha se aplica contra-ordenação. A Lei é actualmente de tal modo exigente, plena de burocracias e espórtulas ao Estado, que dezenas de milhar de caçadores desistiram nos últimos anos. Carta de caçador (curso e exame), licença de uso e porte de arma (idem), licença anual de caça, seguro anual de caça, seguro anual de armas, licença e vacinas dos cães ( os caçadores são os únicos que a cumprem), propina anual para a associação em zona de caça associativa, pagamento ao proprietário se for turística (e se é caro...), pagamento por jornada se for municipal, sujeita a inscrição e rateio. O terreno livre já quase desapareceu.
Poderá ler na Lei, por ex, uma das muitas situações desactualizadas que referiu, como por ex. a dos guardas de caça. Actualmente as zonas de caça não são obrigadas a ter guardas, quem faz a fiscalização é o Sepna e a PSP, entidades policiadoras pagas com o dinheiro das licenças de caça e o imposto anual das zonas de caça, paga a x euros o hectare, sobrando ainda muito dinheiro para o Orçamento de Estado.
Por fim informo-o que numa zona de caça turística onde caço, cada caçador apenas pode abater, por jornada, 1 lebre, 1 coelho e 2 perdizes. Caçamos em grupo para não haver chico-espertices, e quem não souber conter-se é expulso. O ano passado foi um, que abateu 2 coelhos. Há 3 anos foi outro, que abateu 2 lebres. Claro que tentaram esconder os actos mas foram caçados, não fossemos nós caçadores. Garanto-lhe que actualmente é assim em quase todo o país. Não acredita? Está no seu direito. Mas afirmar o contrário, pelo que lê e ouve dizer, será, no mínimo, falta de educação, arrogância e fanatismo.
Claro que o mundo da caça não é o paraíso. Mas quando o fôr perde todo o interesse.
O Henk Feith introduziu algo importante na discussão: De facto, posso considerar que dependendo dos objectivos, uma determinada gestão seja preferível a outra, ou complementar. E que a caça faça parte das opções. Não deixa de ser bizarro, os objectivos de conservação serem os mesmos em todo o país e passem todos por um dos métodos de gestão: a caça. -- JRF
Por vezes com os argumentos que vejo contra a caça fico a pensar que devem pensar que os caçadores a cada tiro que dão matam logo à primeira!
E que por isso os caçadores devem "limpar" tudo o que mexa no meio do terreno.
De pescadores e caçadores de tudo o que digam descontem metade, nos caçadores o número de peças abatidas e nos pescadores os tamanho do peixe.
Por exemplo eu pessoalmente (que não tenho problemas de afirmação pessoal e por isso não tenho problemas em admitir que não sou grande caçador) na caça aos tordos tenho uma taxa de eficácia de 5%! Um caçador bom já atinge uma taxa de 15%, e só se for um caçador excepcional atinge taxas na ordem dos 30%, mas estes últimos são muito muito poucos. Nas zonas de caça onde caço caçam no total cerca de 250 caçadores e só 10 a 15 conseguem atingir um nível excepcional.
Um caçador para atingir taxas superiores a 30%, tem que ser alguém muito muito mas muito especializado só nesse tipo de caça, ou seja só caça bem a um tipo de espécie, e esses são aves muito raras, pessoalmente só conheço um!
A conservação na minha óptica só tinha a ganhar se trabalhasse em conjunto com os caçadores, porque há muito conhecimento útil para a conservação que só os caçadores têm, e também existe muita informação que os conservacionista detêm que iriam ajudar a desmistificar certas situações junto dos caçadores.
Vocês nem imaginam por exemplo o número de pessoas que ainda hoje em dia pensam que as lebres comem carne, mesmo entre alguns caçadores!
Mas bem como algumas informações que os académicos tem sobre algumas situações não são as mais correctas (ou completas), como pude constar por exemplo no "Atlas das Aves Nidificantes em Portugal" que ofereci ao meu pai no Natal.
Como disse o Gonçalo Rosa o mundo não´é só preto e branco existem muitas zonas cinzentas. Não existe nada neste mundo que seja 100% bom ou 100% mau, em qualquer destas situações há sempre alguém que perde, dou como exemplo as espécies que se adaptaram a zonas de agricultura intensiva.
Caro Henrique Pereira dos Santos:
2) Não é verdade; que propriedades da Quercus? Micro-propriedades vedadas (mesmo assim não é garantia) ou grandes áreas?
Eu sou sócio da ATN. É a única associação ambientalista de que sou sócio. Já admirava o que estão a fazer e conheci o Henrique Monteiro no almoço onde também esteve. Ou seja, não sou nenhum "insider" do que se passa, mas conversei alguma coisa sobre o assunto. Visto daqui, é uma óbvia situação igual ao que descrevo nos textos e o Mário diz o mesmo. Diz que são aliados. Em quê pode-se saber? Se os objectivos de conservação mudarem, acha que essa parceria contra-natura deixa de existir? Acha mesmo que podem conservar alguma coisa com os caçadores contra eles?
3) Correcto. Admira-me, tão preocupado que está com a gestão económica, que não sugira que se deixe de investir na conservação destas populações no nosso território. Qual é a importância? Ainda para mais prejudica economicamente a exemplar gestão por parte dos agentes da caça. Gasta-se um dinheirão no Lince para quê? Para apaziguar consciências que permitiram construir auto-estradas e a barragem de Odelouca?
4) Não estou enganado e admira-me que também conteste esse número. Vou ter que considerar demagogia. Porque o que está por toda a internet é que são 300.000 caçadores, dos quais cerca de metade não pagaram em 2009. Isso já faz deles 150.000? Nem discuto. Só armas legais são 1,42 milhões, metade de caça se me lembro. Sobre os ilegais há estudos?
5) Ia dizer o lobo no Alentejo, sendo o seu amigo do outro post um dos factores. Mas não. Vou dizer todas as espécies. Pela seguinte razão: pode dizer que é o coelho, mas o coelho não é o único factor. A caça é um dos factores. Num meio tão pressionado, a caça é em definitivo um dos factores. Não tenho a mínima dúvida.
6) Eu? Porque não fundamenta o Henrique com factos? O Henrique é um insider da conservação. Se os factos existem, deve tê-los. Ou então não há factos. Porque, quem faz malfeitorias fala delas aos amigos, não fala delas às autoridades e nos "estudos" sobre conservação.
