segunda-feira, setembro 26, 2011

Importância de congregar dados



O conhecimento da distribuição de qualquer espécie, comunidades ou grupo faunístico, requer uma congregação de dados e as plataformas de recolhas de dados (tralhas!, como carinhosamente são chamadas por um amigo meu) são uma óptima ferramenta para atingir esse objectivo.
Como sou muito pragmático, aqui deixo um exemplo muito concreto.
Tomemos como objectivo saber qual é a diversidade de morcegos referenciada na quadrícula UTM NF97 dos últimos três anos.
Dados de capturas (base de dados de Paulo Barros): 11 espécies (Myotis myotis, Myotis blythii, Myotis nattereri, Myotis daubentonii, Pipistrellus pipistrellus, Pipistrellus pygmaeus, Nyctalus leisleri, Eptesicus serotinus, Barbastella barbastellus, Plecotus austriacus e Miniopterus schreibersii).
Monitorização de abrigo (plano de monitorização do Parque eólico do Outeiro): 3 espécie Rhinolophus ferrumequinum, Rhinolophus hipposideros e Rhinolophus euryale.
Monitorização de mortalidade (plano de monitorização do Parque eólico do Outeiro): 3 espécies (Pipistrellus kuhlii, Hypsugo savii e Tadarida teniotis).
Monitorização de abrigo (plano de monitorização do Parque eólico de penedo Ruivo): uma espécie (Plecotus auritus).
Artigos científicos (Bráz et al., 2009): uma espécie (Myotis bechsteinii).
A congregação destes dados resulta na confirmação de 19 espécies de morcegos (76% da espécies dadas para Portugal Continental) para esta quadrícula, muito mais significativo de quaisquer dados individuais.
Nota adicional: Tendo em conta a mobilidade deste grupo faunístico, e se a este dados, adicionarmos as referências de Myotis mystacinus e Myotis emarginatus (Base de dados de Paulo Barros) que estão confirmados a menos de 1km da quadrícula e Nyctalus noctula/lasiopterus (plano de monitorização do PE da Serra do Alvão) a menos de 2km da quadrícula, obtemos uma diversidade potencial de 22 espécies, excluindo as duas espécies (Eptesicus isabellinus e Rhinolophus mehelyi) que muito provavelmente não se encontram no Norte de Portugal, obtemos uma diversidade efectiva de 82% e uma diversidade potencial de 95% para esta quadrícula.
Este é um exercício que as plataformas podem fazer automaticamente, sem ter que as pessoas individuais a rebuscar na sua memória (ou cadernos de campo para quem os utiliza) os dados.

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