Lowlander nos comentários a este post diz isso porque respondi a um anónimo qualquer que as praias do Golfo do México estão bem e recomendam-se, em 99% dos casos.
Vejamos um desenho de escola primária feito por mim mas cujos detalhes podem ser vistos aqui.
Se aumentarem verão um risco encarnado lá para o Norte do Golfo do México que mais ou menos define a área afectada pelo derrame na costa do Golfo. Desse risco mais de 90% é uma afectação leve e desenhei umas bolas verdes (muito exageradas) que identificam as áreas mais afectadas (sobretudo as ilhas, um ponto ou outro na linha de costa).
Acho que é justo perguntar: afinal quem é demagogo? Os que passam o tempo a dizer que as praias todas do golfo estão afectadas ou eu?
Adenda: quem quiser de facto ter informação tem aqui muito com que se entreter.
henrique pereira dos santos
13 comentários:
Voce Henrique, voce.
Porque gosta muito de inventar espantalhos para depois poder contra-argumentar.
Faca os mapas que quiser, olhe, porque e que se fica pelo Golfo e nao inclui todo o Oceano Atlantico (ou mesmo o Indico e Pacifico...) para depois exclamar triunfalmente que nao foram afectados?
Há um equívoco da sua parte. Eu desenhei lá (e nos links dei toda a informação) as afectações.
Estava apenas a responder a um idiota qualquer que me mandou ir dar um mergulho no Golfo do México sugerindo com isso que as praias do golfo estão todas estoiradas. Esse exagero pelos vistos a si não lhe faz confusão.
A mim faz. Por isso (e porque sei a ignorância que temos da geografia dos Estados Unidos, até porque só fiquei a saber que o Texas era um estado costeiro quando uma das minhas filhas foi para lá estudar, até aí sempre pensei que o Texas era no interior) corrigi o exagero.
Em lado nenhum encontra uma afirmação minha a dizer que esses 1% de afectação da costa não são importantes.
São, com certeza, mas são o que são, não são os outros 99%.
Já agora, no link da adenda pode ver a área de interdição da pesca que é brutal. Assim se percebe mais facilmente por que razão o balanço global pode ser mais positivo que negativo para os valores naturais (não evidentemente para o sector da pesca)
henrique pereira dos santos
Este derrame não pode ser encarado isoladamente; é mais um desastre numa zona já de si com problemas que cheguem:
«The Gulf of Mexico dead zone is one of the largest in the world»
Além disso, não me parece que a referência correcta a ter em conta seja toda a área do Golfo do México, mas sim a zona costeira que, julgo, será onde existe maior concentração de vida.
José,
É mesmo olhando para a linha de costa afectada que é uma patetice dizer que as praias do golfe estão todas (ou em grande parte) afectadas.
Quanto à dead zone nem percebi o que tem ela com isto. Agradeço a referência, com bastante informação interessante, mas não tira nem põe para a discussão.
Volto a esclarecer: eu não estou a negar a importância do derrame e dos seus efeitos, estou simplesmente a dar-lhe a dimensão que tem. Nem maior, nem menor.
henrique pereira dos santos
Gulf Oil Spill Could Widen, Worsen 'Dead Zone'
"The nation's worst oil spill could worsen and expand the oxygen-starved region of the Gulf labeled "the dead zone" for its inhospitability to marine life"
José,
Mais uma referência ao que pode vir a acontecer (mas não ao que se verifica que de facto aconteceu).
Os ambientalistas adoram quase notícias.
henrique pereira dos santos
O que isto significa é que perante o desconhecido, em que os riscos podem ser acrescidos, o cuidado deveria ser maior do que o que a BP revelou. Se os ambientalistas são investigadores credenciados, não me parece que possamos descartar facilmente estes alertas.
Não se trata de descartar alertas, trata-se de não confundir alertas com factos.
henrique pereira dos santos
Parece-me que de facto já engoliu uns pirolitos, e que isso lhe está a afectar a capacidade argumentativa.
O idiota não sugeriu que as praias do Golfo do México estão todas emporcalhadas. O EV também não sujou o Alasca todo, e não me consta que na esmagadora maioria das vezes em que se fala disso, as pessoas tenham o cuidado de precisar que parte da costa do Alasca é que ficou suja! Você é que declarou que o derrame é uma coisa menos grave, porque é menor do que algumas pessoas sugeriram! O texto é seu! Essa técnica de desinformação é velha: exagerar, depois da porcaria acontecer, para depois dizer que afinal a coisa não é tão má como parecia... Aliás, para além da BP e eventualmente das outras duas empresas envolvidas neste desastre, ninguém sabe a verdadeira dimensão do derrame. E nem vão saber: porque o valor das indemnizações é função desse número!
Por último uma nota sobre boa educação. Não somos obrigados a concordar um com o outro, e não temos de ser simpáticos um com o outro, especialmente quando discordamos. Mas é suposto sermos educados. O termo «idiota» é completamente despropositado. É que ainda por cima, o seu curriculum académico em matérias da física, relevantes para a análise dos efeitos do derrame, não vale nada ao pé do meu.
