domingo, março 10, 2013
O fascinante mundo das cabeças alheias
No Público on-line, onde agora escrevo umas coisas, fiz um texto sobre o facto das más notícias terem prevalência sobre as boas notícias em matéria de conservação. E de como isso pode conduzir ao desvio de recursos de problemas reais para problemas mediáticos (distorcidos pela resistência às boas notícias).
Usei como ilustração o caso do lince por ser o mais evidente deste enviesamento, relacionando a evidente recuperação do lince (e não só) com a recuperação das populações de coelho.
Note-se que no texto faço uma ressalva: "Embora existam referências a uma terceira doença actualmente em progressão nas populações de coelho" que implicitamente diz que a verificar-se um efeito devastador desta doença semelhante às anteriores, naturalmente isso se reflectirá na conservação do lince. Como tenho escrito muitas vezes, aliás, por exemplo, aqui
Pois bem, alguém resolve comentar o texto, num estilo vagamente familiar:
"Caro Henrique deveria consultar-se com quem sabe o que se passa no terreno. Sabe que nestas matérias de bicharada convem consultar quem lida com os temas de perto. Não basta ter boas idéias, ânsia de protagonismo mediático e tempo de antena nos media. Para sua informação surgiu uma nova estirpe de DHV, devastadora, que reduziu recentemente os coelhos a um nível que parecia já não ser possível . Como vê, essas suas fabulações carecem de fundamentação, o lince, esse infelizmente parecer continuar condenado.".
A mim parecer-me-ia perfeitamente razoável a crítica de que o texto não tem suficientemente em destaque a ressalva que fiz. Parecer-me-ia razoável que se dissesse que o texto era demasiado optimista e por aí fora.
O que acho extraordinário é um comentário que diz o mesmo que eu (as flutuações das populações de coelho provocadas pelas doenças são o principal driver da conservação do lince) servir para uma série de comentários pessoais, alguns positivos (que tenho boas ideias), outros assim, assim.
Sempre me fascinará esta forma de discutir, em que os argumentos são absolutamente secundários face à necessidade de dizer e redizer vezes sem conta o que se pensa sobre o interlocutor.
Um assunto que de maneira geral não interessa a muita gente.
henrique pereira dos santos
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2 comentários:
Maior malabarismo musical não podia encontrar o «esquerdista» Henrique Pereira dos Santos ao escolher ouvir o «direitista» Jacques Brel a condenar a banalidade e a apatia dos idiotas deste mundo que reproduzem imbecilmente os lugares-comuns da ideologia dominante:
«Tu n´as commis d´autre péché
Que de distiller chaque jour
L´ennui et la banalité
Quand d´autres distillent l´amour» (J.Brell)
E só mesmo um inveterado propagandista dessas banalidades dominantes pensa que as duas afirmações seguintes querem significar e dizer a mesma coisa:
«É inevitável que o lince deixe de ser considerado uma espécie “criticamente em perigo”, o grau de ameaça mais próximo da extinção, para ser considerada uma espécie “em perigo”,»
Henrique Pereira dos Santos
Versus
«Para sua informação surgiu uma nova estirpe de DHV, devastadora, que reduziu recentemente os coelhos a um nível que parecia já não ser possível . Como vê, essas suas fabulações carecem de fundamentação, o lince, esse infelizmente parecer continuar condenado» ( Anónimo)
Eheheh... Com o Henrique o Ambio é sempre a descer de nível! Onde andam os outros colaboradores / autores do Ambio? Já não escrevem? Será por vergonha alheia? Muito bom!
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