Mas, portanto, é desejável caça em todo o lado, incluindo em zonas com espécies tão sensíveis. Ou o Henrique imagina 100.000 hectares no país que pudessem beneficiar com a não-caça?
Por fim quanto aos amigos, é o que acredito. E era uma peça que me faltava no puzzle da conservação em Portugal. Por exemplo, como é que os caçadores se tornaram os gestores de facto do território. Aos poucos vou entendendo. -- JRF
José Rui escreveu:
"Porque eu dou opiniões e argumento sem ver as coisas por dentro. É uma compilação de ler uns livros, umas notícias, do que vejo no terreno limitadamente, a lógica e o que me parece muitas vezes o mais elementar bom senso."
Está explicado as suas opiniões. O José Rui mistura situações que efectivamente se passavam há 10 anos atrás com outras que se passavam à 30, com outras há 50, fruto das suas leituras de artigos e revistas escritas nas várias épocas, relatando contextos diferentes.
Caso o Rui assim o entenda, um destes dias poderá acompanhar um qualquer grupo de caça numa jornada, num qualquer sítio do país, actualizando assim as suas ideias. Verá que as coisas são absolutamente diferentes do que idealiza, consequência de que leu poder já não ser verdade, ou ter sido sempre mentira. Repare que pode ter lido coisas escritas por alguém como você, que escreve sobre assuntos que desconhece mas que leu algures e em determinada época. Caso não se sinta bem no campo, a pisar mato, sujando-se de pó, esmagando alguns seres vivos inocentes, como aranhas e formigas (há muitos hurbanos assim. Estão no seu direito desde que não exijam que todos procedam da mesma maneira) mesmo assim poderá abrir um qualquer fórum de caçadores, como por ex. o fórum st. Huberto, e viver a realidade da caça em Portugal no séc. XXI.
As suas certezas, como a dos 300.000 caçadores, a da Lei favorecer os caçadores, a do abate a tiro de todos os predadores e peças de caça que passem a jeito, etc. estão absolutamente erradas. Algumas das suas afirmações ultrapassam mesmo a ignorância e são um insulto. Contudo, estando você, por certo, influenciado por leituras de situações que de facto aconteceram há 30 anos, julgando-as ainda do tempo presente, terei de dar um desconto.
Para além do que os caçadores escrevem no Portal St. Huberto, aconselho-o a ler a Lei da caça e os Dec-Leis regulamentares, as Portarias anuais e a Lei das Armas e Munições. Nesse portal encontrará os respectivos links. Verá que a moldura penal é, neste país de brandos costumes, extremamente exigente para os caçadores, muito mais que em outros países vizinhos, com inúmeras situações de pena de prisão e multa que em França ou Espanha se aplica contra-ordenação. A Lei é actualmente de tal modo exigente, plena de burocracias e espórtulas ao Estado, que dezenas de milhar de caçadores desistiram nos últimos anos. Carta de caçador (curso e exame), licença de uso e porte de arma (idem), licença anual de caça, seguro anual de caça, seguro anual de armas, licença e vacinas dos cães ( os caçadores são os únicos que a cumprem), propina anual para a associação em zona de caça associativa, pagamento ao proprietário se for turística (e se é caro...), pagamento por jornada se for municipal, sujeita a inscrição e rateio. O terreno livre já quase desapareceu.
Poderá ler na Lei, por ex, uma das muitas situações desactualizadas que referiu, como por ex. a dos guardas de caça. Actualmente as zonas de caça não são obrigadas a ter guardas, quem faz a fiscalização é o Sepna e a PSP, entidades policiadoras pagas com o dinheiro das licenças de caça e o imposto anual das zonas de caça, paga a x euros o hectare, sobrando ainda muito dinheiro para o Orçamento de Estado.
Por fim informo-o que numa zona de caça turística onde caço, cada caçador apenas pode abater, por jornada, 1 lebre, 1 coelho e 2 perdizes. Caçamos em grupo para não haver chico-espertices, e quem não souber conter-se é expulso. O ano passado foi um, que abateu 2 coelhos. Há 3 anos foi outro, que abateu 2 lebres. Claro que tentaram esconder os actos mas foram caçados, não fossemos nós caçadores. Garanto-lhe que actualmente é assim em quase todo o país. Não acredita? Está no seu direito. Mas afirmar o contrário, pelo que lê e ouve dizer, será, no mínimo, falta de educação, arrogância e fanatismo.
Claro que o mundo da caça não é o paraíso. Mas quando o fôr perde todo o interesse.
Caro Trepadeira,
Não vou rebater o que não concordo consigo, que é quase tudo. Apenas lhe digo que é absolutamente proibido fazer repovoamentos com as espécies que refere. Queixe-se às autoridades. Caso não o queira fazer, informe uma qualquer Federação de caçadores, que eles actuarão. Só caçarretas tolos é que desejam híbridos nos campos. Tal como os híbridos, os caçarretas que soltam espécies não autóctones estão a mais.
Concordo consigo quando refere as montarias e a canzoada que as acompanha. Apesar de seguro obrigatório feito para cada montaria, que lhe paga obrigatoriamente os prejuízos nas churras, a coisa tem de levar uma volta. Os porcos podem ser abatidos por processos selectivos (esperas nocturnas, caça de salto e por aproximação) sem o desvario de muitas dezenas de cães à solta numa mancha de mato. Os cães matam tudo o que apanham, exceptuando os caçadores, para mal de muitos, nomeadamente os que adoram ver os toiros pendurarem nos cornos toureiros. Mas também não é preciso o fazer, essa tarefa fica a cargo dos próprios caçadores, useiros em atingir a tiro o vizinho do lado, ou a 2 quilómetros de distância (facílimo para uma bala de carabina) na ânsia de abater um javali que passa no sítio onde o tiro não deve ser feito. Este ano já morreram vários assim, há semelhança do que acontece todos ao anos.
Já há bastantes anos, quando as montarias pegaram moda, tentei fazer chegar às ONGA a ideia que as "romarias", tal como se estavam a realizar, era um perfeito disparate para a Natureza. Mas os ambientalistas no poder não consideraram isso importante, não sei se por lhes trazer pouco protagonismo, o assunto ser novo e exigir algum estudo e conhecimento, indesejável a quem se supõe saber tudo, ou julgarem as baixas no nº de caçadores poder compensar os bichos protegidos mortos à dentada. Mas estou certo que é uma questão de tempo até as montarias serem regulamentadas. Mas, até lá, muitas mortes vão ocorrer desnecessariamente. Tanto na actual guerra civilizada entre humanos, como na caça do Séc. XXI, há que evitar a todo o custo danos colaterais.