Tenho todo o gosto em falar de boa educação consigo desde o momento em que reconheça que para manifestar a sua discordância com o que eu digo não precisa de insinuar que o que digo resulta do dinheiro que a BP paga seja a quem for. E reconhecendo isso peça desculpa pelo seu excesso.
Até esse momento sinto-me perfeitamente à vontade para achar que uma pessoa anónima que não usa um único argumento de substância para contestar o que digo mas ao mesmo tempo contrapõe o seu anónimo curriculum em física à minhamais que assumida falta de curriculum em física (mesmo que eu não perceba o que tem um curriculum em física de relevante para avaliar efeitos em sistemas biológicos) para dizer que tem razão é verdadeiramente um idiota.
Mas como a questão não é discutir as idiossincrasias de cada um, deixemos isso de lado e vamos à discussão de substância: este derrame tem vai ter que efeitos nos sistemas biológicos afectados, em que prazos e, cerca de três meses depois, detectados onde e com que métodos?
henrique pereira dos santos
Como produtos duma cultura judaica-cristã ignoremos então o resto, e vamos colocar o início na pergunta com que terminou.
A minha resposta: é não sei.
Só conheço alguns factos incontornáveis:
1. não é preciso esperar 3 meses para determinar que aves, peixes, répteis e mamíferos, já morreram e foram afectados - nos organismos de menor dimensão ninguém tem ideia do impacte do derrame, idem para as algas,
2. não preciso esperar 3 meses para avançar com estimativas da mortandade e o impacto que ela causou nalgumas colónias,
3. não é preciso esperar 3 meses para fixar um minorante para a área afectada,
4. não sabemos como a pluma de crude se dispersou e irá dispersar - não há estudos nessa matéria, derrames desta dimensão só à superfície ,
5. a adensar a incerteza ao ponto anterior, desconhece-se o caudal do derrame,
6, não sabemos as consequências das medidas de contenção do crude, e o impacte que esses produtos, e as misturas que originaram, vão ter,
7. com equipas de investigação no terreno não será preciso esperar 3 meses para se perceber que sistemas biológicos foram afectados, mas tenho muitas dúvidas que mesmo daqui a alguns anos alguém esteja em posição de lhe explicar quanto foram afectados.
8. a monitorização que tem sido feita da área afectada no Alasca pelo EV, dará pistas sobre o que se pode esperar nos próximos anos, e acima de tudo orientação para os primeiros estudos a realizar,
Restam-me – e julgo que por uma vez (!) estaremos de acordo – dois fracos consolos:
A - nas terras do Tio Sam é habitual fazer-se boa investigação,
B - as autoridades, os grupos ambientalistas, as vítimas do derrame e, acima de tudo, os advogados, vão estar atentos, e teremos notícias!
Como todos aprenderam com a batalha judicial do EV, antecipo que a vida será muito, mas mesmo muito, difícil para a BP, que à cautela já tem activos de mais de 11,6E9 USD à venda.
Por último repare que tive o cuidado de não lhe perguntar como é que distingue quantitativamente um grande acidente ambiental dum – digamos – menos grande acidente ambiental.
Caro anónimo,
Tiro-lhe o chapéu porque é raro em Portugal partir de onde se partiu e chegar aqui.
Posto isto, repare que aparentemente tudo se reduz, como suspeitava, a uma leitura enviesada do que eu escrevi.
Quem escreveu durante várias semanas sobre o derrame não fui. Pelo contrário, quando em comentários a posts sobre outros assuntos se colocou a questão de saber por que razão neste blog não se falava do assunto assumi eu (aqui cada um pensa pela ssua cabeça) que era porque havia bastante ignorância e pouco de útil a acrescentar por quem sabe pouco sobre o assunto.
A cois foi seguindo e começaram a radicalizar-se as opiniões chamando isto e aquilo à BP.
E fiz uma pergunta muito simples que, até hoje, ninguém respondeu: depois de derrame (não discuto o antes porque evidentemente me falta informação e conhecimento) o que é que a BP fez de errado na gestão do problema. Ou psoto de outra maneira: tirando as questões de comunicação, o que poderia estar a BP a fazer melhor.
É daqui que depois parte do resto da discussão com cenários apolcalípticos sobre o que iria acontecer.
O que se sabe ds outros derrames é que aparentemente os dispersantes são mais prejudiciais que o crude propriamente dito. E que as substâncias do crude mais perigosas são muito voláteis e permanecem no crude muito pouco tempo.
Que morrem bichos ninguém tem dúvidas, que sejam afgectadas espécies é outra discussão (é uma velha questão em conservação, a confusão entre mortalidade de indivíduos e afectação de espécies.
Mesmo assim os números conhecidos são ridiculamente baixos.
Agora considerar este derrame um desastre ambiental maior que o do DDT, o da erosão macissa de algumas áreas do Oeste quando se passou das matas e pradarias para a agricultura, ou a extinção dos bisontes (ou se preferirmos, a profunda transformação das grandes pradarias do Oeste), a mim parece-me temerário, mesmo sem discutir muito o que é um grande e um pequeno desastre ambiental.
henrique pereira dos santos
O que é que a BP fez de errado depois do derrame?
Talvez aqui encontre alguma coisa.
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