segunda-feira, dezembro 27, 2010

Ainda o IVA para uma alimentação sustentável (II)

Descobri agora que o açucar e o chocolate têm 21% de IVA e o leite 5%. Mas o leite com chocolate tem apenas 5% de IVA, o que quer dizer que comprar leite achocolatado paga menos impostos que comprar leite simples, açucar e chocolate, e fazer o dito leite com chocolate em casa.
Neste post, em que me perguntava a mim próprio por que razão tremoços e azeitonas pagavam 13% de IVA, Luís Lavoura explicava que pareceria que era por serem alimentos transformados.
Ora verifiquei que um chá de tília em pacotinhos, a coisa mais processada que existe e com resíduos que nunca mais acabam (para já não falar de toda a espécie de iogurtes, do mais elaborado e processado que existe) paga apenas 5% de IVA.
Para além desta paranóia de protecção ao leite, seja sob que forma for, parece-me que há muito mais coisas consideradas essenciais, por razões que ninguém consegue explicar.
Enquanto tremoços e azeitonas são assim uma coisa entre o essencial e o luxo.
Gostava de um dia poder discutir a sustentabilidade destas ideias absurdas com quem decide sobre o assunto.
henrique pereira dos santos

6 comentários:

Luís Lavoura disse...

Os iogurtes são um caso particular de uma absurda proteção a TODOS os laticínios, que faz com que todos eles, incluindo os processados, incluindo os pouco saudáveis, paguem IVA mínimo.

Não sei se isto é uma ideia do governo português ou uma imposição da União Europeia - a qual, como se sabe, tem uma tara por leite, queijo e manteiga.

Os produtos processados em geral têm IVA médio. Isto é verdade também para salsichas ou outros enchidos, por exemplo. Ou para chucrute, picles e outras conservas de vegetais.

Nuno disse...

O contexto de um debate parece uma forma excelente de fazer emergir mais consciência sobre o assunto, são muito interessantes a série de posts sobre o tema e as discussões nos comentários.

Como escreveu noutras ocasiões era interessante ter um@ nutricionista presente para cruzar a questão ambiental com a nutricional.
Conheço uma nutricionista, consultora e autora de livros sobre o tema, que poderá estar interessada em participar num debate.

Há disponibilidade para se organizar algo?
Que representante governamental/ da área da economia seria desejável ou possível ter para discutir o assunto?
Também é possível eu ajudar a coordenar uma localização, pelo menos nos distritos de Porto ou Braga.

Cumprimentos

Nuno Oliveira

Nuno disse...

.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Sim, claro. Eu próprio vou tentando...

Nuno disse...

Fico contente em sabê-lo, se o Henrique puder avançar avançar com um fiscalista ou pedido de um porta-voz das Finanças que se disponibilize a expôr o assunto posso pô-lo em contacto com a Nutricionista e associações interessadas em acolher o debate, em que, se tivesse disponibilidade, comunicaria as suas questões pelo lado do Ambiente.

Posso perguntar mas não tenho contactos neste campo.

Anónimo disse...

Eu tenho para mim que é uma opção meramente politica: quem é que se atreve a tirar da boca das criancinhas o seu leitinho achocolatado e os seus iogurtes que, como toda a gente sabe, equivale absolutamente a tirar-lhes o pão da boca? Que isso depois dê imenso jeito à industria dos lacticinios é inegavel. Mas eu penso que à partida temos o excelente truque de marketing que convenceu praticamente todas as desveladas mães portuguesas que, para que os seus filhos cresçam fortes e saudaveis, têm de comer todo e qualquer produto lacteo que inventem, quanto mais processado, açucarado, e outras coisas mais terminadas em ado, melhor.

IsabelPS