O caríssimo José Rui insiste em escrever coisas sobre as quais nada sabe, apenas imagina que assim são, porventura julgando prestar um bom serviço à causa. Não está não. Assim, com comentários tão pouco certeiros, comparáveis apenas à pontaria do confrade Spawn, apenas prejudica o seu clube. Faz mais mal que bem ao que pretende defender.
Caro confrade Spawan, 5/100 de eficácia nos tordos? Em cada 20 tiros abate 1? Desculpe lá o conselho mas dedique-se à pesca, :-)!
(Os administradores do blog tenham paciência e apaguem a mensagem que por lapso repeti)
caro Jaime Pinto caço à poucos anos e comecei já bastante tarde infelizmente, daí também a fraca pontaria :) . Mas acompanhei durante muitos anos o meu pai nas suas andanças e há muitos anos que vejo o que se passa no mundo da caça. O meu pai ajudou a formar muitas zonas de caça na Beira Alta.
E o que verifiquei é que muitos caçadores como tinham fraco conhecimento técnico foram eles próprios experimentando e tentando regular e gerir as zonas de caça de acordo com os seus parcos conhecimentos, pois a informação disponível por parte do meio académico e mesmo a vontade de participação dos técnico ligados á conservação de divulgar alguma informação relevante era escassa para não dizer inexistente.
E o pouco que de correcto queapreenderam ou foi à sua própria custa ou através de artigos e trabalhos estrangeiros especialmente espanhóis e franceses.
Meus caros
Quanto à caça a questão primeira é:
Será eticamente aceitável e racionalmente justificável matar por prazer,por diversão e,ou,por desporto?
Quando se pode julgar intervir positivamente,num qualquer ecossistema,abatendo animais,é porque esse mesmo ecossistema está já muito degradado,sempre pela acção do homem,e esse abate só o poderá prejudicar mais,mesmo que a curto prazo pareça haver alguma melhoria.Esse acto nunca criará as restantes condições à recuperação.Isto é,não eliminará as causas,bem pelo contrário agravá-las-à.
Quanto ao SEPNA,com quem temos excelente relacionamente e,reconhecemos algum esforço,aqui,existe uma brigada para 14 concelhos.E,pôe-se sempre o problema das testemunhas,seja em que prejuizo for.Mesmo tendo,com a colaboração do PNSE e do departamento de ambiente da Câmara,feito um curso para vigilantes,em regime de voluntariado,que teve 11 participantes,todos eles sensibilizados pelos permanentes abusos.
Em relação ao Vale integrado no PNSE/REDE NATURA 2000,fez o SEPNA já vários relatórios confirmando não haver "terrenos cinegéticos",sem qualauer efeito.
A AFN,reconhecendo o problema,limita-se a enviar ofícios ao SEPNA solicitando maior fiscalização.
Por isso invocar a lei,como segurança,é uma falácia.
Nos processos,a que temos tido acesso,sempre através da CADA (Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos)pois os vários organismos nunca os cederam voluntariamente como a lei manda,as irregularidades são,por demais evidentes.Pareceres, mencionados como positivos,nunca emitidos;áreas muito superiores às defenidas nos pareceres dos técnicos que instruiram os processos;desrespeito total e absoluto por áreas de protecção;etc....
Quando,um movimento de agricultores,quiz,desesperada com os abusos,recorrer ao Tribunal Administrativo foi informada pelos advogados do seguinte:
"Têem toda a razão e ganharão concerteza,mas a acção judicial vai demorar 7 a 10 anos,em média,muito para além da concessão de caça.".
Quanto às zonas de caça ditas turísticas,eu logo vi que não podiamos estar a falar das mesmas situações.
Saudações cordiais,
mário
Caro Jaime Pinto, quase que o ignorava, porque quando me correm a fanático é sinal que a conversa acabou. Fundamentalista também não deve tardar. Toda a gente sabe que fanáticos e fundamentalistas são os que argumentam a favor da natureza, não são os que a destroem. Nem os que a apreciam de arma na mão.
Eu discuto com boa fé. Nada me obrigou a escrever o primeiro parágrafo. Mas escrevi com consciência que ia logo aparecer o esperto a tirar altíssimas e doutas conclusões. Para quem diz que está dentro dos assuntos sabe menos que eu. Ou então só sabe o que lhe interessa. E frequenta uma redoma de caça, onde altos valores de conservação se alevantam. O país real é outro. É a vida.
O senhor não reconhece nos seus pares nenhuma das atitudes e situações descritas por mim e pelo Mário. São coisa de há 10, 30 e 50 anos e não se passam com caçadores é com caçarretas. Claro. Lendo e aprendendo.
De facto é como diz. Os caçadores que tomaram de assalto praticamente 100% do território naturalizado, onde um simples cidadão não pode estar em paz e sossego, são uns sacrificados. A lei não os larga. E é implacável.
Vacinas e licença dos cães? Os únicos! E tratá-los bem não há outros. Na TVI uma sinistra personagem da fina flor da sociedade, um dia explicava aos pares que não devem abandonar os cães. Não. Isso não se faz. Mais vale e cito “ser mais humano e dar-lhes um tiro, se não prestarem”. De facto mais humano era impossível. Mas desculpe o interlúdio. Não é um problema de conservação.
Essa conversa dos caçarretas tresanda a conversa de caçador rico a falar dos caçadores pobres. Mas desengane-se. Já conheci verdadeiros sacanas cheios de dinheiro e instrução. Aliás, morei 20 anos ao lado de uns. Mas isso de facto foi há 20 anos. Entretanto, hoje, devem exalar civismo e "valores de conservação". E os cães em vez de comerem pão ensopado em água, é só pão-de-ló. E até já limpam o esterco. Para os bichos não viverem como porcos numa pocilga. E no fim da época? Até regressam à pocilga e tudo.
Eram pessoas encantadoras, mas transfiguravam-se de arma na mão. Acontece muito.
Tenho uma certa pena de já não ser vizinho deles. Hoje as coisas seriam de outra forma. De facto houve uma evolução.
Mas, voltando à conservação e a problemas conspicuamente ausentes na análise da gestão pela caça, do site Antídoto Portugal:
O uso ilegal de venenos em Portugal está intimamente ligado à actividade cinegética.
Embora não seja obviamente uma prática exclusiva deste sector, um grande número de casos de
envenenamento detectados estão relacionados com a Caça. A principal razão e aquela que tem
consequências mais graves para algumas espécies silvestres é o controlo ilegal de predadores
que é levado a cabo por um grande número de zonas de caça. A falta de conhecimento no que
respeita à biologia das espécies silvestres, tanto predadoras como presas (cinegéticas); o
desrespeito pela Natureza e pela Biodiversidade; a necessidade de rentabilizar a Caça
recorrendo a práticas cinegéticas não sustentáveis e que apenas visam um rendimento imediato;
a falta de fiscalização eficaz e o fácil acesso a produtos que podem ser usados como veneno têm
contribuído para que o controlo ilegal de predadores seja uma prática corrente, cuja existência é admitida com naturalidade, também no sector da Caça. A total impunidade, a falta de
preocupação e/ou formação das autoridades para lidar com os casos detectados, a par de alguns
problemas ao nível da legislação não têm contribuído para uma mudança de atitudes, mentalidades e de práticas de gestão cinegética no seio dos caçadores.
Dito isto tudo, não me custa reconhecer que há alguns caçadores a fazer um esforço para mudar a situação. Não me parece que o senhor faça parte desse grupo. Para ajudar a resolver os problemas é necessário sair da redoma de caça e reconhecer que os problemas existem e são o dia a dia de quem tem que conviver com tão encantadora trupe. -- JRF
Mário,
Mário: "Meus caros, Quanto à caça a questão primeira é: Será eticamente aceitável e racionalmente justificável matar por prazer,por diversão e,ou,por desporto?"
Até que enfim, Mário!!! Depois de batermos todos os recordes de número de comentários... demorou mas lá chegou ao que realmente o preocupa. E o que lhe peço é que não confunda animalismo e a sua ética com interesses da conservação da natureza. É que independentemente de intenções, estou convencido que o regime cinegético especial contribui positivamente para a conservação de muitos predadores que dependem de espécies cinegéticas, e estou seguro que, ao abrigo das caldeiradas que se fazem para confundir animalismo e ambientalismo, o animalismo que por aqui (e não só) passa dá valentes biqueiradas na conservação da natureza. Veja lá, como é a vida... boas intenções podem produzir maus resultados e supostas más intenções podem produzir bons. É a vida...!
Gonçalo Rosa
O caro Spawm reconhece implicitamente, ao contrário dos conservacionistas, que não é desejável misturar caça e conservação. E muito menos zonas de conservação especial e zonas de caça.
Voltando ao indivíduo absolutamente nada importante de águia-imperial criminosamente abatido por um caçador — quantos caçadores são capazes de reconhecer uma águia-imperial?
Caro Gonçalo Rosa, essa conversa do animalismo não me está a parecer nada elogiosa. Que é isso de animalismo? Outra peça do puzzle que me faltava nesta história da conservação em Portugal, é a constatação que os ambientalistas estão entrincheirados em pequenos feudos e gramam-se todos à brava. Olhe meu caro, excepção feita aos conflitos entre regime livre e associativo, os caçadores não têm dúvidas em falar a uma só voz. E têm perfeita noção dos interesses que defendem. Se calhar seria proveitoso não perder isso de vista. O que o Mário tem dito, eu julgava que era bom senso comum. Mas aqui não se pode discutir de boa fé. Como é "animalista", todos os seus argumentos perderam imediatamente validade. É o argumento de autoridade ao contrário. Terrível. -- JRF
Meu caro Gonçalo
Eu bem deixei,num comentário a um post anterior,um link onde poderiamos colher óptimas informações.
O autor é o professor titular da cadeira de toxicologia.Vale a pena ler.
Aquela foto a raio x do papo de uma águia com mais de 20 bagos de chumbo no papo é bem elucidativa daquilo que acontece aos animais que se alimentam das tais espécies cinegéticas.
Sobre conservação e zonas de caça julgo não haver dúvidas de incompatibilidade.Há são interesses que não deixam reconhecer.
Podia dar-lhe,de memória,5 ou 6 exemplos mas,para não maçar,só este:
A última zona de caça municipal que por aqui se fez,PNSE/REDE NATURA 2000,foi entregue,a gestão,a uma junta de freguesia cuja alguns membros,onde se inclui o presidente,tem pendentes vários,de 4 tenho eu cópias,processos de transgressão ambiental,de forma reiterada,com desrespeito pela lei,pela autoridade e com claro abuso de poder.
É um bom exemplo de capacidade de gestão dos recursos naturais na rede natura.
Também poucas,eu não conheço nenhuma mas admito que existam,têm estudos capazes.São copiados uns dos outros,sem trabalho de campo,bem como os planos.
De boas intenções e más intenções,não tenho a balança de pesar almas.
Cordial abraço,
mário
Post scriptum-Quanto ao animalismo,acredite,sem ofensa,prefiro ser comparado aos bichos do que a algumas pessoas.
Caro José Rui,
Se não lhe chega injuriar todos os caçadores por atacado, afirmando (tendo a certeza!) que todos abatem predadores, pois adiante-se e ofenda à vontade, pois mais se enterra e abre o seu carácter.
Desconhece, conforme escrito por si, o que efectivamente se passa no campo, contudo supõe saber tanto que se julga no direito de disparar em todas as direcções que lhe cheire a caçador, fruto dos seus múltiplos conhecimentos apreendidos na net e em revistas. Não explica porque nunca rompeu botas no campo (caso sofra de maleita física que impeça tal exercício, as minhas desculpas). Chama-me esperto por lhe chamar a atenção das suas lacunas de informação. Pois inspirados desses chamam-se fanáticos. Não fui eu que inventei o nome nem lhe atribuí o significado. Caso não lhe agrade o epíteto modere-se.
Você realmente é um aprendiz em matéria de caça, nem sequer compreende o contexto do caçarreta, confundindo o termo com caçador pobre, evoluindo em seguida para lucubrações sem pés nem cabeça. Cola a seguir umas frases do programa antídoto, esquecendo-se de referir que no final do texto que sacou da net se informa que algumas associações de caçadores já aderiram ao mesmo.
Mas é pena haver ainda tantas pessoas como o José, pois a vossa actuação faz regredir a coisa, acicatando os caçarretas e fazendo recuar os caçadores que se iniciam no bom caminho, por receio dos vossos fundamentalismos. Muito trabalho você e o seu clube dão àqueles que tentam fazer algo de útil. Olhe...passe bem, mas de preferência abstenha-se de escrever sobre caça, a natureza agradece, nomeadamente as espécies que pretende proteger.
Caro Spwam, conte bem os cartuchos que apanha do chão quando vai aos tordos. Desculpe mas não acredito na sua média. É simplesmente impossivel. Provavelmente exagerou de propósito para fazer crer aos anti-caça que se abatem poucas aves migradoras, o que infelizmente não é verdade. Mas esqueceu-se do saturnismo...
Caro Josérui, pessoalmente não acho incompativel as áreas de conservação especial e o exercicio da caça, mas não pode ser nos moldes que se faz cá em Portugal.
Passo a explicar a caça em zonas de protecção especial só deveria ser autorizada a um número muito limitado de caçadores por ano, e estes só poderiam caçar acompanhados de vigilantes da zona protegida e seriam estes últimos a indicar o que poderiam caçar em que condições e em que zonas.
Alias como se passa por exemplo com os nossos vizinhos aqui ao lado, mas estas situações aplicam-se mais a caça grossa.
Claro que estas actividades deveriam ser taxadas e as verbas seriam integralmente conduzidas para o financiamento das actividades da zona de conservação especial.
Quantos ao número de caçadores que saberiam destinguir uma água imperial, era capaz de ficar admirado, poderiam eventualmente ficar indecisos se seria uma água real. Mas de qualquer forma todos os caçadores sabem que é proibido abater qualquer tipo de ave de rapina pelo quem abate uma faz-lo de perfeita consciencia que está a abater uma espécie protegida e como tal não passa de um criminoso.
Mas não fique a pensar que é só retórica,à dois anos na nossa zona de caça apareceu um grifo juvenil, bastante debilidado com fome e cheio de parasitas,andava desorientado pois não estava na sua zona, demos-nos ao trabalho de o caturar e posteriormente avisar a GNR que contactou os serviços do Parque Natural da Serrada Estrela, que o vieram recolher.
Caro Jaime Pinto infelizmente para as minhas finanças a minha pontaria é mesmo má, por exemplo este ano no dia de mais tordos disparei 150 cartuchos e como resultado 8 tordos :( cada tordo saiu-me a 5,25€. Claro que já tive dias melhores com taxas de pontaria a aproximarem-se dos 15% mas não são frequentes!
(esta baixa taxa deve-se em grande medida da que o meu olho predominante ser o esquerdo e eu ser destro e usar uma arma para destros, além de ainda não dominar a técnica de descontos no tiro correctamente, portanto não sou completamente inconsciente ;) )
É verdade que se matam muitos tordos (e muitas vezes mais do que o desejavel) e continuo sem ver praticamente trabalho de fiscalização e nesses dias é tão facil de realizar.
Quando levantei a questão da eficácia nos abates foi para mostrar que os caçadores estão muito longe de conseguir matar toda a caça que lhes salta á frente(que é a imagem que alguns caçadores gabrola passam, e que alguns conservacionistas ficam).
Senão os artigos acerca de como melhora a pontaria e como se devem realizar os descontros nos tiros não seriam assunto recorrente nas revistas de caça. Ninguém se preocupa em debater esse assunto se mesmo o pior caçador tivesse uma taxa de acerto acima de 40%.
Devia ter ignorado este da primeira vez. Pelo menos dei-lhe oportunidade de me chamar fundamentalista e de iniciar a "fundamental" análise de carácter. E ainda quer mandar naquilo sobre que escrevo ou deixo de escrever. Que eu saiba, controlam o terreno, mas ainda não controlam a opinião.
E como tem dificuldades ao nível da interpretação dos textos, vou só esclarecer que me refiro aos caçadores de forma genérica. São os 300.000 e os furtivos. Enfim, esse grande universo que tanto tem feito pela biodiversidade. Não me referi a nenhum em particular e se este senhor diz aqui que não abate, nem contribui em nada para abater predadores, não tenho nenhum motivo para duvidar. O que não pode é negar que faz parte do universo.
Claro que são pessoas como eu que destroem a natureza. Como no Padrinho III, caçadores que queriam entrar no bom caminho (até julgava que isso era um oximoro) que por causa do José "recuam". Ao Michael Corleone aconteceu-lhe o mesmo: Just when I thought I was out... they pull me back in.
Fui consultar os arquivos do Ambio e também fiquei esclarecido. Nem uma vez a caça aparece como um problema para a conservação. Uma referência tímida no Avaliação para Portugal do Millennium Ecosystem Assessment: "agravou-se o nível de sobre-caça e sobre-pesca". Esclarecido. Está bem assim. Conserve-se. -- JRF
Caro Spawm, os caçadores em Portugal deviam ser todos como o senhor. Se bem que é um grande poluidor. Pouco do seu chumbo recolhe. :)
Admira-me essa capacidade de identificação de espécies protegidas. Pensam que as lebres são carnívoras, mas de passarada percebem. Ok.
Isso que diz dos vigilantes é lirismo. A única solução na minha opinião é o civismo. Mas, nesse campo, mais uma vez, vou ali é já volto. -- JRF
caro jose rui se a fiscalização é lirismo não sei que fazem a todo o dinheiro das licenças que o Estado recebe todos os anos.
Se forem 300.000 como diz, todos os anos só em licença (e se fossem todas regionais mais baratas) dá a módica quantia de 9.000.000 € isto sem falar no IVA da armas vendidas e respectivas munições.
Se por cada problema que o Estado não consegue fiscalizar convenientemente, se proibisse a actividade, já neste momento andavamos todos a pé.
Quanto ao mito da lebre carnivora, é um mito que tem alguma lógica, mas apenas para pessoas que passam algum tempo no campo, principalmente durante as madrugadas após o nascer dos sol nos dias de fortes geadas, pois só essas pessoas podem observar o fenomeno que originou esse mito.
Nesses dias algumas lebres para se abrigarem do frio usam os corpos de animais mortos para se protegerem no seu interior, e as pessoas ao se aproximarem do cadaver viam a lebre a fugir do mesmo, intuiam que a mesma se estava a alimentar mesmo.
Trata-se de um mito com origem em observações incompletas. Por isso costumo ser por regra contrario a afirmações perentórias e definitivas sobre o quer que seja, porque normalmente no meio é que está a virtude.
Só tenho pena que existam estas visões extremistas e radicais destes temas, porque acho que todos podiamos beneficiar mutuamente se houve colaboração. Já por algumas vezes falei com alguns caçadores que seria interessante haver mais ligação aos conservacionistas e ambientalistas, para melhorar a gestão praticada nas zonas de caça principalemente na ajuda que estes poderiam dar na elaboração de metodologias relativas a censos e aconselhamento de densiadades aconselhaveis para cada especie, e assim evitar a sobre caça.
Além de que poderia ser uma actividade interessante para as associoações e os grupos amantes da natureza organizarem excursões fora das épocas de caça recorrendo aos conhecimentos dos caçadores do terreno.
Mas para isso era presciso que não existice desconfiança de parte a parte.
Caro Spawm há um equívoco -- tem que me ler no seu próprio contexto, senão nunca mais daqui saímos.
Eu referi-me à fiscalização no contexto que a descreveu. De caça em áreas de protecção especial e quase um fiscal por caçador.
Porque a minha tese nem é essa. Nessas zonas não devia existir caça. Mas hoje isso não é possível, porque os caçadores é que mandam. O Estado ausentou-se para parte incerta e quando aparece é só para chatear.
300.000, mas metade não pagaram em 2009. Ou deu-lhes para a conservação ou deu-lhes a crise. Que acha? :)
Também não sou adepto da tese que os impostos devem ser gastos com quem os paga. Isso é o que querem as associações de caçadores. Eu quando pago impostos apenas gostava que fossem bem gastos (mais depressa acaba a caça em zonas protegidas). Mas sei que podem ser gastos na minha zona ou noutra; com quem mais precisa por exemplo. Mas o Estado é um poço sem fundo, a biodiversidade bem pode esperar.
Note que eu não sou conservacionista. Os conservacionistas, pela amostra, consideram os resultados da caça para a biodiversidade "muito positivos". Eu não, mas pelos vistos sou um gaulês, cercado de romanos por todos os lados. Não é possível eu entender-me com caçadores que consideram que é tudo deles. Isso é óbvio.
E na minha opinião esse é o principal problema. Os caçadores têm direito ao país todo e não abdicam de um metro quadrado de terreno. Nunca. Principalmente do que não é deles, porque o resto está assegurado. Quando houve os grandes incêndios, nem face às condições excepcionais quiseram interromper a caça. E chamo-lhe a atenção para os números das populações que os conservacionistas residentes e satisfeitos têm acenado: dezenas de indivíduos. "Em franca recuperação". -- JRF
Joserui, nesse caso aconselho que releia bem o que eu escrevi.
Eu disse que o número de caçadores seria bastante limitado, esse limite seria como é lógico condicionado com o número de vigilantes disponiveis (seria mais facil de aplicar à caça grossa de aproximação por exemplo).
Quanto a gastar todo o dinheiro não caça eu nem peço tanto, mas podiam gastar algum em fiscalização podiam. Porque neste momento parece que já nem gastam é nada.
O terreno não está todo sobe o jugo dos caçadores como quer fazer crer, qualquer grupo de cidadãos pode criar Zonas de Não Caça, a Lei da Caça permite-o, tem é de seguir os mesmo procedimentos e burrocracias que se passam para criar Zonas de Caça. É pesciso investir tempo e dinheiro !
Porque depois de formar uma zona dessas (Não Caça) prepare-se para pagar as indeminizações causadas pelas especies cinegéticas aos agricultores,dinheiro em marcações de limites da mesma, e as taxas anuais de exploração pela manutenção dessa Zona de Não Caça ao Estado, como acontece nas Zonas de Caça.
Como digo as ferramentas legais já existem é só mexer-se e gastar algum tempo e dinheiro.
José Rui e Mário,
Relativamente às insistentes confusões que fazem entre crimes e actividade cinegética, vida de indivíduos e conservação de uma população, lamento muito mas para esse peditório já dei.
Amanhã, se tiver oportunidade, publicarei um post sobre actividade cinegética e conservação. Seguramente nada de novo, para quem tiver acompanhado esta conversa e continue sem o mínimo de vontade de vencer os seus preconceitos.
Gonçalo Rosa
Caro José Rui,
A diferença de opiniões é saudável (a diversidade torna-nos mais resilientes quando existe também nas nossas cabeças, não apenas nas espécies) mas a deturpação de argumentos de quem pensa de maneira diferente é desagradável e escusada.
Algures diz o José Rui que há quem defenda que a conservação tem de incluir caça. Que eu tenha visto ninguém usou este argumento. O que tenho dito é que a caça é um instrumento de conservação.
Como todos os instrumentos pode ser bem ou mal usado e para ter efeitos positivos tem de ser usado em algumas circunstâncias (a diferença entre o veneno e o remédio de maneira geral está apenas na dose).
Repare que inclusivamente eu disse que é perfeitamente admissível que pro razões de conservação se proíba a caça (existem, ao contrário do que diz, milhares de hectares nestas circunstâncias em Portugal, que em áreas protegidas totalmente interditas, quer zonas de caça que incluem largas áreas de não caça, dentro e fora de áreas protegidas). E disse que se podem obter os mesmos resultados que se obtêm caçando.
O meu argumento é o de que isso exige recursos exógenos à economia do território e esse tipo de situação é bastante mais instável e tem um alcance bastante mais limitado que a intergação económica.
É também desagradável vê-lo sistematicamente transformar o argumento "a morte de um indivíduo de águia imperial não é um problema de conservação de primeira grandeza" no argumentos "não há problema nenhum em se ter morto um indivíduo de águia imperial".
Por fim, e esta é uma questão de outro tipo, é estranho para mim perceber o seu argumento (e já agora, do Mário) contra a caça fazendo sistemtaticamente apelo a exemplos de comportamentos ilegais e ao mesmo tempo achar que o assunto se resolve com mais regulamentação e proibição.
Sejamos claros: onde a fiscalização falha, não há boas nem más regulamentações.
O que muitos dos exemplos aqui trazidos demonstram é que o Estado falha em cumprir a sua função primordial de repremir a fuga à lei, não é o de que actividade em si é prejudicial.
O vosso argumento é o mesmo que dizer que o melhor é acabar com a actividade bancária porque passa a vida a haver fraudes no sector.
Não faz sentido.
henrique pereira dos santos
Caro Spawm, eu percebi o que escreveu. Não entendo porque não dá apenas mais um passo para concluir que a caça é prejudicial às espécies que se pretende proteger, as populações são diminutas e sensíveis, e de facto, em vez desses poucos caçadores que defende, o melhor seria nenhum nessas zonas. Mesmo ao nível do comentário, custa-lhe abdicar de um metro quadrado de terreno para si ou os seus confrades.
Quanto à não-caça se calhar já não vou me debruçar. Mas debruço-me num instante sobre a caça. Segundo o Artigo 53º.:
1 - Constituem áreas de protecção os locais seguintes:
a) Praias de banho, terrenos adjacentes a estabelecimentos de ensino, hospitalares, prisionais ou tutelares
de menores, científicos, lares de idosos, instalações militares ou de forças de segurança,
estabelecimentos de protecção à infância, estações radioeléctricas, faróis, portos marítimos e fluviais,
aeroportos, instalações turísticas, parques de campismo e desportivos, instalações industriais e de
criação animal, bem como quaisquer terrenos que os circundem, numa faixa de protecção de 500 m;
b) Povoados numa faixa de protecção de 250 m;
c) As estradas nacionais (EN), os itinerários principais (IP), os itinerários complementares (IC), as auto-
estradas, as estradas regionais das Regiões Autónomas (ER) e as linhas de caminho de ferro numa
faixa de protecção de 100 m;
d) Os aeródromos, os cemitérios, as estradas regionais (ER) e as estradas municipais;
e) Os terrenos ocupados com culturas florícolas e hortícolas, desde a sementeira ou plantação até ao
termo das colheitas, e os terrenos ocupados com viveiros;
f) Os terrenos com culturas frutícolas, com excepção dos olivais, desde o abrolhar até ao termo das
colheitas;
g) Os aparcamentos de gado nas condições definidas em portaria do Ministro da Agricultura,
Desenvolvimento Rural e Pescas;
h) Os apiários e pombais, bem como quaisquer terrenos que os circundem, numa faixa de protecção de
100 m;
i) Os terrenos situados em zonas militares ou de forças de segurança, terrenos de estabelecimentos de
ensino, hospitalares, prisionais ou tutelares de menores, de lares de idosos e os terrenos onde
decorram acções de investigação ou experimentação que possam ser prejudicadas pelo livre exercício
da caça, situados para além do âmbito previsto na alínea a);
j) Os olivais e os pomares e vinhas com instalação de rega gota a gota e por microaspersão;
l) Os terrenos ocupados com culturas arvenses e os ocupados com sementeiras ou plantações de espécies
florestais com altura média inferior a 80 cm;
m) Os terrenos situados entre o nível de água das albufeiras e o nível de pleno armazenamento (NPA),
com excepção das situações previstas nos n.os 2,3e4do artigo 9.o, sempre que as albufeiras não
possuam planos de ordenamento (POA).
Com certeza conhece bem a paisagem portuguesa. Bastava este artigo ser minimamente cumprido para acalmar a maior parte das minhas dúvidas relativamente à caça. E repare que as distâncias, para segurança, nem são exageradas, são pequenas. Bastava conhecer esta lei e haver o mínimo de civismo e muitas zonas deixavam de ter caça. Muitos terrenos particulares seriam respeitados.
Esta notícia é antiga, isto hoje já não acontece (JN).
Caro Henrique Pereira dos Santos, se distorci os seus argumentos peço desculpa porque não era essa a minha intenção.
Por falar nisso, onde foi que eu defendi o fim da actividade? Em lado nenhum, correcto?
Eu não o vejo é responder a nada. É sempre tão argumentativo.
Relativamente à águia-imperial, lamento muito, mas vou falar dela as vezes que forem necessárias. Mas agora infelizmente não tenho tempo. -- JRF
joserui diga-me lá o que é que o abate de um veado por exemplo numa zona de protecção especial, prejudica a protecção dessa zona? Sendo que o veado não é uma espécie protegida? E não me venha com o argumento do caçador troglotida que dispara a tudo o que mexe incluindo borboletas! Estamos a partir do principio que vai acompanhado por um vigilante/guarda.
Não confunda os limites das zonas de caça que são limites genéricos entre zonas de caça( ou não) contíguos, e as zonas depois no interior dentro desses limites onde é proibido caçar segundo o que está no artigo que transcreveu.
Ou seja o que as placas delimitam é o limite total e exterior, as zonas onde é proibido depois caçar no interior, estão regidos por esse artigo e outros, dependendo do tipo de caça que está a praticar.
Essas zonas de proibição são e têm de ser efectivamente cumpridos, pois caso contrário que o caçador que infringir corre o risco de ser multado e em alguns casos ser presente a tribunal, e incorrer noutro tipo de sanções. Alias o conhecimento de todos esses limites faz parte do conhecimentos avaliados quando se tira a carta de caçador.
Meus caros
Quanto à frase "já dei para esse peditório" será muito interessante para um fim de merenda,quando as pessoas já estão predispostas a rirem de si mesmas.Esse,e outros que tais,não acrescentam mesmo nada.
Tenho muita pena de falar nas transgressões.Era melhor não poder falar por não existirem.
Mas não são só transgressões dos caçadores.São dos organismos que intervem na caça.
Conheço várias situações de zonas de caça concessionadas onde,comprovadamente por relatórios do SEPNA e pelos funcionários da agora AFN,não há "terrenos cinegéticos".
Elas lá continuam na mesma e,lá contunuam a caçar na mesma.
Algumas são situações com muitos anos.
Que os caçadores não pretendam que se mude a lei,isso compreendo,serve-lhes tão bem.Faz-se tudo e ninguém é punido.
Penso mesmo que não estamos a falar do mesmo país ou,pelo menos, da mesma região.
Como nos dizia um Guarda Florestal,agora integrado na GNR,isso não pode ser,se fossem a cumprir tudo não têem onde caçar.
Continuo a falar do PNSE/REDE NATURA 2000.
Fico a aguardar o prometido post do Henrique.
Já agora,se faz favor,com argumentos substantivos que demonstrem os benefícios na biodiversidade.
Por aqui,para fazer avaliações,fazemos um levantamento rigoroso antes e,outro levantamento,não menos rigoroso,depois.Sempre apoiados por quem saiba mais do que nós.
Saudações cordiais,
mário
diga-me lá o que é que o abate de um veado por exemplo numa zona de protecção especial, prejudica a protecção dessa zona
Custa mesmo abdicar dos "direitos adquiridos". Como lhe digo, pessoalmente não vejo a solução de vigilantes de proximidade como credível. Mas tenho que reconhecer que uma zona de protecção especial, sem vigilância, neste país é o mesmo que nada. Não há civismo, nem há respeito nenhum pelos valores naturais.
Vejamos, já se falou do chumbo. A actividade humana, pode ser a diferença entre os ovos de um ninho vingarem ou não. Actividade humana que involva tiroteio, pior (mas se fosse passeios de jipe, era igual). Ou com um azar fortuito e lá se vai um macho. Julgo que já se apercebeu que chegamos a um ponto que se fala de poucas dezenas de exemplares a proteger. -- JRF
Olhe Joserui a vigilância/guia de proximidade é tão credível que funciona noutros países.
Mas não me respondeu à minha simples questão objectiva e curta.
Justifique-me no caso concreto de abate um veado numa zona de protecção especial, o que é que este acto trás de prejuízo para a zona de protecção especial. Consubstancie. Responder com generalizações não trás nada de novo.
Mas não me respondeu à minha simples questão objectiva e curta.
É geral, mas sabe uma coisa? Eu acho que respondi.
Quanto aos outros países, depende do país. Há muitos países onde eu vejo muitas coisas que não se vêem cá. Ou se quiser, vejo muitas coisas cá, que não vejo em mais lado nenhum. -- JRF
Caros,
Tenho tido sempre algum cuidado na formulação de opiniões peremptórias sobre a caça em Portugal. Basicamente, andei demasiado no campo nos meus tempos de juventude para ver que nem tudo são rosas na gestão de áreas cinegéticas e que muitos gestores de caça ainda vêm as suas áreas com uma espécie de supermercados de espécies cinegéticas e não ecossistemas onde coexistem espécies cinegéticas e outras que delas se alimentam. Dito isto, creio que esta conversa não progride se misturarmos a prática e a teoria. Isto é, se usamos exemplos de má gestão (que existem) como se fossem a demonstração inequívoca que a actividade cinegética não pode ser uma aliada da conservação. Primeiro porque não existe evidência de que o computo global entre a má gestão e a boa gestão cinegética em Portugal esteja a dar resultados globalmente negativos. Ainda que desconheça análises objectivas sobre este fenómeno (o que não quer dizer que não existam) tudo indica que muitas espécies silvestres estejam em recuperação e se é verdade que tal se pode explicar por outros factores, entre os quais o abandono rural que, ao contrário do que muita gente diz, traz vantagens para a conservação de alguma biodiversidade, também é verdade que não se consegue encontrar um "footprint" negativo forte por parte da caça (nos anos 70 esse "footprint" existia) na conservação das espécies silvestres. Segundo, porque é óbvio que a actividade cinegética, quando bem gerida, pode trazer vantagens para a conservação ao criar uma "constituency" que a defende (por motivos pouco altruístas, é certo) e porque ao criar um mercado que depende da saúde dos ecossistemas está a induzir boas práticas na gestão do território numa óptica de biodiversidade. África é um exemplo paradigmático de como as áreas de caça se podem entrelaçar com áreas de conservação numa perspectiva "win-win". Mas se formos a Espanha veremos que muitas áreas que se salvaram da voragem desenvolvimentista da era democrática o fizeram porque se encontravam em coutos privados de caça da nobreza e da alta burguesia Espanhola o que demonstra que o problema não é a caça em si mas o excesso de extracção de recursos que acontece quando estes são encarados como um bem passível de exploração comum (os famosos "commons"). Portanto e se me permitem a questão que vale a pena colocar não é se a caça pode ser uma aliada da conservação (existem suficientes exemplos que demonstram que assim é) mas que motivos poderão estar na base dos casos em que a caça não se comporta como aliada da conservação e o que é necessário fazer para garantir que tal aconteça? Esta parece-me uma discussão mais produtiva.
Quanto à gestão e não gestão, apenas acrescentar que o estabelecimento de zonas de não gestão, mesmo em áreas de >100.000 ha pode implicar momentos de gestão intensiva. A ideia da não estão é substituir o ser humano como gestor do território pelos herbívoros que moldam a vegetação e predadores que os controlam e condicionam o comportamento (desta forma criando mosaicos diferenciados e afectados pela psicologia entre predador e presa). Até que estas comunidades não estejam instaladas é normal que as ditas áreas de não gestão tenham uma intervenção humana correctora e aceleradora de processos naturais desejáveis. Ora esta concepção de não estão evita algumas das alegadas contradições (p.e., o controlo do fogo) sugeridas pelo Henrique no post.
Caro Miguel Araújo, concordo 100/100 com o seu raciocínio. Aliás, concordo em 200/100, pois adiantei-me, nesta discussão, a casos concretos em que a caça não é aliada da conservação. Como exemplos, entre outros, dei as actuais montarias/romarias, copiadas sem nexo de Espanha. 200 cães de mau génio enfiados em manchas de mato cercadas por caçadores não dão saúde aos ecossistemas, muito menos a toda a bicharada que os cães conseguem abocar. Ou a caça a algumas espécies migradoras, como a galinhola ou a rola-comum, que deveriam ter um estatuto especial (reduzir o seu período venatório, por ex), dado as suas populações estarem constantemente a diminuir ao longo dos anos.
Mas é difícil discutir-se seriamente estas questões quando constantemente se é bombardeado com intervenções a vomitar ódios. Chateiam, chateiam, e acabamos por nos perder das questões importantes. Nem com o facto de estarem constantemente a alvejar o próprio pé se calam. É triste.
Caro Miguel B. Araújo, concordo com muito. O seu comentário devia ser post. Assim está aqui perdido. Gostava de responder a alguns pontos mais tarde. -- JRF
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